quinta-feira, junho 30, 2005

Quatro tapas na cara



Cortesia do Jornal La Nación

Eu dizia, dias atrás, que a seleção brasileira precisaria de sorte para vencer os argentinos ontem. Não precisou. Numa apresentação, essa sim, digna de representar o melhor futebol do mundo, o Brasil finalmente (e não havia melhor momento para isso) provou que é, sim, melhor do que os argentinos, portanto o melhor do mundo. Mas sabemos, nós aqui, que o Brasil quase nunca é o monstro que foi ontem, tanto que o comentário mais ouvido entre os torcedores era algo como “o Brasil está irreconhecível!”. Verdade. O Brasil não é assim na maioria de seus jogos: briguento, marcador, concentrado e inspirado. Sem nenhum gol de falta, pênalti ou escanteio, mostrou, jogando, que ontem a Argentina não tinha a menor chance. Adriano, melhor jogador e artilheiro da competição, nos fez esquecer a ausência de Enroladinho Fenômeno, que enquanto o desfile brasileiro acontecia em Frankfurt, recepcionava a onipresente top-model Naomi Campbel na São Paulo Fashion Week. Isso mesmo.

Mas faço justiça e assumo a língua queimada. Agora o Brasil é o campeão da tríplice coroa, uma espécie de Grand Slam do futebol, formada pela Copa do Mundo, pela Copa América e pela Copa das Confederações. É cinco vezes campeão do mundo, três vezes mais que a Argentina. Levou a chuteira e a bola de ouro. Aplicou a maior goleada na Argentina em 37 anos, pela primeira vez numa final de competição organizada pela Fifa. Leu, ouviu e aturou piadas, ironias, vodus e a tradicional arrogância Argentina. No fim, ignorou tudo isso e aplicou uma surra humilhante no rival, em frente aos alemães, país de futebol feio, chato e ainda assim com mais títulos mundiais do que a Argentina. Argentina que não ganha nada oficial há 12 anos como seleção principal.

Daqui da posição de torcedor, o prazer realmente inenarrável é ver as manchetes dos jornais argentinos, agora humildes e resignados, dando os parabéns ao Brasil e aceitando o chocolate que tomaram. Mas como são argentinos e não podem negar o sangue que lhes corre nas veias, não desistem da soberba. No momento do apito final de ontem, o jornal Clarín dizia que “A pesar de la diferencia amplia, el score fue mentiroso”. Hoje mais calmos, conformados e surpreendentemente profissionais, os jornalistas argentinos disseram que a lição dada pela seleção brasileira será "difícil de imitar". O La Nación destaca os 10 erros da Argentina, como a insistência de Sorín em "jogar com a 9", a apatia de Riquelme e Aimar, a fragilidade do goleiro Germán Lux, a ausência de um artilheiro, o esgotamento físico, a falta de "coração" da equipe e o desempenho dos reservas brasileiros muito superior aos argentinos. O nono erro é tratado como "perdemos porque provocamos um monstro", e, o último cita uma frase de Diego Simeone, ex-volante da seleção, que definiu que "O Brasil tem craques, a Argentina, bons jogadores". Este sim foi o gosto mais doce que senti ao final do jogo de ontem. A arrogância humilhada.

Mas o Olé não se entrega e insiste em seu “jornalismo” tosco. Ao final da matéria, simplesmente diz "Parabéns. Mas Maradona é argentino. E foi melhor que Pelé". Pelo jeito, por sobretaxas Kirshnerianas à entrada de filmes brasileiros em solo portenho ou por pura incapacidade de se render aos fatos, os argentinos não puderam (ou não quiseram) assistir a Pelé Eterno, o filme que mostra o que fez um tal de Atleta do Século. Apesar dos títulos mundiais, das inúmeras chuteiras de ouro, do topo do ranking da Fifa, das vitórias e das surras que tomam, eles não se entregam e se sustentam nos títulos sul-americanos, onde são historicamente muito superiores aos macaquitos.

Nem isso vão levar. Ainda ontem, na já silenciosa Buenos Aires, tomaram mais três do Brasil, representado pelo São Paulo. Ficaram de fora da Taça Libertadores da América.

Restam agora a incurável arrogância, momentaneamente abalada, e a indisfarçável inveja.

Talvez os louros do título nem sejam tão caros aos brasileiros. Se a lição servir para que deixem a nossa paciência em paz, já estará de bom tamanho esse 29 de junho de 2005.

quarta-feira, junho 29, 2005

Quer mais? Então toma


Jefferson fala sobre caso de Santo André

O deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) ainda tem munição para novas revelações. Em entrevista a uma rádio de belo Horizonte, ele falou sobre os supostos esquemas de corrupção do atual governo e fez ligações com o assassinato do prefeito petista de Santo André, Celso Daniel, seqüestrado e morto em janeiro de 2002.

Jefferson foi questionado se via relação entre os três casos - bingos, Correios e "mensalão". Respondeu: "E o assassinato do Celso Daniel, de Santo André". "Eu não tenho dúvida disso. Isso é uma estrutura de corrupção, de "caixa dois", que sustentou um grupo de dirigentes do PT durante muito tempo. E é isso o que está vindo a dar esse escândalo hoje, criar esse problema ao Brasil", completou. A entrevista foi gravada no sábado e veiculada na segunda pela rádio Solar AM, de Juiz de Fora (MG).

Jefferson não deu mais detalhes, disse apenas que falaria sobre o assunto somente em seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito dos Correios, marcado para esta quinta-feira.

Santo André - Celso Daniel foi seqüestrado ao voltar de jantar em companhia do empresário Sérgio Gomes da Silva, conhecido como Sombra. Dois dias depois, foi encontrado morto. A Polícia Civil concluiu que o crime foi comum. O Ministério Público teve outro entendimento e denunciou (acusou formalmente) Gomes da Silva em dezembro de 2003. Ele foi preso, mas atualmente está solto. Segundo a Promotoria, o empresário teria mandado matar o prefeito porque Daniel não concordaria com suposto esquema de cobrança de propina de empresários do setor de transporte público de Santo André durante sua gestão. Parte do dinheiro cobrado financiaria campanhas políticas do PT, o que o partido nega.

Além de lançar mais uma acusação contra o PT, o presidente licenciado do PTB afirmou que está pronto para uma acareação com o ex-ministro da Casa Civil, deputado José Dirceu. Segundo Roberto Jefferson, suas declarações sobre o mensalão estão sendo confirmadas pelas investigações do Ministério Público e da Polícia Federal. " As pontas estão sendo amarradas " , disse. " Com os cruzamentos dos sigilos bancários e telefônicos, você vai ver claramente a comprovação do que digo. "

O presidente do PT, José Genoino, afirmou, por meio da assessoria de imprensa do partido, que irá interpelar Jefferson judicialmente para que o deputado explique suas declarações. Jefferson também falou que embora tenha entregue a maior parte de seus cargos no governo federal, o PTB "quer dar governabilidade ao presidente Lula". "Vamos com ele até o final, sem participar do governo."


Fonte: Veja on-line

terça-feira, junho 28, 2005

Adesivo pra Carro




Este boneco vodu de Pelé veio estampado nas páginas do Olé, o arremedo de jornal que a imprensa argentina mantém como porta-voz futebolístico. Esqueça-se a qualidade, que assim perdemos a comparação. Vamos apenas à prática: 5 a 2.

La envidia és una mierda


A Turma da Lazinha, as armas


Agora ouço falar sobre esse plebiscito da proibição da venda de armas de fogo. A gritaria geral supõe que a maldade está nelas, as cruéis, sanguinárias, desumanas armas de fogo, como se na calada da noite gangues de pistolas e esquadrões da morte, formados por fuzis encapuzados, se juntassem pra “matar geral”, com seu bonde do terror. Segundo os pacifistas brasileiros, é plausível que escopetas e metralhadoras, assassinas cruéis e inescrupulosas, se juntem nos bares e encham a cara, pra depois passar fogo em inocentes desarmados. Segundo os militantes anti-armas, são elas a fonte do todo o mal, como se na Noruega inexistissem armas, como se na Suécia ou no Canadá elas fossem proibidas. Não são. A se confirmar, por exemplo, a tendência de aumento da violência nas estradas brasileiras nos próximos anos, brevemente teremos um movimento contra a fabricação e venda de carros no Brasil.

A idéia do plebiscito contra as armas é bem brasileira mesmo. Com essa mania de errar o foco de seus problemas e atacar apenas seus sintomas, fazemos o que aparentemente é mais fácil, ou seja, dar sumiço nos pobres em vez de erradicar a pobreza. Armas não disparam por si só, como se fossem robôs rebelados num filme de ficção. São carregadas por bandidos, sejam eles juízes ou traficantes. Não entram nos presídios por conta própria, não desfilam pelos bares por decisão sua, não freqüentam restaurantes por sua conveniência. Esse plebiscito deveria perguntar, em vez de “Deve-se proibir no Brasil o comércio de armas de fogo e munições?”, algo como “Deve-se permitir que traficantes de drogas, policiais bandidos e juízes alcoolizados matem outras pessoas?”. Outra sugestão seria “Deve-se permitir que milhares de pessoas sejam assassinadas todos os anos, e que seus assassinos continuem impunes?”.

A pergunta mais apropriada, na verdade, é a mais simples de todas:

“Deve-se seguir as leis no Brasil?”

segunda-feira, junho 27, 2005

Da pelota


O atacante Adriano, destaque da seleção brasileira em sua alternância de jogos bons e jogos porcaria, se machucou no treino dessa segunda-feira na Alemanha. Num choque com outro jogador, caiu e sentiu fortes dores no pé. Segundo o médico da seleção, foi apenas um susto, e Adriano deve jogar contra a Argentina sem problemas.

Não sei por que, mas lembrei de um causo que me contaram certa vez. Passando por um cruzamento nas redondezas do Conjunto Eldorado, meu amigo viu um opalão, daqueles diplomatas de quatro portas, com a frente completamente destruída. Mas não havia outro carro envolvido, e ele decidiu perguntar aos curiosos de plantão o que ocorrera.

- Foi um Ka que bateu nele - respondeu o transeunte, sem tremer a cara.
- Um Ka fez esse estrago todo num opalão desses?!
- É, pois é.
- Mas como pode? Cadê o Ka?
- Ainda não acharam.

Notas de segunda-feira


A Liga do Norte, partido de extrema-direita na Itália, apresentou um projeto de lei nesta semana que permite a castração de condenados por estupro. A proposta surgiu em meio ao aumento de registros no número de estupros no norte da Itália e a um debate que aponta a ampliação da imigração como a causa. Nos fóruns de discussão sobre São Paulo na Internet pode-se notar que os paulistanos legítimos – como se auto-denominam os descendentes de imigrantes – concordam plenamente com a idéia. Pura falta de vergonha na cara.

Sabe os americanos, que não negociam com terroristas? Pois é, andaram se reunindo com rebeldes insurgentes (aqueles que matam uns 40 em média por dia), pra negociar uma saída para o inferno que se tornou o Iraque livre e democrático. Quem contou a história? Apenas Donald Rumsfeld. Dizendo que forças estrangeiras não são capazes de reprimir as insurgências, o falcão previu que "as insurgências tendem a se arrastar por cinco, seis, oito, 10, 12 anos". E absolutamente ninguém propõe uma CPI para investigar o que os americanos fizeram com o Iraque.

Os gemidos que as tenistas soltam ao golpear a bola incomodam o árbitro de Wimbledon Alan Mills, que defende uma mudança nas regras a fim de que os ruídos sejam evitados. A principal vítima do árbitro é a russa Maria Sharapova. Todos os juízes heterossexuais do circuito estão gemendo de raiva da biba.

Dois assaltantes disfarçados de flanelinhas foram presos em Copacabana ontem à noite. Com extensa ficha corrida e foragidos da justiça, escolheram a pior camuflagem. É como se um pedófilo foragido da polícia se disfarçasse de padre, entende?

Donna Kyman, uma americana de 66 anos que afirma ter sido mordida por um cachorro chamado "Flash", de propriedade de Michael Jackson. Adivinhe o que ela pede como reparação pelo "grande sofrimento e dor mental, emocional e física"?

Quem assistiu ao Festival de Parintins ontem viu o Boi Caprichoso ir até os jurados, cumprimentar um por um. Fontes de confiança do jornal mais imparcial e sério do Amazonas dizem que um dos jurados, que já pediu proteção policial, recebeu proposta de 50 mil reais e um passeio pelo Rio Negro com 15 cunhantãs menores de idade, feita pelo “tripa do boi” no momento da aproximação.

Depois da lipoaspiração, o tipo de cirurgia plástica mais procurado do momento é o de vagina. Sim, há cirurgia plástica vaginal, geralmente para estreitar o órgão ou reconstituir o hímen. A procura tem aumentado exponencialmente e o doutor David Matlock, de Los Angeles, já arrisca prever que dentro de 5 anos todas as noivas de Hollywood serão virgenzinhas inocentes.

Como é a sensação de saber que neste exato momento, enquanto você trabalha, tem gente roubando o dinheiro que o governo te tomou durante quatro meses do ano?

O Brasil vai fazer a final da Copa das Confederações com a Argentina. Eu torcia pro México. Perder duas vezes da Argentina vai ficar muito feio. Se o Brasil ganhar, pra mim é zebra. A seleção argentina é pelo menos três vezes melhor, joga muito mais bonito, objetivamente, elegantemente, com a combinação perfeita de raça e categoria. Pena que é feita de argentinos. Boa sorte, Brasil, você vai precisar.

sexta-feira, junho 24, 2005

A Jihad dos chatos continua


Li, ontem à noite, um texto do cãozinho de guarda dos wunderbloggers, o polemista de um assunto só, o meu amigo Jorge Nobre, que mais uma vez “linko” aqui, por caridade. O texto é de alguns dias atrás, e chama-se “Enemies, a love story”, uma notinha de 3 páginas na qual o carente Jorge explica porque odeia tanta gente, dando nomes, criando apelidos (eu virei Alfafa Zejo) e “desconstruindo” seus inimigos. Ninguém ligou, ninguém deu bola, mais uma vez. Jorginho “Direita, volver!” Nobre interrompe, esporadicamente, seus textos diários sobre os “esquerdinhas” que tanto lhe causam pesadelos e fala de pessoas que ele decidiu chamar de inimigos. Uma tentativa primária de criar algum embate, movimentar seu blog, chamar a atenção de alguém. Como sempre, ninguém deu bola.

Mas eu, que leio de tudo o que posso e tenho paciência de ler, cheguei lá. Com intervalos de alguns dias, sempre faço minha visitinha de médico à dupla Rafael Azevedo-Jorge “Direita, volver!” Nobre. Já foi mais divertida, a dupla. Agora são simplesmente dois chatos. Rafael, judeuzinho fundamentalista, continua seu nobre ofício de detectar breguices brasileiras e xingar muçulmanos em Londres. Não interrompamos tão valiosa contribuição ao mundo. Jorge “Direita, volver!” Nobre é mais rançoso, tem menos paciência. Escreve com raiva, porque com raiva vive, das coisas mais atuais do mundo atual, a saber: o comunismo, o comunismo e o comunismo. Uma vida em preto e branco, a de Jorge.

Agora, pra provocar um choque, veio dizer que eu citei a pesquisa do Lancenet em que se avaliava as mortes civis iraquianas em 100.000. Disse que a pesquisa, de 29 de outubro do ano passado, sumiu. Mentira. Está aqui, nos arquivos do Guardian. Jorge Desonesto Nobre questionou os motivos que levaram o The Guardian, jornal que noticiou a pesquisa, a não ter mais falado na mesma. Sei lá, algo me diz que é porque uma pesquisa de outubro de um ano geralmente fica desatualizada em junho do ano seguinte. Acho que é por aí, nobre Jorge. À taxa de umas quarenta pessoas mortas por dia, sou a favor de que se faça as contas novamente.

Há sites americanos que inclusive têm contadores de mortos americanos, similares a esses de visitas em blogs, que podem ser instalados na página de quem se interessar. Assim a população americana (e você, Jorge, ou George, como queira) pode se indignar e lamentar as perdas de seus filhos. Já sobre as baixas iraquianas, niente. Natural, natural. É mais fácil acompanhar mortes aliadas no varejo do que mortes inimigas no atacado.

Mas Jorge “Direita, volver!” Nobre vai além. Diz, por exemplo, que na guerra do Vietnã os americanos mataram civis sim, mas por acidente. Quem matou geral mesmo foi quem? Quem? Sim, eles, os comunistas. Os soldados americanos que passaram fogo em cerca de quinhentas pessoas, a maioria mulheres e crianças, na aldeia de My Lai em 1968, por exemplo, na verdade estavam mirando em comunistas perigosíssimos. Apenas erraram o alvo, umas quinhentas vezes. Soldados que mais tarde testemunharam contra seus colegas sobre o episódio (provavelmente comunistas infiltrados no exército americano) contaram de um bebê que saiu engatinhando da pilha de corpos. Um dos soldados lhe explodiu a cabeça com uma pistola e jogou o resto de volta à pilha. Acidente.


A aldeia de My Lai, dizimada por acidente pelos americanos


Assim foi com o napalm, com o agente laranja, com o gás mostarda. Tudo acidente, gente. Quando a força aérea americana atacava aldeias, na verdade mirava nos vietcongues, dentro da floresta, aqueles comunistas assassinos sem coração.

Jorge “Direita, volver!” Nobre é cretino, no mínimo. Com seu transtorno obssessivo-compulsivo, que o faz enxergar apenas zeros e uns, resume a vida, o mundo, as pessoas à direita e à esquerda. Os cristãos, liderados por Jesus W. Christ, de um lado. Os comunistas do outro. Até eu já virei comunista nas palavras do lunático. Na sua sanha por briga, Jorge segue falando sozinho. Não erra em atacar esse ou aquele. Erra em defender quem quer que seja. Até porque o comunismo, que acabou há quase 15 anos, realmente foi o responsável por milhões de mortes em todo o mundo, e provou, caindo, que não prestava. Mas para isso seu Jorge “Direita, volver!” Nobre defende as guerras americanas, e aí assina seu atestado de cretino. Desonesto, bitolado, chato pra porra, repetitivo, inconveniente e ingênuo.

Larga do meu pé, Jorge Nobre. Volta pro teu mundinho monocromático e pára de me chamar de inimigo, porque não sou nada seu. Sei que a comparação é especialmente ofensiva pra você (e nesse caso te dou razão), mas você está me lembrando o Hugo Chavez, gritando bobagens contra seus inimigos, enquanto os inimigos pouco se lixam pra ele.

É assim com você, Jorge. Que ironia, não?

quarta-feira, junho 22, 2005

Universidade Gratuita Paga


Pra você ver como fazer as coisas errado no Brasil é fácil. A USP está sendo acusada pelo Ministério Público Estadual de São Paulo de cobrar por cursos de pós-graduação e especialização ministrados nas suas dependências. A USP, que é pública, faz convênios com fundações, que são privadas, que cobram pelos cursos e repassam um porcentual do faturamento à universidade.

A resposta da USP? “Desconhecemos o conteúdo da ação”.

Qualquer semelhança com o que acontece na esfera política é mera coincidência. Os órgãos investigativos analisam, fiscalizam, apontam, citam e requerem providências, e os acusados dizem um singelo “só me pronuncio à justiça” ou um “desconheço as acusações”. Exemplo fresquinho vem de Zé Dirceu, que depois de prometer ir à câmara se defender e rebater todas as acusações de que é vítima, hoje disse um singelo “não vou me defender. Não há acusação nem provas contra mim”.

Mas as coincidências não param aí. Como é sabido por alguns, a UFAM também mantém cursos de especialização e mestrado promovidos por instituições civis, que cobram pela educação que fornecem nas dependências públicas da universidade. Basta que o Ministério Público Estadual verifique a situação.

Para que o paralelo das coincidências fique bem visível, cito o mega-astro da hora: “todo mundo sabe que sempre funcionou assim”.

terça-feira, junho 21, 2005

Speechless


Às vezes parecia que, de tanto acreditar
Em tudo que achávamos tão certo,
Teríamos o mundo inteiro e até um pouco mais:
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços de vidro.
Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente,
Quase parecendo te ferir.
Não queria te ver assim -
Quero a tua força como era antes.
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada.
Às vezes parecia que era só improvisar
E o mundo então seria um livro aberto,
Até chegar o dia em que tentamos ter demais,
Vendendo fácil o que não tinha preço.
Eu sei - é tudo sem sentido.
Quero ter alguém com quem conversar,
Alguém que depois não use o que eu disse
Contra mim.
Nada mais vai me ferir.
É que já me acostumei
Com a estrada errada que eu segui
E com a minha própria lei.
Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais,
com sei que tens também...


Andrea Doria
Renato Russo


segunda-feira, junho 20, 2005

Notas de segunda-feira


Impressionantes as cenas do show de Carlinhos Brown em Madri, exibidas no Fantástico. Cerca de um milhão de pessoas foram atrás do trio do baiano. Ainda estão confusos, muito confusos, os brasileiros que atribuem o sucesso da Bahia à vagabundagem nacional. Agora Carlinhos provavelmente passará a ser reverenciado em São Paulo. Finalmente.

Cristiana Oliveira, Giovanna Antonelli, Adriane Galisteu e Carla Regina andam constrangidas com as reprises das novelas Xica da Silva e Pantanal. É que, em começo de carreira, topavam tudo (leia-se cenas de nudez e de sexo) para ficar famosas.

Hoje fazendo coisas de enorme bom gosto como apresentar programas de variedades xexelentos e estrelar novelas da Glória Perez, querem se livrar do passado. Algo como fez Xuxa com o filme Amor Estranho Amor, em que seduzia um felizardo garoto. Todas as cópias do filme foram tiradas de circulação pela Rainha dos Baixinhos.

A ex-mulher de Waldemar da Costa Neto, presidente do PL, já anuncia que vai contar tudo o que sabe sobre o ex-marido. Sugestão: grampeiem, urgentemente, os telefones desse pessoal que ameaça jogar lama no ventilador. Freqüentemente acontece algo que os faz voltar atrás. Ou isso ou terminam todos mortos, com um singelo “Crime Passional” num atestado de óbito assinado por Badan Palhares.

E esse fim de mês que não chega! E as contas se acumulando! Ainda são 10 longos dias até que saia o meu mensalinho.

Quer saber o que é falta de timing? Pense em Ana Paula Padrão.

Estou com medo. Com uma sensação de participante do Big Brother, aguardando, de mochila pronta, pra saber se posso ficar ou se vou sair mais cedo dessa.

Sunday Crappy Sunday – Numa corrida com dois carros, que seria definida por Parreira como um racha de luxo, Schumacher venceu Rubinho. No futebol, o Brasil sucumbiu a toda a garra, técnica e tradição do futebol mexicano. Dominguinho nojento, esse. Nem Rubinho ultrapassou nem Robinho pedalou. Resta jogar as fichas no Robinho da Câmara, pedalando pra cima dos pernas de pau.

Passei pela Bola da Suframa esse fim de semana, mas não consegui saber o que se passava lá dentro, tantas que eram as faixas de agradecimento da “população” ao governador Eduardo Braga, estendidas a cada 3 metros de cerca. Enquanto isso Patrick Mota, o jornalista-mala da rede-mala, questionava, em entrevista na tevê, o prefeito Serafim Corrêa sobre sua aparição nas propagandas institucionais do PSB, partido do prefeito. E acredite, saiu coisa pior dessa entrevista.

A nova mansão dos Benigno será inaugurada nos próximos dias. Estão todos convidados para os bebes-e-bebes, cujos detalhes revelo brevemente. O que levar? Que tal uma lavadora de roupas (aquele novo modelo da Brastemp tá bom), um refrigerador Sub-Zero ou um home-theater Toshiba?

Roberto Jefferson será o entrevistado de hoje no programa Roda Viva, da TV Cultura. Começa às 21:30, horário de Manaus.

sexta-feira, junho 17, 2005

Campanha "Dê um nome pro meu mascote"




Obrigado, Chris!


By Tutty Vasques, NoMínimo




Diferença clara
Roberto Jefferson pode até ser parecido com André Gonçalves, mas, cá pra nós, é muito melhor ator.

Moral da história
Entreouvido, numa rodinha de gente atônita: “O que desmoraliza o governo não é a acusação. É o acusador.”


quinta-feira, junho 16, 2005

Reescrevendo a História


Da Agência Estado:

“Uma dona de casa de São José do Rio Preto, interior do Estado de São Paulo, se fez passar pela neta de 11 anos e ajudou a polícia a prender o pedófilo que tentava seduzir a menina pela internet numa sala de bate-papo para crianças de 8 a 12 anos. A avó, que não quis se identificar, passou 50 dias trocando mensagens com o pedófilo, o técnico de refrigeração Antônio Agilmar Caldas, de 46 anos, até a polícia prendê-lo ontem em Pitangui (MG), com a namorada, Suelen Cássia da Silva, de 20.”

Sinal dos tempos mesmo. A Vovozinha se fazendo passar por Chapeuzinho Vermelho para enganar o Lobo Mau.

quarta-feira, junho 15, 2005

A safadeza-arte e a safadeza-resultado


Ainda não compreendi bem por que algumas pessoas andam tristes com tudo o que vem acontecendo em Brasília. Eu estou radiante. Prefiro ser assaltado ao som de sirenes de polícia, prefiro esse canibalismo grotesco; as serpentes se devorando entre si. Digamos que seja esse o meu “mensalão”: assistir às prisões mensais de ladrões espalhados pelo país. Hoje, por exemplo, ganhei minha “desencravada de unha” do mês de junho, a prisão de 60 supostos sonegadores de impostos. Ser roubado no mais absoluto silêncio é o que incomoda. Nunca deixaremos de ser roubados, mas umas algeminhas de vez em quando caem bem, não caem?

Não entendo também aqueles que dizem que políticos como Roberto Jefferson representam o Brasil. Mentira (aliás, inverdade, leviandade)! O homem-bomba da vez é muito melhor do que a média da safadeza nacional. É claro, o bom senso ensina a nunca generalizar, mas quando o presidente do PTB diz que a “grossa maioria” da casa sabia do esquema de mesadas a parlamentares, é impossível não traçar um paralelo com a “grossa maioria” do país, que sabe – mesmo sem fitas gravadas – que seus políticos lhe roubam.

O fato é que estou muito positivamente surpreso com o que vi ontem. Foi gratificante saber que o Brasil ainda pode, sim, contar com escroques tão eloqüentes e cheios de estilo quanto Roberto Jefferson. Confesso que já andava meio desanimado com a política nacional, cheia de personagens caricatos e rasos, Severinos que parecem ter saído de novela da Globo. Já sentia certo desgosto em ver nos noticiários a mesma repetição apática de denúncias de obras fantasmas e acusações de nepotismo, sem fim e sem novidades. Os mesmos rostos engessados, os mesmos olhares desfocados, as mesmas bocas cercadas de microfones e as mesmas frases de cartilha. “Vossa Excelência” pra cá, “Nobre Deputado” pra lá, “Isso é uma calúnia!” de um lado, “Vamos apurar rigorosamente” do outro... Enfim, uma chatice sem fim, feito entrevista de jogador de futebol, com a singela diferença do roubo do meu dinheiro, do que, até onde sei, os jogadores ainda não podem ser acusados.

Então vem Seu Roberto e fala como quem diz “Presta atenção e aprende, manezada!”. Num baile – mentiroso ou não – sem precedentes, embolsou (ôpa) umas dezenas de experimentados políticos. Foi um show, uma aula. Roberto Jefferson está anos-luz à frente do político médio brasileiro – técnica, e não eticamente falando, diga-se. Já no final de seu espetáculo, angariava declarados fãs entre seus inquisidores. Sim, depois de algumas horas, Roberto Jefferson já ouvia apaixonadas e adolescentes declarações de apoio, de politicozinhos meia-boca de vários partidos. Confessou crime eleitoral e declarou “não ser melhor que ninguém aqui”. Pronto! Na condição de mártir da renovação política brasileira, proclamada nas entrelinhas de suas ironias e olhares engaguejantes, “sublimou seu cargo”. Ou seja, para dar um start na limpeza ética que se mostrou urgentemente necessária com a crise, ofereceu-se em sacrifício, para ser imolado por uma nobre causa. Muita gente do povo adorou, o que não surpreende. Estamos tão miseravelmente entorpecidos por nosso histórico nacional de “cafajestes que negam até a morte” que um raríssimo “assumo que pequei” nos cativa feito meninas bobas, que gostam de bad-boys assumidos.

Muito se falou sobre a falta de provas, de fitas, de vídeos, de documentos. Por isso muito provavelmente Seu Roberto Jefferson será cassado, simples assim. Quebrou o decoro e assumiu? Rua. Recebeu grana pra campanha e não declarou? Rua. A imprensa, felizmente amarrada ao bom senso, não pode acusar ninguém. O jornalista é apenas um fofoqueiro, mas um fofoqueiro de relevâncias, e precisa, sente falta de gente como Roberto Jefferson. É sabido que ele é homem de muitas faces, estrategista tarimbado e calculista. E talvez seja por isso que eu estou gostando tanto desse jogo, que começou com cara de amistoso de segunda divisão e virou um clássico mundial. Subitamente a safadeza-arte surgiu no meio da safadeza-resultado. Jefferson elevou o nível do tráfico de influência, do peculato, da nomeação comprada e da traição política. Craques da safadeza-arte são raros hoje em dia. Mal conseguem mostrar seu potencial em campo e já há fila de clubes querendo seu passe. Esses craques destroem Waldemares e Janenes como quem dá “dribles da vaca” num zagueiro perna-de-pau, desconcerta Sandros e Genuínos como quem dá “chapéus” num adversário perebento do campinho de várzea.

A pergunta que me faço agora é: em qual segunda-feira o Jornal Nacional será interrompido por 20 minutos para que Roberto Jefferson venha me encher os olhos com seus passes e lançamentos? Já chega dessa piada de mau gosto de ter que ouvir Waldemar da Costa Neto e Pedro Corrêa falando de virtude e honestidade no meio do jornal, com suas frases feitas e seu discurso empoeirado. Eu quero Roberto Jefferson em campo, com suas caretas, seus olhares sacanas, sua sede de vingança e sua cara-de-pau. Nem que, embaixo das traves adversárias, depois de fazer fila com o time adversário, pense bem e decida “quer saber? Não vou fazer esse gol agora, não. Quero me divertir mais.” e devolva a bola aos beques entortados, pra dar mais graça à partida. Eu, aqui da arquibancada, grito “olé!” e não quero que isso acabe tão cedo. Quero que Roberto Jefferson seja ainda mais provocado, ameaçado e pressionado, porque sei que, como diria Galvão Bueno, vai fazer das suas. Vai ser divertido.

Que Roberto ainda me divirta muito, porque mereço, depois de tantos anos de corruptos sem carisma, satisfeitos com sua safadeza-resultado. Depois quero quantos forem possíveis, a começar por ele, indo pro vestiário mais cedo. Roberto Jefferson anda dando espetáculo para a torcida, mas, como ele mesmo disse, não é melhor do que ninguém. Pois que caia, levando junto seus traídos e traidores. A torcida, cansada de tristeza, vai agradecer.

terça-feira, junho 14, 2005

Abalando no Congresso, u-hú!


Malas de dinheiro. Notas com etiquetas de bancos

Jefferson contou com mais detalhes como recebeu - ou diz que recebeu - ajuda financeira do PT para anabolizar as campanhas de candidatos do PTB nas eleições municipais do ano passado.
Em julho de 2004, segundo ele, o publicitário mineiro Marcos Valério, que trabalhava com Delúbio Soares, tesoureiro do PT, desembarcou com uma mala de dinheiro na sede do PTB em Brasília.
Havia dentro da mala, contou Jefferson, R$ 2.200 mil em notas de cinquenta e de cem reais - todas com etiquetas dos bancos Rural e do Brasil.
Dali a alguns dias, Valério voltou à sede do partido com outra mala de dinheiro - mais R$ 1.800 mil. Novamente em notas de cinquenta e de cem reais. Com etiquetas dos mesmos bancos.
Jefferson disse que Genoino, presidente do PT, prometeu que o dinheiro seria, digamos, legalizado mais tarde. Não foi.
Disse também que o ministro José Dirceu avalizou a operação de ajuda ao PTB. E que ouviu dele que o resto do dinheiro prometido pelo PT (no total, R$ 20 milhões) estava difícil de ser obtido porque a "Polícia Federal é meio tucana e prendeu 60 doleiros.
Não está dando para internar dinheiro" (no país).
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O que ele disse

Alguns pontos do depoimento de Jefferson no Conselho de Ética que merecem destaque:
* Ele acusou a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) de ter montado o flagrante de suborno do ex-diretor dos Correios, Maurício Marinho. "Foram arapongas que fizeram aquilo", disse.
* Disse que nem a Polícia Federal nem o Ministério Público se interessaram até agora em investigar os negócios feitos pela Diretoria de Informática dos Correios. "Ali, sim, eram feitos os negócios milionários da empresa", observou. Acrescentou que o diretor de Informática dos Correios foi indicado por Sílvio Pereira, secretário-geral do PT.
* "Silvinho, José Dirceu: O PTB não é responsável pela corrupção nos Correios. Vocês sabem disso".
* "Gente boa dos Correios começa a me dar informações". (Jefferson repetiu a mesma frase três vezes.
* "Não arredo pé em nada do que disse à Folha de S. Paulo nas duas entrevistas que dei".
* "Tenho 23 anos como deputado. Jamais vi um partido do governo pagar mesada a deputados para que apóiem o governo. Nem mesmo no governo do presidente escorraçado. Mas desde agosto de 2003 é voz corrente até nos banheiros da Câmara que o Dr. Delúbio, com o conhecimento do Sr. Genoino, repassava dinheiro para deputados, sim".
* "Recebi o Dr. Delúbio em minha casa. É um homem simples, do interior. Ele fumou um charuto. E se ofereceu para "desencravar" alguma unha que incomodasse algum deputado do PTB. Disse que o PP e o PL recebiam o mensalão. Eu disse a ele: Delúbio, o PTB não quer mensalão".
* "Palocci, com todo o respeito, eu lhe falei a respeito do mensalão, sim. Você nega, mas eu falei."
* "O deputado Pedro Henry (líder do PL na Câmara) tentou tirar dois deputados do PTB. Eu mandei avisar a ele: Se continuar tentando, eu vou à tribuna denunciar".
* "Não sou melhor do que ninguém. Mas também não sou pior. Sou igual a qualquer um de vocês. Faço tudo isso para lavar minha honra e a honra do PTB. Estou tentando reconstruir minha imagem".
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Baixou o nível

"Eu prefiro gostar de mulher do que de um cidadão de Cabo Frio" - acaba de dizer o deputado Waldemar Costa Neto, presidente do PL, desacatando o deputado Roberto Jefferson.
"Eu direi os nomes dos deputados do seu partido que recebiam o mensalão. O senhor recebia, sim", respondeu Jefferson.


Do Blig do Noblat.

segunda-feira, junho 13, 2005

Sinceridade é tudo


Propaganda da Cristal Engenharia sobre seu novo empreendimento, agora, na tevê:

"A poesia de Carlos Drummond de Andrade não tem preço. Morar no Carlos Drummond de Andrade, tem."

Vem cá, existe publicitário em Manaus mesmo?!

Vou me candidatar a um emprego nas agências de Manaus.

Aliás, está lançado meu currículo aqui.

Portfolio? Nah.

Experiência com publicidade? Sinto muito.

Vontade de fazer isso e saber escrever? Tô aí, pode me dar carta branca.

Notas de segunda-feira


Bob Geldof, o organizador do Africa Live 8, conseguiu. Pela primeira vez em 24 anos, Roger Waters, David Gilmour, Richard Wright e Nick Mason vão tocar juntos. Ou seja, o Pink Floyd vai tocar junto, em 2 de julho, em Londres. E eu não vou ver isso.

A cidade de Colônia, na Alemanha, estava hoje no “Bom Dia Brasil”. Fala português, tem escola de samba, a “Unidos de Colônia”, e adora o futebol brasileiro. Aí lembrei de uma notinha que vi no UOL semana passada, que dizia que a Alemanha deve receber 40 mil prostitutas durante a copa de 2006.

A cidade de Colônia (sim, ela) já programa a construção de mega-puteiros só para o evento. É o encontro da organização brasileira com a devassidão alemã dando seus frutos.

A Justiça chinesa condenou à morte na terça-feira (07/06) um jogador de videogame que esfaqueou um adversário após a disputa por uma arma virtual. Francamente, a manchete não dá espaço para comentários.

A namorada de 16 anos de um preso o agarrou na saída do Fórum de Penápolis, interior de São Paulo, e o beijou apaixonadamente. Os policiais que acompanhavam o rapaz desconfiaram da atitude da adolescente e conseguiram evitar que ela passasse ao namorado, no beijo, um pacote de maconha. Essas adolescentes são espetaculosas demais...

O médico Celso Gromatzky falou dia desses sobre a ejaculação precoce. Num arroubo de humor negro, definiu traços do perfil dos portadores da síndrome do “vai ser bom, não foi?”: “Alguns indivíduos têm o perfil do ejaculador precoce. É o sujeito ansioso, perfeccionista, é aquele ‘executivo bem sucedido’, que quer tudo pra ontem”. Ótima, doutor!

Roberto Jefferson disse que, se afundar, leva a república junto. Pode ser que mais tarde fale que fez apenas bravatas, como já virou praxe na sucessão de episódios que começou com Maurício Marinho, lá nos Correios. Mas provavelmente não. Já o chamam de maníaco-depressivo, e essa é praticamente uma prova de que o que Roberto fala é verdade. Isso pra você ter idéia de quanto pus ainda vai sair (se sair) dessa ferida chamada Política no Brasil. Eu pago pra ver.

Marizete dos Santos, moradora da favela Funchal, que fica nos fundos da loja Villa Daslu, disse esperar que sua comunidade de 215 barracos seja beneficiada com a proximidade da loja. A Secretaria de Habitação respondeu prontamente ao apelo de Marizete e anunciou a solução do problema. Os 215 barracos serão removidos e os moradores despejados do terreno, que é particular.

Ribamar Bessa Freire, o autor da coluna TaquiPraTi, descreveu o julgamento de Sabino Castelo Branco. Imperdível.

sexta-feira, junho 10, 2005

Sobre meninos e lobos


E tem também aquela história da reunião entre clientes e fornecedores, naquela repartição pública, logo depois do final do expediente. Os dois lados ligam seus gravadores e filmadoras com o prévio conhecimento da outra parte. No afã de desinfetar a máquina pública, o governo agilizara a aprovação da Reforma Administrativa, sob a qual todas as negociatas federais passaram a ser obrigadas a serem registradas em áudio e vídeo, do jeito que funcionam os call-centers. O primeiro e imediato efeito da Reforma Administrativa fora a melhora da imagem pública. Agora, todos com suas gravatas alinhadas e suas barbas irretocáveis, procuram seus melhores ângulos e trocam segredinhos cabeludos:

- Boa noite, Dr. João Ferreira, tudo bem?
- Tudo bem. E como vão vocês?
- Tudo bem, graças a Deus. Os negócios estão mal, os juros são altos demais e infelizmente estamos impedidos de contratar pessoal e ajudar esse grande país a crescer como merece. Mas deixa pra lá, ainda temos fé nessa nação.
- Eh... Vamos lá, em que posso ajudar vocês e o nosso grande país?
- Bom, como você sabe, estamos participando daquela concorrência de 400 milhões, lembra?
- Sim, claro. Eu e este grande país estamos ansiosos pela compra dessas trezentas réguas e desses 200 lápis nro. 2.
- Pois é. A gente veio aqui pra te fazer uma proposta.
- Proposta? Mas ela vai beneficiar o país?
- Claro, claro! [Nesse momento a reunião passa a ser escrita]

Transcritos os bilhetinhos, escritos em post-its comprados a R$ 350 o bloquinho, se veria:

- É o seguinte, Ferreirinha: você assistiu Velocidade Máxima, com aquele cara da Matrix?
- Veloc... Veloc... não, acho que não. Por quê?
- Seguinte: pra despistar o vilão, que filmava todos os seus passos e prometia explodir o ônibus se alguma saísse do script, os mocinhos decidem exibir, como se fossem ao vivo, imagens gravadas, nas quais obviamente nada demais acontece. Enquanto isso eles poderiam dar um jeito de livrar-se das vistas do cara mau e salvar todos os inocentes.
- Sim, mas o que a gente ganha dessa bosta de país com isso?
- Calma, Ferreirinha. Temos aqui fitas com imagens gravadas na sua sala, enquanto fazíamos aquele blá-blá-blá sobre essa merda desse povo. Agora a gente põe essas gravações pra rodar repetidamente, enquanto a gente conversa mais à vontade... Entendeu?
- Arrã... Então vamo logo, mermão!


[Fitas trocadas]

- Ahhhh... porra, eu já tava cansando de escrever!
- Hehehe... Ferreirinha, ta aqui, ó. 3 paus pra gente começar a conversar, cabôco.
- Opa, dá aqui... [pigarrinho]
- Então, o que você vai arrumar pra gente?
- Já tá tudo arrumado, parceiro! Dinheiro na mão, calcinha no chão!
- Ótimo! Agora vamo destrocar as fitas.

[Fitas destrocadas]

- Então, Doutor João Ferreira, nós agradecemos novamente a oportunidade, viu? E esperamos que todo esse mal-entendido na imprensa seja esclarecido. Essa repartição não pode ser manchada por denúncias de corrupção. No que depender de nós, empresários, essa grande nação vai se ver livre de pessoas desonestas.
- Que bom, senhores. É de empresários como vocês que esse país precisa.
- Boa noite.
- Boa noite.

quinta-feira, junho 09, 2005

Flashes do vácuo...


Do Futebol - Tudo seria diferente se os brasileiros tivessem tanta certeza de que são melhores que os argentinos como os argentinos têm certeza de que são melhores que os brasileiros...

Da Breguice - 15 dos 450 garçons que trabalharam na inauguração da Daslu em São Paulo passaram mal depois de almoçarem. Foram atendidos no ambulatório e voltaram ao batente. Nem os garçons dessa gente têm estômago forte pra agüentar feijão com arroz. Te mete.

Da Demência - Acabaram de me perguntar por que o Durex se chama Durex. Por que não Molex, Colex, Grudex ou Fitex? Por favor, se alguém tiver a resposta, me passe.

Da Genialidade - Mais tarde dou melhor atenção a esse assunto, mas já o adianto pra você. Inventaram o Pac-Man real, onde os jogadores fogem de fantasminhas e “comem” bônus em labirintos reais.

quarta-feira, junho 08, 2005

Filme nacional é ruim, mesmo.


Roberto Jefferson está aquecendo a voz, cantando antigas canções italianas do tenor Caruso em seu apartamento. O deputado estuda canto lírico. Agora há pouco foi aplaudido pelos jornalistas que se amontoam em frente ao prédio. O que está faltando para que a Polícia Federal consiga um mandado de busca e apreensão para o apartamento do patife, onde supostamente estaria o futuro de boa parte dos ocupantes da Câmara, do Senado e do Ministério de Lula?

O Brasil vai ser refém dessa gente por quanto tempo mais?

terça-feira, junho 07, 2005

Não tire as crianças da sala!


Nota fresquinha do Blig do Noblat:

"Vou lavar minha alma"

O deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, confidenciou hoje a dois amigos, também deputados do PTB, que tem 51 fitas com gravações de conversas dele com políticos de vários partidos e até ministros de Estado. "Vou botar prá foder", disse ele a um dos seus confidentes.
Jefferson contou que está muito magoado com um monte de gente - especialmente com gente do governo. Mas também com colegas de partido que querem vê-lo pelas costas.
De fato, a maioria dos deputados federais do PTB quer que ele renuncie ao cargo. Fernando Bezerra (PTB-RN) ameaça renunciar à liderança do governo no Senado se Jefferson não largar a presidência do partido.
- Vou lavar minha alma - prometeu Jefferson.

Recomendação malfazeja: ponham, urgentemente, um colete à prova de balas no patife. Pelo menos por enquanto. Depois que o ventilador parar de girar, podem tirar e jogá-lo na Praça da Sé.

Os macaquitos são um hit


Veja on-line
Fila de arianos às portas do Zoológico Monumental de Nuñes

Da Veja on-line:

"Torcedores esperam na fila para comprar ingressos para a partida de futebol entre Brasil e Argentina, que acontece nesta quarta-feira no Estádio Monumental de Buenos Aires. A venda dos 15.000 ingressos para as arquibancadas populares começou meia hora mais cedo devido ao acúmulo de pessoas interessadas em assistir à partida eliminatória para a Copa do Mundo de 2006. Os primeiros da fila - que pela manhã reunia 20.000 pessoas ao redor do estádio - estão acampados no local desde sábado. A Argentina é a primeira colocada entre os países da América do Sul, com 28 pontos. O Brasil tem 27."

segunda-feira, junho 06, 2005

Impeachment à vista, acredite.


A oposição tem evitado falar a palavra impeachment desde que a crise do governo Lula começou. A idéia era que se deixasse Lula e sua trupe morrerem sozinhos, afundados na própria incompetência. Não interessa à oposição uma crise política, o caos institucional e a quebra do país. Mas o PFL já fala na palavra. Sim, o impeachment. E não se engane, você que lê. Há motivos suficientes para que se leve a sério a idéia. Ao que tudo indica, mais indícios vão surgir e mais trapalhadas serão feitas. A corja que se apossou do governo e da debilidade do governo vai começar a se engolir. Cobras vão devorar cobras, e muita, mas muita porcaria será jogada ao ventilador. Tenhamos estômago forte, pois precisamos assistir a esse filme. De outra forma, nada dessa doença será curado. Acompanhe o desenrolar do caso no blog do Ricardo Noblat.

Notas de segunda-feira


Em retaliação contra um atentado que matou cinco pessoas numa mesquita xiita, uma multidão revoltada ateou fogo a uma loja da rede KFC, empresa americana de alimentos, no Paquistão. A polícia descobriu os corpos de seis empregados entre os restos da loja. Esses muçulmanos seguem à risca o “olho por olho”, mesmo. A rede KFC vende frango frito.

Um caminhão carregado com bolsas de R$ 3.000, sapatos de R$ 2.500 e calças jeans de R$ 1.300, com destino à nova loja da Daslu, em São Paulo, foi roubado. Carlos Ferreirinha, consultor da marca Burberry, dona da carga, expressou toda a indignação e preocupação – tão notória entre seus clientes – com o estado social do país, num desabafo contundente: “Montamos um esquema de emergência para trazer outras peças da marca para a inauguração da Daslu. Imagine a Daslu inaugurar sem nossa coleção?!”

Pelo menos 86 náufragos equatorianos foram resgatados perto da ilha de Coco, no Pacífico da Costa Rica, graças a uma mensagem que enviaram em uma garrafa achada por uma embarcação que saiu em sua busca, informou neste domingo uma fonte oficial. O bilhete encontrado dentro da garrafa dizia “SOCORRO, ESTAMOS À DERIVA! NAVIO NAUFRAGOU 3 DIAS, ESTAMOS SEM ÁGUA. CRIANÇAS A BORDO – PESSOAS FERIDAS... OBS.: PEDALA, ROBINHO!”

Em entrevista a Larry King na CNN, semana passada, o ex-presidente americano George Bush, pai de Jesus W. Cristo, disse que deseja muito que, terminado o segundo mandato de Jesus, seu outro filho, Jeb, governador da Flórida, seja o presidente americano. Resista, caro leitor, a ver piada nisso. Os americanos já provaram que são capazes.

Dois meninos de 12 anos assaltaram uma pet shop em São Paulo com uma espingarda de mentirinha. Anunciaram o assalto, fecharam a loja e, tranqüilamente, limparam o lugar. Já estão na mira de olheiros do PTB, do PFL, do PSDB e do PT, onde já são cotados como promessas nas categorias de base.

Roberto Jefferson, que ninguém pode chamar de ladrão até prova em contrário, disse à Folha de S. Paulo que o PT, via Delúbio Soares, seu tesoureiro (lembram de PC Farias?), pagava uma mesada de 30 mil reais aos deputados aliados, para conseguir governar. Disse que Zé Dirceu e Palocci sabiam. Disse também que toda a briga entre o governo e a câmara é porque os deputados queriam um aumento para 50 ou 60 mil reais.

O presidente Collor, derrubado democraticamente em 1992, foi à tevê e pediu ao Brasil que não lhe deixasse só, e que no dia seguinte saísse às ruas vestido de verde e amarelo. Resultado? O Brasil vestiu preto (que é mais elegante e combina com tudo) e foi às ruas, matar aula e pedir o fim da corrupção.

O governo Lula escalou o Ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos, para ir à tevê pedir o apoio da população e prometer acabar com a bandalheira que está instalada no país. Corre o sério risco de, enfim, indignar o país. Como sabemos, o Brasil rouba e deixa roubar. Agora, ir à tevê e pedir providências do povo já é demais.

Pelé foi convidado pela Rede Globo a participar da novela América. Como eu já disse antes, não digo mais nada, apenas mantenho minha aposta: assessores da autora já estão à procura do Saci Pererê, do ET de Varginha e do Mapinguari.

Triste a situação desse país. Nem uma novela que preste há para desviar a atenção do noticiário policial, digo, político.

O Ipea divulgou estudo mostrando que o Brasil tem a segunda pior distribuição de renda do mundo conhecido. Como sou um otimista crônico, prefiro ver o lado positivo. Estamos bem à frente de Serra Leoa, o último colocado na pesquisa.

quinta-feira, junho 02, 2005

Casa de ferreiro...


O jornal Diário do Amazonas de hoje aponta a gasolina manauense como a quarta mais cara do Brasil. Perde apenas para os estados do Mato Grosso, do Acre e de Roraima. O dado interessante fica por conta da inexistência, nesses estados, de produção de petróleo ou de refinarias. Agora preste atenção: o estado do Pará, que não fica no Amazonas, compra a mesma gasolina que os donos dos postos manauenses, da refinaria Isaac Sabbá, que fica no Amazonas. Os manauenses pagam menos, cerca de R$ 2,076. Mas, estranhamente, pagamos mais do que os paraenses pela gasolina. É a tal margem de lucro local, às vezes até forçada, pela justiça, a ser aumentada. É impressionante a perfeição da concorrência perfeita de Manaus. Aqui a competição é tão acirrada que o equilíbrio perfeito, possível somente nos livros de física mecânica do ensino médio, acontece. É como se um cabo de guerra fosse tão equilibrado que durasse anos, sem que sequer um centímetro fosse movido. Mas não se turbe o vosso coração, amada Manaus. É a justiça. Ou iríamos querer ser a quarta cidade mais rica do país e não pagar a quarta gasolina mais cara?

quarta-feira, junho 01, 2005

Ô terrinha...



Jack e Meg ouvem a pergunta dos repórteres:
"e aí, gostaram da nossa gente?"

Do jornal A Crítica de hoje:

"Os fãs que não conseguiram, ou não puderam, comprar ingressos para o show do White Stripes no Teatro Amazonas, não precisam se preocupar. A banda autorizou a instalação de um telão no Largo de São Sebastião, onde o público vai poder conferir o show, que vai ser transmitido simultaneamente."

A todos os que pagaram 40, 80, 110 ou 150 reais - eu inclusive - nossa provincianíssima província de Manaós manda o recado:

"Bando de leso!"