quinta-feira, setembro 30, 2004

Aniversário do Galvez Botequim, hoje

Clique para visitarHá quem diga que ele tem um quê de refúgio intelectual. Nada disso. O Galvez Botequim é um bar. Óbvio? Nem tanto, já que vivemos dias em que um Bar com B maiúsculo chega a ser coisa exótica. Se hoje os pedidos são feitos por palmtops, os telões são os protagonistas e as bandas de jazz-forró-r&b-pop-brega-rock-samba-reggae-acústico não deixam ninguém mais conversar em paz, o Galvez é inovador. Álvaro e Ana poderiam ser chamados de visionários, daqueles que dão o nome de Rex pro cachorro, nessa época de cachorros com nome de ator de cinema ou de remédio pra gastrite. Alguns têm até sobrenome, como o Silvio Paranhos, o saudoso gato do meu amigo Afonso Rodrigues (peraí, o gato pertence ao meu amigo, entendeu?).

Aqui já ouvi as rimas perfeitas do Chico Buarque, já matei as saudades do som dos velhinhos do Buena Vista Social Club e já tive a audácia de ouvir o meu Dark Side of The Moon, do começo ao fim. Aqui Célio Cruz, Lucinha Cabral, Pereira, Gean Sales e tantos outros já interromperam, maravilhosamente, meus papos.

O Galvez não é um genérico arrumadinho. Mas como nossa época teima em dizer que aparência não é tudo, valorizamos também a beleza interior, o espírito, a sustança. E essa beleza vem exatamente da variedade de pessoas, de conversas, de rostos e até de nacionalidades que por aqui se vêem. Nada de chope em ritmo de linha de produção, nada de público-alvo, mesmice, roupas iguais, idades iguais, conversas iguais. Nada de homogeneidade. No Galvez Botequim a diversidade impera. E se você já não se contenta em ser um número num cartão de consumo ou apenas mais um detalhe da decoração de um lugar abarrotado, experimente a diversidade.

Galvez Botequim
Rua Altair Severiano Nunes nº8, Conj. Eldorado
Em frente à praça da UTAM
Fone:6425566.


terça-feira, setembro 28, 2004

Estamos chocados com o quê?!

André Muggiati tocou na ferida que teimamos em esconder com band-aids da cor da pele, e a imprensa nacional dá destaque às mortes das putinhas do Princesa Laura. A prostituição, inclusive a infantil, é coisa nossa, como a caldeirada de tucunaré e o Amazonino Mendes. Estão aí as casas noturnas, os bares, os shoppings e os barcos, sempre floridos de cunhantãs, doidas pra sofrer de um tudo pelos 800 reais dos turistas. A prostituição das adolescentes amazonenses não vem apenas do desespero da pobreza, da falta de perspectivas e da exclusão social, como teimamos, cínicos, em dissimular. Vem de uma cultura banhada em ignorância e escambo, puro e simples. O que farão as sobreviventes, com seus 800 reais? Sair "dessa vida"? Nada, esse holofote já vai apagar, e talvez novas meninas já se amontoem nas casas noturnas depois da divulgação dos valores. Agora é só comprar calças de cintura baixa na Marechal Deodoro, chamar as amigas pra bater perna no shopping e decidir, afinal, quem era o mais gato dos paulistas, entre gargalhadas e provadores da Riachuelo. Quem sabe um dia elas aprendem a fazer como tantas mulheres de respeito daqui, que adoram um galego, mas que não falam assim, tão claramente, em dinheiro. Etiqueta faz diferença.

segunda-feira, setembro 27, 2004

Por que os furacões nos odeiam?

Toda a grande imprensa informa, alerta e relata, com preocupação e sobriedade, os prejuízos americanos com o "triste recorde" - termo do UOL - da Flórida, de ser atingida por 4 furacões em uma única temporada, fato que não ocorria há 118 anos. As mortes são noticiadas em tom preocupado: "Já são 7 os mortos pelo Jeanne nos EUA" ou "Charley faz sua oitava vítima nos EUA". Os prejuízos são calculados em 10, 15 bilhões de dólares, e as autoridades, resignadas, falam em prejuízos "sem precedentes históricos". O JN, por exemplo, faz matérias de 3 minutos, mostrando as palmeiras esvoaçantes, as imagens de satélite, os caipiras martelando chapas de alumínio nas janelas, etc. Lojas do Wall-Mart fechadas, alunos sem escola, jogos dos Dolphins cancelados, casas destelhadas, estradas congestionadas, enfim, um pandemônio total. A pergunta acima foi título de matéria da revista Time, semana passada. A América toda se perguntava a mesma coisa, depois de 23 mortes, cerca de um mês atrás, atribuídas a Charley, Frances e Ivan. Lendo, se tem a mesma impressão. Os furacões devem mesmo odiar os americanos.

No fim de todas as matérias, o mesmo rodapé:

"O furacão Jeanne matou mais de 2.800 pessoas no Haiti".

Assim, com as mesmas 10 palavras - uma a mais aqui, outra ali, tanto faz.

quinta-feira, setembro 23, 2004

A jaguar subiu no telhado

Uma semana depois de a Ford anunciar a intenção de vender a equipe Jaguar, de F-1, os funcionários da escuderia "se colocaram à venda" em uma manifestação nesta quinta-feira, em Xangai, onde será realizado o GP da China neste final de semana.

O amazonense naturalizado brasileiro Antônio Pizzonia, piloto de testes da equipe BMW-Williams e substituto de Ralph Schumacher nas últimas corridas, nas quais vem pontuando sempre, foi procurado pela imprensa, que adora fazer as vezes de moleque de escola, que diz "olhaí, rapá. O cara falou da tua mãe, vai fazer nada não?! Iiiiihhhh...". Tudo porque a passagem do brasileiro pela equipe inglesa terminou "espalhando", com o "motor fumando", pra aproveitar o dialeto Galvonense. Visivelmente consternado com a notícia de que sua ex estava rodando bolsinha no calçadão, Pizzonia foi flagrado numa boate, fazendo uma jam session depressiva com sua banda de rock. Pizzonia, que aceitou fazer uma foto em homenagem à prematura morte da equipe, confessou tristeza com o fato de até mark Webber, piloto titular e pivô de sua demissão, estar à venda. A imagem é tocante, e Pizzonia prova, assim, ser um esportista exemplar.

terça-feira, setembro 21, 2004

Filme B de fim de semana

Maria da Conceição viajava de táxi-lotação pela feira da Panair, sábado de manhã. Levou um tiro no olho, num confronto entre traficantes da Colônia Oliveira Machado. Foi levada ao Serviço de Pronto Atendimento da Zona Sul. Duas horas depois, sem atendimento, foi mandada para o Getúlio Vargas para fazer avaliação neurológica. No fim da tarde, sem avaliação neurológica, Maria foi mandada para o 28 de Agosto, onde recebeu sutura no olho furado. Com a bala na cabeça, foi mandada novamente para o Getúlio Vargas, onde ficou até domingo no corredor, sem atendimento.

A vários milhares de reais de distância dali, num sarau de início de noite, membros da nobreza local se reuniam no décimo segundo andar do Tropical Flat, na borda do Rio Negro. Discutiam a Direita e a Esquerda. Uns, entre uma carreira e outra, estavam com o governo do PT, que é de esquerda. Outros, estavam contra, porque quem está no poder é sempre direita. Filosoficamente, direitistas e esquerdistas confundiam-se, fazendo alusão à polarização americana. Hitlers, Mussolinis, Bushes e Tsetungs foram citados, e precisavam parar nalguma prateleira de livros, malmente organizados em correntes de pensamento e biografias. O uísque levantava o tom, a mesa de centro tinha salgadinhos e maços de Carlton empilhados. Um pires passava de mão em mão, outros preferiam maconha de cachimbo. Entre direita e esquerda, todos foram classificados – à exceção de Heloísa, esquerdista que fazia oposição à esquerda -, mas as posições eram muito voláteis, e o tabuleiro imaginário de War ia sendo reorganizado, conforme o pires rodava e o Johnny Walker continuava caminhando pelas pedras do gelo turvo nos copos.

"Romarinho", o provável autor do disparo, estava em casa, anotando o pedido de um cliente da Ponta Negra. Só Maria da Conceição não tinha essas aflições políticas e ideológicas. Foi declarada morta, às 23:12 de domingo. Uma bala lhe varara o olho pela esquerda, mas estava alojada no muro que divide a fala e a coordenação motora. Havia controvérsia. Alguns atestariam que sua bala era de centro-esquerda.

Ficção baseada em não-ficção

segunda-feira, setembro 20, 2004

Taí pra ti

Clique no link aí ao lado, que diz "Taqui pra Ti".

Como diria meu colega Wladimir, sobre o Amazonas:

"Que fase hein!..."

sexta-feira, setembro 17, 2004

Predadores

Transcrevo aqui matéria do site da revista Carta Capital, que na edição 308, de anteontem, traz entrevista com Milton Hatoum, ex-professor da UFAM, falando de Manaus. A versão impressa da revista traz mais coisa, mas essa amostra já vale.

PREDADORES

Numa região governada por uma “elite mercenária”, depois das festas, “a vida volta ao seu martírio”, diz Milton Hatoum.

Hoje um dos mais importantes escritores brasileiros, Milton Hatoum nasceu e passou a maior parte da sua vida em Manaus. Em 1999, pediu demissão da Universidade Federal do Amazonas, onde lecionava, e mudou-se para São Paulo. “Queria sair de um lugar que estava me deprimindo”, explica Hatoum, que considera a Amazônia um “Jardim do Éden” governado – sobretudo no caso do Amazonas – por uma elite “incompetente e mercenária”. Prestes a lançar o romance Vila Amazônia, Hatoum falou a CartaCapital sobre os problemas da região.

CartaCapital: Por que a vida em Manaus era deprimente?

Milton Hatoum: Manaus virou um monumento de viadutos e edifícios, a caricatura de uma modernidade manca. O Amazonas é um estado rico, graças à Zona Franca, mas as condições de vida da população são tenebrosas. Do ponto de vista político e social, eu vejo avanço em todo o Brasil, menos lá. Enquanto outros estados, como o Pará e o Amapá, passaram por mudanças políticas, o Amazonas é dominado pelo mesmo grupo há décadas. Trata-se, com honrosas exceções, de uma elite incompetente e mercenária, composta por gente de lá mesmo e por aventureiros vindos de outras regiões. Você quer contestar a barbaridade, a demência dos poderosos e não consegue. É enlouquecedor.

CC: Como o senhor vê o velho impasse amazônico entre a necessidade do desenvolvimento e a luta por preservação ambiental?

MH: Para mim, a miséria é mais chocante que o desmatamento. Volto ao exemplo emblemático de Manaus, uma cidade de 1,6 milhão de habitantes, onde 50% são favelados e menos de 15% têm esgoto. A 1 quilômetro do maior rio do mundo, falta água nos bairros pobres. Para onde vai o dinheiro do imposto? É um crime plantar soja onde há floresta. A exploração da natureza deve ser sustentável. Mas o pior é ver a degradação da população.

CC: O senhor já foi a festas folclóricas do interior da Amazônia?

MH: Já. Eu conheço o interior do Amazonas. É paupérrimo. Antes e depois da festa, a vida volta ao seu martírio. Mas a elite e o povo do Pará souberam preservar mais a cultura popular. Manaus foi sempre uma cidade daquele que não quer se fixar lá, do predador que explora e vai embora. O que houve foi a aliança de uma elite fragilizada com os poderosos da Zona Franca, que dão as cartas. Os políticos ficaram reféns desse capital, que é de fora, seja do exterior, seja do Sul-Sudeste.

CC: Como o Amazonas deveria promover seu desenvolvimento?

MH: Muita coisa pode ser feita em matéria de exploração sustentável dos recursos naturais. Mas a principal vocação do Estado é para o turismo. Uma vocação desperdiçada pela elite dirigente que só se interessa em proteger e fortalecer a Zona Franca. Da forma como o Amazonas tem sido governado, se um dia a Zona Franca acabar, o Estado estará liquidado.

quarta-feira, setembro 15, 2004

A Guerra Fria e a República das Amazonas

Numa troca de acusações em homenagem à Guerra Fria, Moscou rejeita as posições de Washington sobre as medidas anunciadas pelo governo para combater o terror. Na terça, o secretário de Estado americano Colin Powell disse que a Rússia estava regredindo no seu caminho rumo à democracia (sentiu o “no seu caminho rumo”?). Ele comentava o anúncio de que os governos regionais não seriam mais escolhidos através de voto direto na Rússia. O ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov, alfinetou Powell. "Isso não é da conta dele. Nós, por exemplo, não comentamos o sistema eleitoral americano". O grifo é meu, com todo o prazer. Tem passarinho que come pedra sem saber o c* que tem (ei, sem querer fiz uma versão gráfica do c*!)

Enquanto isso, o IBGE divulgou pesquisa na qual 13 regiões (do total de 14 pesquisadas) tiveram aumento na produção industrial. A única região com nota vermelha foi... a amazônica. Até aí, nada demais, afinal, os ânimos de boa parte dos empresários amazonenses do Distrito (inclusive os amazonenses que falam “os mano e as mina”) devem estar abalados pela cisma – infundadíssima! - da PF com a gente. Interessante mesmo foi a manchete da Veja on-line para o assunto: “Indústria cresce em todo o Brasil”. Deduzi, triste e indignado, que nós, amazonenses, não ganhamos nenhuma medalha na olimpíada, que não temos nenhum título no futebol.

E ainda há quem diga que o Mercosul morreu. Que nada. A Veja que recebo semanalmente, por exemplo, é isenta de tarifa de importação.

Citação de citação, de citação.

O assassinato dos mendigos paulistanos (paulistanos não, meu! nordestinos!) quase reacendeu a discussão sobre a exclusão social e sobre o desprezo das grandes cidades, em especial da rica São Paulo, por seus marginais. Procurei uma charge do Angeli, da época dos atentados de 2001, em que uma família de mendigos era solenemente ignorada, numa esquina, pelos paulistanos, com suas camisetas "I [coração] NY" e "God Bless America", mas não a encontrei. Aí vi no blog Farsantes algo que vi, também, anos atrás, na saudosa TV Pirata:

Mendigo: Moça, me dá um dinheiro pra eu beber alguma coisa?
Moça: De jeito nenhum. Eu conheço seu tipo. Você quer dinheiro é pra comprar comida!
Mendigo: Não, eu juro que é pra cachaça, moça. Por favor!
Moça: Não insista, meu filho. Você vai é encher essa cara de pão!

Os farsantes citam também este ótimo texto, do blog do Ruy Goiaba.

Ainda estou aqui

Como os últimos dois dias foram marcados pelo imprevisto de ter que trabalhar muito, vou deixando uma palha do Dicionário do Diabo, cujo endereço informo mais tarde.

A definição de egoísta é

"Um indivíduo de péssimo gosto, que se preocupa mais com ele do que comigo"

segunda-feira, setembro 13, 2004

"Eu sou brasileiro e não sinto vergonha nunca"


Eu gostava de monopolizar o Atari. Jogava Missile Command por horas, batendo recordes olímpicos e mundiais todo dia. Quando finalmente minha mão começava a desobecer aos comandos do cérebro, eu chamava o meu irmão, que reclamava do tratamento diferenciado que mamãe nos dava. Ele sempre assumia o controle do jogo, e enquanto se arrumava entre almofadas e cartuchos, eu dizia, maioral : "Tá, agora você pode brincar um pouquinho, enquanto eu descanso. Aproveita!"

Só há um tipo de pessoa mais patético do que um piloto como Rubens Barrichelo.

Alguém que comemore uma vitória sua.

sexta-feira, setembro 10, 2004

Mentalize a cena

"Alguém no apartamento de cima tem um pé só. Joga sempre um sapato pesado no chão, eu fico esperando o outro e nada. Perneta filho de uma puta."

Por Sérgio Faria, do blog Catarro Verde.

Pra mim, provavelmente o post mais engraçado em muito tempo.

Flórida, here we go!

Primeiro foi o Charley, depois o Frances. Agora vem o Ivan. Todos furacões de classes 4 ou 5, ou seja, merda garantida. Todos atacando a Flórida (sabem, a Flórida, né?). Aquele cujo nome não cito mais vai decretar alerta laranja nos próximos dias, e trocar os nomes dos furacões para Ibrahim Al-Zauiri, Mohammed El-Zarquaui e Moqtada Ali-Bainmi. Toda a população da Flórida será transferida para estados como Wisconsin ou Iowa, onde ficará confinada em trailers monitorados pela CIA, incomunicável até as eleições. O serviço de inteligência encontrará vestígios de ligações entre as atividades destruidoras de Ibrahim-Mohammed-Moqtada e o modus operandi da Al-Qaeda. Aquele cujo nome não cito mais pedirá a aprovação, no Senado, da verba de 2 trilhões de dólares para a construção, pela Halliburton, de um escudo anti-furacão, batizado "Freedom Shield". Não sei se os três furacões vão ajudar ou atrapalhar a reeleição dEle. Vejamos o que Michael Gerson, o principal escritor de discursos dEle, vai bolar.

quinta-feira, setembro 09, 2004

O aparte de Waldir Barros

Maio de 1977. O vereador Fábio Lucena, líder do MDB na Câmara Municipal, está discursando violentamente sobre as conseqüências nefastas do “pacote de abril”, uma série de medidas draconianas com que o presidente-general Ernesto Geisel manietou o Congresso Nacional:

- A grei que exerce o poder, desde o rei ao palafreneiro, conseguiu que o Senado e a Câmara dos Deputados deixassem em segundo plano a questão econômica. Nem mesmo a decretação dos novos níveis de salário mínimo, em níveis que mal dão, e se assim o forem, para uma cesta de alimentação semanal, nem mesmo esses níveis mereceram a obsequiosa atenção do nosso Congresso.
Baixinho como um anão de Velásquez, o vereador Waldir Barros, líder da Arena, resolve revidar:

- Permite V. Ex.ª um aparte?

Fábio Lucena faz de conta que não é com ele e continua:

- Não que o Congresso tivesse querido descurar desses problemas. Em absoluto, Sr. Presidente, é que uma questão mais alto se alevanta, e é a questão institucional. E o debate sobre a questão institucional deve prevalecer sobre todos os demais. Nós, quando como oposicionistas, cumprimos aqui o nosso papel de divergência, de conflito legítimo com o aparelho de poder, com o Governo, quando nós verberamos a ação militarista, nós não verberamos a conduta do militar. O militar, entregue aos seus afazeres profissionais, em qualquer das armas, merece o respeito e os encômios de toda a cidadania, de toda a nação brasileira. O que nós desejamos na verdade é que, para a conquista do poder, por militar, por civil ou por padres, qualquer que seja o postulante do poder, nós desejamos que ele se submeta à vontade popular, pelo caminho legítimo do banho lustral das urnas.

Waldir Barros volta à carga:

- Sr. Presidente, o orador está fugindo ao debate e ferindo o regimento interno ao não me conceder o aparte...

- V. Ex.ª me desculpe, mas quem está ferindo o regimento desta casa é V. Ex.ª. O regimento interno diz que para solicitar um aparte, o nobre edil deve ficar de pé ao lado do microfone, e V. Ex.ª continua sentado, numa clara manifestação de desprezo pelo orador...

Pego no contrapé, o baixinho Waldir Barros começa a pular feito um desesperado e a gritar a plenos pulmões:

- Eu estou de pé, Sr. Presidente! Eu estou de pé, Sr. Presidente!

As gargalhadas da platéia quase fizeram a galeria desabar com o inusitado da cena. Não houve aparte, claro. Quem manda o cara ser baixinho?

Folclore Político Amazonense, Simão Pessoa.

A Santa Casa fechou

A Crítica

Por falta de R$ 300.000,00 reais, duas mil e quinhentas pessoas deixarão de ser atendidas, trezentas cirurgias e trezentos e cinquenta partos deixarão de ser realizados por mês. O convênio com o Governo do Amazonas foi suspenso. Dane-se. Os ladrões amazonenses sabem direitinho o caminho do Albert Einstein, em São Paulo, quando precisam de um stent ou de um check-up.

A Crítica

Ah, sim, já ia esquecendo: uma das empresas do deputado Cordeiro, indiciada pela Polícia Federal por roubo, está lá, na CGL, disputando mais uma concorrência, essa de 9 milhões (R$ 9.000.000,00).

Dúvida de um ateu político

Marta Suplicy afirmou, nesta quarta-feira, em palestra na Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamentos e Investimentos (Acrefi), que uma vitória da oposição na cidade de São Paulo pode resultar numa crise política no país, o que impediria o governo federal de criar condições para dar sustentabilidade ao crescimento econômico. A afirmação partiu depois que Serra apareceu 4 pontos à frente da pessimista prefeita nas últimas pesquisas.

Mas peraí: não foi o PT que chamou esse expediente suspeito – lembram do papelão de Dona Regina Duarte, encomendado justamente pelo tucano Serra em 2002? - de terrorismo, e que depois da vitória de Lula aclamou a vitória da esperança sobre o medo?!

segunda-feira, setembro 06, 2004

Acostume-se: Não vai acabar.

AP: Velório na Rússia

Não consigo acreditar no noticiário de hoje
Não consigo fechar os olhos e fazê-lo desaparecer

Por quanto tempo teremos de cantar esta canção?
Porque esta noite... Nós podemos ser um

Garrafas quebradas sob os pés das crianças
Corpos espalhados num beco sem saída
Mas não vou atender ao clamor da guerra
Ele me irrita, me encurrala,

E a batalha apenas começou
Muitos perderam,
Mas me diga: quem ganhou?
Trincheiras cavadas dentro dos nossos corações
E mães, crianças, irmãos, irmãs separados

Por quanto tempo teremos de cantar essa canção?
Quanto tempo, quanto tempo?
Porque hoje à noite nós podemos ser um

Enxugue suas lágrimas
Enxugue seus olhos injetados

E é verdade que somos imunes
Quando o fato é ficção e a tevê realidade
E hoje milhões choram
Nós comemos e bebemos enquanto amanhã eles morrem
A verdadeira batalha começou
Para reivindicar a vitória que Jesus conquistou

(Sunday, Bloody Sunday - U2)

Dica pro feriadão

Se você ainda acha que já viu de tudo sobre farsas orquestradas por governos, principalmente os americanos, dê uma olhada nesse vídeo. Teorias conspiratórias há, aos montes, e são praticamente todas apenas bobas. O que o vídeo mostra talvez seja mais uma bobagem, e acredito que seja. Mas que deixa uma pulga (mais uma) atrás da orelha, isso deixa. A dica foi da Mônica, do blog Eu...@ Big Apple, que está linkado aí ao lado. Bom, tome como entretenimento, mas preste bastante atenção aos detalhes.

PS.: A qualquer momento um post novo.

sexta-feira, setembro 03, 2004

Isso sim, é "rolar" a dívida

Fevereiro de 1985. eleito pelo PDS, o prefeito Raimundo Sobrinho, de Boa Vista do Ramos, estava tendo dificuldades de “rolar” a dívida da prefeitura e pediu ajuda ao deputado estadual Átila Lins para agendar um encontro dele com o governador Gilberto Mestrinho. A ajuste fiscal que o governador estava promovendo no Estado estava tirando o sono dos alcaides. Na manhã de uma sexta-feira, o telefone do prefeito tocou. do outro lado da linha, Átila Lins:

- Prefeito, estou aqui em Urucurituba. Pega uma voadeira e se manda pra cá, que o governador vai te receber em audiência.

No início da tarde, Sobrinho chegou a Urucurituba, debaixo de um temporal diluviano. As ruas de barro haviam se transformado em cachoeiras de lama. Para não sujar a imaculada calça de linho, o prefeito enrolou a bainha da calça até o meio da canela. Quando entrou na sala da Prefeitura, onde o governador estava realizando as audiências, o deputado percebeu que ele ainda estava com as calças enroladas. Átila Lins se aproximou discretamente do prefeito e sussurrou em seu ouvido:

- Abaixa a calça, prefeito!

Sobrinho levou um susto.

- Já?! – reagiu. “Eu pensei que a gente pudesse primeiro negociar...”

O deputado teve um trabalho do cão para desfazer o mal-entendido.

Folclore Político Amazonense, de Simão Pessoa.

quinta-feira, setembro 02, 2004

Uma saudade sem dono

O ar rarefeito do trigésimo andar (onde cheguei arfante no último fevereiro) tem cobrado seu preço. O álcool sempre me causou lapsos de memória recente, mesmo nos andares de baixo, mas hoje a coisa complicou. Acordei triste, inexplicavelmente pensando no meu pai, que não conheci. Morreu quando eu tinha três anos, e se havia uma chance de que um dia um pop-up de lembrança saltaria na minha tela, os anos de mé a anularam. Quando alguém me fala dele, um misto de tristeza e conforto me pega. Meu Deus, como as pessoas o amavam... e eu não o conheci. Então eu penso, covardemente, que estou livre da dor de perdê-lo. Mas como eu queria que ele estivesse aqui, pra eu poder chorar, como os outros. Confesso, eu o quis, mesmo que depois chorasse. Sei, preciso cuidar de quem ficou, mas essa ausência doeu muito hoje. Não tive a dor, mas também não tenho as lembranças.

Ah, vai ver só preciso de uma xícara de chá de boldo e de uma boa chorada. Voltemos à luz do dia, por favor.

quarta-feira, setembro 01, 2004

A pobreza tomou um "banho de livraria"

Toda vez que vejo um literato esnobe citando Kant, Kafka e Dostoievski, penso num sabre milenar da arte dos samurais, nas mãos de alguém que o usa para sacrificar uma galinha caipira no quintal de casa. Triste como a convivência com os livros torna as pessoas desinteressantes. Acho que falta acompanhamento psicológico, tanto à Mari do vôlei quanto a essa gente. Enfim, pretendo escrever um livro chamado "Os 7 hábitos das pessoas altamente sem graça".

* * *

O que dá ser tão bonito...

FABÍOLA REIPERT
Colunista do Agora

Está explicado o motivo das brigas que Daniela Cicarelli tem arrumado com o namorado. Ela descobriu que Fernanda Lima foi para Madri e ficou uma noite na casa de Ronaldo. O craque jura que não rolou nada, que eles são apenas bons amigos etc. Cicarelli, que já avisou que não aceita traição, decidiu desculpá-lo. Mas tem um detalhe da vida agitada do jogador que a modelo não sabe: ele foi visto com uma bela loira americana em Nova York.