sexta-feira, julho 29, 2005

I know what you did last summer



E então se descobriu que M. V. Bill (leia-se Marcos Valério Nota) foi avalista, também, de empréstimos a Pimenta da Veiga, ministro de Fernando Henrique Cardoso. Quando queixos ainda caíam com a notícia, se descobriu, também, que um dos sócios de M. V. Bill nalguma de suas dezenas de empresas foi o juiz eleitoral que aprovou as contas da campanha de Eduardo Azeredo, ex-governador de Minas Gerais, hoje presidente do PSDB. Em 1998 Azeredo recebeu dinheiro das contas de... de... sim, ele: M. V. Bill. Como queríamos demonstrar, o círculo é a figura geométrica perfeita. Não tem início nem fim.

quinta-feira, julho 28, 2005

O que dá usar O Nome em vão...


180 famílias foram despejadas numa ação de reapropriação da invasão que por elas foi batizada Jesus me Deu, aqui em Manaus. O proprietário do terreno, com quem Jesus certamente não havia combinado a doação, conseguiu legalmente reaver sua terra. A parcela com algum humor dos despejados já quer rebatizar o terreno de Jesus me Deu, mas o dono tomou de volta.

quarta-feira, julho 27, 2005

CPI ao morto, sem se mexer.


Há algo muito estranho - ou errado - num sistema político em que os parlamentares investigam a si próprios e decidem sobre os próprios salários. Ao assistir boa parte do depoimento da gracinha Renilda, vi o quanto é deficiente o trabalho investigativo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Juízas com ar de professoras, pés rapados fazendo pose sem dizer nada, cães raivosos a serviço da camarilha do poder, pseudo-galãs de novela mexicana, cães raivosos a serviço da ex-camarilha do poder e, no meio disso tudo, uns três gatos pingados que sabem o que perguntar. Ademais, depoimentos como este não valem nada, como os de Delúbio, Sílvio e Marcos. Mais importante é analisar documentos. Perder o dia ouvindo lorota é coisa pra desocupado. Pena que eu não resisto.

terça-feira, julho 26, 2005

fdr


Este post é do Fábio Danesi Rossi, que, por essas, é um dos meus blogueiros preferidos. Pena que às vezes diga tanta besteira sobre política - internacional, diga-se. Tudo bem, seria demais pedir que alguém tão bom com a ficção fosse genial também na vida real.

"Filosofia

- Sabe o Mario Ferreira dos Santos?
- Que Mario Ferreira dos Santos?
- Aquele que te comeu atrás do armário Ferreira dos Santos."


segunda-feira, julho 25, 2005

Notas de segunda-feira, ainda.


O eletricista Jean Charles de Menezes, morto pela polícia inglesa com oito balas, sete na cabeça, por suspeita de terrorismo, estava com o visto de permanência vencido. É o que dizem as autoridades britânicas. Bom, agora pelo menos se sabe por que o brasileiro foi morto, né?

O que falta agora é a polícia americana cometer o mesmo erro com atrizes globais que fazem papel de imigrantes ilegais.

Fernanda Karina Somaggio, a secretária do careca, pretende se candidatar a deputada federal em 2006. Para isso, fez umas continhas e viu que seriam necessários pelo menos dois milhões de reais. Agora pede exatamente os 2 milhões para posar nua na Playboy. Finalmente alguém pra mostrar ao país como se fazem campanhas políticas no Brasil.

Ganhamos uma cadela dogo argentino da Christina. Está linda. Já tentamos vários nomes, Brigitte, Pâmela, Natasha, Waleska, Tânia e outros tantos nomes femininos bem putinhos, mas a cada dia ganha mais força um nome que até agora corria por fora, por não ser, digamos, muito lisonjeiro. Acho que não vai dar outra, o nome dela vai ser simplesmente Fezes.

Você já percebeu que 80% dos palios da sua cidade – seja ela qual for – tem a traseira amassada? Se isso ainda não convence ninguém de que esse carro, e quem estiver dentro, deve ser tirado de circulação, ou pelo menos mandado para a faixa de baixa velocidade das ruas, há algo errado com esse país!

É quase terça, eu sei, mas as notas ainda saíram na segunda-feira.

Heloísa Helena anda sendo ameaçada de morte pela curriola das negociatas, pela camarilha do planalto, pelos delinqüentes de luxo do poder, pela cúpula palaciana, pelos responsáveis pelo balcão de negócios montado em Brasília, pelos babões do poder, etc. Enfim, a senadora anda recebendo telefonemas terríveis de todos os maiores e mais centenários clichês do discurso esquerdista mundial. Poderosa, a alagoana.

Juro, estou tentando me concentrar nestas notas, mas há um Animal Planet da vida que não deixa. Neste exato momento há uma vaca desgovernada dando trabalho para uma equipe de polícia numa das mais emocionantes e eletrizantes perseguições policiais que já vi, só perdendo para Supermacia Bourne e Ronin.

No bloco anterior um gato ("Pink, o gato", segundo a bem humorada apresentadora) passava de bichano fofo di-mamãe a felino-do-demônio, num ataque ensandecido contra o dono, a reportagem, o câmera-man e o mundo todo. Pink, o gato, nunca mais foi visto.

domingo, julho 24, 2005

Aqui, vendo você aí.


A vida trouxe novidades essa semana. Por isso a atualização sofreu uma pequena pausa por aqui, mas nada demais. O problema é que daqui de casa fica difícil atualizar isso, pois o computador fica muito próximo à cama. E daqui, quando sento e procuro o que dizer, olho pra você e vejo você dormir com o óculos no rosto, com esses pés cruzados e em ininterrupto movimento, decido sempre desligar esse troço e ir praí.

Ó, não deu outra. Até logo, pessoal...

quinta-feira, julho 21, 2005

Play Canção da América, Sam...


Confesso, nunca dei muita importância a datas comemorativas como este dia 20 de Julho, o Dia do Amigo. Recebi alguns emails, emails simpáticos, carinhosos, até comoventes, eu diria.

Mas - me desculpem, meus amigos - amizade mesmo, daquelas pra se guardar do lado esquerdo do peito, eu acompanhei hoje, pela CBN, desde as 9:00 da manhã. Delúbio Soares, tesoureiro licenciado do PT - que ainda recebe seus 6 mil reais de salário -, como diria Roberto Jefferson, matou aqui ó, no peito, tudo o que fizeram seus amigos e Vossa Excelência, o Presidente. Pretende arcar com todas as punições pelos crimes confessados (o que, sendo réu primário, deve dar uns... 3 meses em regime aberto) e assumir toda a responsabilidade pelas dezenas de milhões que fluíram pelo PT, sem que ninguém mais notasse.

Isso é amizade, my fellas. Esses arquivos Powerpoint, com essas mensagenzinhas carinhosas, não estão com nada. Amizade mesmo é matar tudo aqui, ó.

Desculpem-me a repetição do assunto. Sei que falo palavras repetidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas?

terça-feira, julho 19, 2005

Un país sin cojones


Pés sujos, lençóis mal arrumados, trancas mal fechadas ou sujeira debaixo do colchão me impedem de dormir em paz. Independente do cansaço, do porre, do sono ou da programação da tevê, preciso fazer diariamente esse check-list, senão rolo na cama a noite inteira. Incomoda demais deitar em panos brancos cheirando a amaciante, se sei que bem ali, centímetros abaixo do meu ninho confortavelmente asséptico há sapatos sujos, meias empoeiradas ou migalhas de pão. Não dá. Sei que esses copos sujos de suco, poeira e migalhas de pão sempre voltarão pra lá, praquele cantinho abaixo de mim, protegidos pela penumbra do meu cansaço. Mas nunca deixarei de me incomodar com eles. Porque essa limpeza diária não varre a sujeira pra sempre, precisa ser feita constantemente. Aquela ferida do tombo de bicicleta na minha infância só sarou quando aceitei toda a dor da limpeza, todo o ardor da eliminação da terra, da poeira e do sangue.

O Brasil não vai melhorar com a crise, porque não temos coragem para limpar a ferida de verdade. A dor da abertura dessa ferida veio, novamente, num esbarrão descuidado em uma quina de mesa. Abrimos a ferida por acaso, não por zelo, e apenas algumas células mortas da casquinha da ferida serão arrancadas. A limpeza que devemos fazer não vai resolver nada, amanhã. Vai apenas nos dar um sono mais aconchegante hoje, com aquela sensação gostosa de dormir sobre lençóis macios e cheirosos, que estarão sobre uma cama de madeira lustrada, que pousará sobre um piso de cerâmica limpa. Por hoje, ao final dessa faxina cansativa, estaremos livres dela, a sujeira do topo. Mas e quanto a amanhã? Não nos deparamos com uma espécie, uma raça ou um partido específico de ladrões. Lidamos com um sistema corrupto, um filme B, independente de seus protagonistas. Sujamos por natureza, e enquanto não inventarmos um botão auto-clean ou um sistema político sem interferência humana, de tempos em tempos teremos de juntar esponja e sabão e agüentar o aspecto e o odor da sujeira. Assim, evitaremos nos enganar, pensando que quem faz a sujeira são outros que não nós mesmos. Não poderemos culpar o presidente por suas contratações e indicações medíocres enquanto as nossas permanecerem medíocres nesses outubros e novembros eleitorais.

Cuido da minha cama, da minha higiene pessoal, do meu sono. Lavo os pés, limpo o chão e troco os lençóis da cama, porque detesto enganar a mim mesmo. Amanhã será outro dia. Dia de limpeza, mais um dia do tedioso, mecânico e imprescindível dever da limpeza.

Mas temo e lamento, pois meu país é um menino mimado que não suportaria a dor de limpar suas feridas como elas devem ser limpas.

segunda-feira, julho 18, 2005

Notas de Segunda-Feira


O broche da estrelinha vermelha foi trocado, no paletó presidencial, pela bandeirinha do Brasil. Lula nada mais tem a ver com o PT, esse filho outrora querido que hoje só dá desgosto. Aquele monstro híbrido, mistura de PT com Governo Federal, não existe mais. O PT nada mais tem a ver com o Governo. Incrível.

Estranha, muito estranha a entrevista dada pelo presidente a uma jornalista que não é jornalista, comprada pela Globo e mostrada no Fantástico. Gravada em Paris, a entrevista correu em clima de perguntas ensaiadas e gravadas depois das respostas. Lula não fala a sério com jornalistas brasileiros, como se sabe. Não dá entrevista coletiva, não senta nos jardins do Alvorada ou do Torto para um bate-bola com repórteres nacionais.

Aliás, ganha força a hipótese de que Dirceu tem alguma forma de poder sobre a Globo. Estão aparentemente inauguradas as Parcerias Público-Privadas no Brasil. Na sexta, Marcos Valério. No sábado, Delúbio Soares. No domingo, Lula. Todos traçando a mesma história, seguindo os mesmos passos, apontando nas mesmas direções. O PT falou, enfim, a mesma língua. A da mentira.

Pra quem acha que Dirceu se ferrou (pra não fazer rima chula), junte essa notinha do Ricardo Noblat de sexta-feira às entrevistas em série (sexta-sábado-domingo) conseguidas pela Globo:

Para quem Delúbio deve falar - Está em curso um intenso, mas discreto debate em meio aos caciques da Articulação, grupo mais poderoso do PT: o ex-tesoureiro Delúbio Soares deve ou não conceder entrevista à imprensa antes de depor na CPI dos Correios na próxima quarta-feira? Se deve, para qual veículo de comunicação? O deputado José Dirceu (PT-SP) só admite que ele fale para algum veículo das Organizações Globo. Certamente porque eles são campeões de audiência”.

Vejamos se a Globo já terminou sua “série de reportagens especiais” (como gosta de fazer) ou se ainda vamos ver, a cada dia dessa semana, Genuíno, Dirceu e Sílvio Pereira recebendo amistosamente repórteres globais para uma entrevista ex-clu-si-va.

Resultado: as entrevistas em série da Platinada deixaram o gosto amargo do “menos pior” na boca do telespectador, que, involuntariamente, anda meio aliviado ao ver que o PT dá sinais de que pode, sim, mentir articuladamente - como fazem políticos de verdade. É triste, mas o Brasil torce para que o presidente seja apenas idiota, não corrupto. A que ponto chegamos...

O Real Madrid está disposto a pagar 50 milhões de euros ao Internazionale de Milão por Adriano, o artilheiro da última Copa das Confederações. De brinde o clube espanhol ainda oferece aos italianos Ronaldo, o Fenômeno. Sério, de brinde mesmo.

Delúbio Soares e Sílvio Pereira também pediram seus hábeas-corpus preventivos ao STF, para sentirem-se à vontade pra mentir ao país na CPI dos Correios. Provam, assim, que mais do que fazer como os ladrões tradicionais do PFL, do PSDB, do PMDB e do PTB, o PT também pode lançar moda em quesito de malandragem. A esta altura, pensam as raposas velhas: “Mas que meninos inovadores!”.

Um polonês, desesperado com a partida de sua namorada lituana, ligou para o aeroporto e disse que havia uma bomba no avião da moça. Foi preso e confessou o ato de amor desesperado. O estranho é que ninguém no avião nem no aeroporto aplaudiu a presepada, como nos filmes da Meg Ryan ou da Drew Barrimore.

Discordo das acusações de que a Polícia Federal está sendo exagerada em suas diligências. Mas convenhamos, a escolha de um procurador com cabelinho Chanel para chefiar a operação foi um acinte, um bofete com luva de pelica. Mas pelica francesa, frise-se, que as peles dos acusados têm hô-rrôrrr a pelica nacional barata.

Arthur Virgílio Neto, líder do PSDB no senado, em entrevista a Ronaldo Tiradentes, pela Rádio CBN de Manaus, que perguntara sobre os dividendos positivos que a crise petista teria trazido aos tucanos: “Não, ainda não acho que a população brasileira esteja morrendo de saudades do PSDB. Sou muito realista sobre isso”. Esqueçam-se as paixões políticas, dá gosto ver político sendo realista.

A socialite Marina de Sabrit deu entrevista ao Fantástico ontem, explicando seu amor ao luxo: “Tem mulheres que procuram um psicólogo quando têm problemas, uma ajuda médica. Tem outras que precisam comprar, pro desespero do parceiro”. Agora diga, tem coisa mais chique e refinada? Palmas para a Globo – mais Globo! -, que retrata tão bem o tipo em suas novelas.

quinta-feira, julho 14, 2005

Picaretagem mudou de nome


Do Rafael Azevedo:

"Bandidos perigosíssimos, assaltando a mão armada, estuprando e sequestrando, transformam a vida do paulistano num inferno. Enquanto isso, a polícia - sempre consciente de suas prioridades - realiza operações importantíssimas para a segurança da cidade como prender a dona da Daslu e um jovem que plantava maconha dentro de seu apartamento. Sou só eu que vê algo suspeito nisso tudo?"

Do Marcelo Tas:

"Os jornais parecem obras de surrealistas nesses dias no Brasil. Enquanto a dona da Daslu vai de camburão pra delega no centrão da cidade, Lula está passeando em Paris."

Da Revista Exame, dois dias antes da operação:

"O templo paulistano do luxo se tornou o grande alvo da histeria anticapitalista no Brasil"


...Cara-de-pau não tem lado nem limite mesmo.

To be or not to be...


Não, não é chique sonegar imposto. Nem é chique criar empresas fantasmas para emitir notas fiscais falsas. Nem é chique ser condenado pela Justiça do Trabalho por pagar salário de funcionários por fora. Nem é chique declarar ao fisco que as gravatas Hermenegildo Zegna, vendidas a 3 mil reais, tenham sido compradas por 5 dólares. Não, isso não é chique. Como também não é chique ser denunciado por formação de quadrilha, por incentivar outras empresas a sonegar. Não é chique, de jeito nenhum é chique, ser suspeito de falsidade material e ideológica, muito menos ser acusado de crimes contra a ordem tributária. Não, não é chique posar acima dessa breguice chamada dinheiro, enquanto se dá tanto valor a ele, a ponto de se roubar e se fraudar o país para tê-lo.

Chique é viver num lugar bom de viver. Chique é andar de Armani pelas calçadas de Manhattan. Não porque Armani é chique, mas porque Manhattan é chique; e porque poder andar nas calçadas da sua cidade é chique. Chique é morar num país em que sonegadores de impostos aparecem algemados no noticiário. Chique é viver num lugar em que fraude dá cadeia, em que condenados choram, sabedores que não escaparão. Chique é morar numa cidade na qual os comerciais dos carros importados possam ser filmados. Chique é ter relógio Bulgary e poder usar, é ter Jaguar e poder dirigir, é ter casa bonita e não precisar esconder. Chique é ter dinheiro, mas mais chique ainda é fingir não ter. Chique não é apenas ser rico, é ser rico e não ter processos e suspeitas nas costas. Chique, no Brasil, é não ter passagem pela polícia. Chique é encontrar gente comum atrás dos balcões das lojas caras, e não a filha de um governador ou a esposa de um publicitário festejado. É ser rico às claras, sem esconderijos, sem palacetes blindados e sem entrevista de triagem na primeira visita.

Chique é ser parte de um todo que é chique. É esbarrar, num passeio de bicicleta, com gente que é rica e com gente que não é. Chique é desfilar de Prada e Versace em Milão, não pelas marcas, mas porque Milão é toda chique; é andar de Channel em Paris, porque Paris é toda chique. Chique é entrar no metrô londrino e encontrar o prefeito e o porteiro do prédio. É passear por Times Square, em Nova Iorque, e entrar em lojas caras a pé. É ver Porsches e Mercedez desfilando por ruas limpas. Chique é se incomodar com a pobreza, não por bondade ou sensibilidade social, mas por querer desfilar sua muambinha de 15 mil reais num cenário melhor, mais adequado. Até porque reza a etiqueta mais básica que é primordial saber combinar, e eis aí a suprema jequice brasileira: teimar em combinar o chique e o descaso, o elegante e a fraude, o requintado e o fruto de roubo. Chique é usar helicóptero pra chegar mais rápido, e não pra evitar seqüestros, é ter jato particular para trabalhar, não para evadir dinheiro. Chique não é blindar o carro, é não ter porque blindá-lo. Chique é ser um cidadão comum e poder comprar sapatos caros de vez em quando, sem que isso seja notícia. É vestir calças de 4 mil em vez de ser vestido por elas. Chique é, como fazem os pobres, pagar impostos. Chique é poder andar a pé pelas ruas da cidade em que se vive. E se a cidade não permitir isso, é chique que se aja como se algo houvesse de errado com ela, e não que se ignore seus problemas.

Chique é ser discreto. Chique é, pra começo de conversa, evitar a palavra “chique”. Não há gente chique que a pronuncie, sem exceções. Depois o mais complicado – e o mais simples também: chique é ter, usar, gastar e exibir seu próprio dinheiro. O resto é só uma horda de Imeldas e Martas, latinas e caipiras, desfilando futilidades e dinheiro dos outros.

Sobre isso aqui, Andy Warhol teria dito que "no futuro, todos terão direito a seus quinze minutos de interrogatório na Polícia Federal".

quarta-feira, julho 13, 2005

Só rico é que vai preso nesse país


Ontem o jornal americano "The Christian Science Monitor" afirmava que a nova loja da Daslu, em São Paulo, permite ver "o lado rico da desigualdade de renda do Brasil, uma das maiores do mundo". Hoje a principal loja de artigos de luxo do Brasil está na mira de uma megaoperação realizada por uma força-tarefa composta pela Polícia Federal, Receita Federal e Ministério Público. Conforme os agentes envolvidos, a Daslu é suspeita de sonegação fiscal, subfaturamento de produtos e contrabando. A dona, Eliana Tranchesi, foi presa em casa e encaminhada para a sede da Polícia Federal em São Paulo.

Como no Brasil é pecado ser rico, boa parte da clientela de peruas, esposas e filhas de políticos e empresários (a filha do governador Alckmin é dasluzete), está com os cabelos lisinhos de pé. Resta ao país se estarrecer com a notícia. Ninguém, absolutamente ninguém poderia suspeitar de qualquer irregularidade, tanto por parte da empresária, quanto por parte de seus clientes.

terça-feira, julho 12, 2005

Um ano


O Malfazejo fez um ano, precisamente no último 3 de junho. Não percebi. Mantém o compromisso de não ter compromisso e de ser atualizado diariamente, à exceção dos sábados, domingos e feriados, pois folga é folga. Começou com uma citação, passou por seus quinze minutos de fama, caiu no ostracismo, variou mais ou menos a quantidade de assuntos e oscilou entre a chatice e a diversão. É um aniversário um tanto triste, pois chega aqui sem a companhia da Parafernália Cabocla, da Terra de Bárbaros e mais recentemente do Club dos Terríveis. Mas é um aniversário alegre e promissor, pois traz a necessidade de se pensar além, de se traçar outros planos. Nasceu como uma experiência, fruto de um impulso. Hoje, independente dos leitores, precisa continuar, pois fez muito bem ao seu mantenedor. Há idéias, há projetos, e chegou a hora de crescer. Foi muito bom. Poder dizer bobagem e coisa séria, poder brincar, maltratar, defender e atacar, enrolar e polemizar, ser franco e ser cínico. Agradeço as visitas de todos. Voltemos à nossa programação normal.

segunda-feira, julho 11, 2005

Notas de Segunda-Feira


Já passou do momento de se criar a CPI da Bulimia, para investigar as relações do badalado – e nas horas vagas jogador de futebol - Ronaldo “Fenômeno” com os donos das agências de modelos. Todo ano o simpático-lindo-gente-boa do Real Madrid elege a carreira de uma criatura de pele e osso para dar uma força. É a isso que se resume o mundo fashion e quem ao redor dele orbita esfuziante: vazio puro.

A PF acabou de prender João Batista Ramos da Silva, pastor da Igreja Universal e deputado (PFL-SP) nas horas vagas, tentando embarcar no jatinho da igreja rumo a São Paulo com 7 malas de dinheiro (aproximadamente R$ 6 milhões), em notas de 10, 20, 50 e 100 reais. Nada a ver com um mensalão da oposição, infelizmente. É fruto de roubo comum mesmo. Esse, porém, consentido pelas vítimas dos bispos. Menos mal.

Os tigres Toni e King, do circo Stankovitch, não suportaram o frio de Campos do Jordão e morreram no último fim de semana. Os turistas estão chocados com a negligência do dono do circo, que não deu aos animaizinhos nenhum fonduezinho, nenhum bom vinhozinho, nenhuma sopinha italianinha e nenhum outro diminutivozinho do “Vocabulário do Turista de Campos do Jordão”.

O jornal alemão "Süddeutsche Zeitung" afirma que a Wolkswagen alemã pagou “viagens do prazer” a seus executivos, vôos nos quais o serviço de bordo incluía prostitutas. O destino das viagens dos executivos alemães? O Brasil, claro.

Júnior Lima, irmão da cantora SandyJúnior, foi eleito no Prêmio Multishow o melhor músico instrumentista de 2005, à frente de gente como Edgar Scandurra e Roberto Frejat. Tomou uma vaia da platéia e fez um discurso humilde de agradecimento. É isso que dá abrir um prêmio ao voto popular. Injustiça pura. Vaiados deveriam ser o canal Multishow e o povo brasileiro, um pela iniciativa cínica e o outro pelo gosto que tem. Júnior não tem nada com isso.

Segundo especialistas, os ataques a Londres trazem o risco de reações violentas da população contra a comunidade muçulmana na Inglaterra. Dizem os idiotas de um lado que os londrinos mereciam. Dizem os idiotas do outro lado que atacaram a liberdade cosmopolita da cidade. Nada disso. Terror não tem justificativa e não há ar cosmopolita que segure o rancor. Que se preparem italianos, australianos e holandeses.

Hoje é aniversário da minha amiga Cecília. Fica aqui registrada a saudade e a vontade dos amigos de dar-lhe um abraço e desejar-lhe toda a saúde do mundo. Só isso.

quarta-feira, julho 06, 2005

Por amizade e gentileza


1. Qual personagem habita seu blog quando menos se espera?

Minha amiga Cecília, que estranhamente só dava sinal de vida às sextas-feiras. Agora nem isso. Em compensação, liga às vezes por motivos bobos, e esses são os melhores motivos para se receber uma ligação de alguém tão querido.

2. Que post ficou na espera, o bonde passou e você não publicou?

Vários. O último foi algo mais atencioso sobre o Live 8, ocorrido no último dia 2. Escrevi, mas não publiquei. Acho que por desgosto de não ter visto REM, Coldplay, Travis e Keane. Ou por ter tido que aturar um tal de Rafa, VJ da MTV brasileira.

3. Quando a imagem é (ou foi) maior do que qualquer outro texto?

Foi neste post sobre a morte do Papa. Escrevi demais, a imagem passava a mensagem toda. A beleza das cores, do vento, dos cabelos, da postura alquebrada, da fragilidade, da fé, da força de manter firme aquele cajado e ao mesmo tempo depender dele para manter-se de pé, da resignação no sacrifício. Aquela imagem de João Paulo II, pra mim, dispensa comentários.

4. Muitos blogueiros de carne e osso, ou apenas virtuais?

Não há blogueiros de carne e osso. Alguns se tornaram amigos, assim deixando a condição de blogueiros. Mas teimamos em não nos vermos com freqüência.

5. Se um novo batizado fosse possível, que nome escolheria (existente ou inédito) para o seu blog?

Um existente: “O Malfazejo”.

6. Quando é que dá vontade de eliminar o sistema de comentários?

Nunca. Ele não me rege nem me incomoda.

7. Que blog ou blogueiro, presente ou ausente, muitas vezes te traz saudades?

Há vários. Pelo carinho e pela admiração, o Beto, do Rabo de Arraia, e o extinto Terra de Bárbaros. Há outros, mas não vou dar lista de vencedor de Oscar aqui. Outro, por ser tão instável quanto escroto (vão desculpando o termo, mas visitem o Catarro Verde e o adjetivo estará devidamente dentro do contexto), a verborragia escatológica do Sérgio Faria faz falta. Não sei se feliz ou infelizmente, mas o cara é fera. Ah, acabei de descobrir que o Daniell Rezende está vivo. Melhor ainda, continua escrevendo posts como este:

“Errata:

Na edição de ontem, onde escrevemos "um cometa se chocará com a Terra hoje às 20:30", leia-se "um cometa se chocará com a Terra amanhã às 20:30". Pedimos desculpa e esperamos não ter causado nenhum tipo de pânico desnecessário.”


8. Pra quem você passaria o bastão?

Smart Shade of Blue
Orlando Câmara
Daniela Gonzalez


Acho que todos os outros nos quais pensei já receberam a indicação, então, é isso.

Os queridinhos do Ibope


A assessoria de imprensa do pop-star do momento, Roberto Jefferson, precisa ter mais cuidado. Até cantar “Nervos de Aço” no Programa do Jô o homem já anda cantando, meio sem graça, meio sem tom, meio sem ritmo. O risco da superexposição é grande e pode abalar a imagem imaculada do deputado, o que pode levá-lo à saturação, como ocorreu com Sandy, a outra figura angelical e onipresente da história recente do nosso Brasil. A continuar o ritmo atual de entrevistas e depoimentos, muito brevemente seu mandato não deixará saudades e o deputado ganhará rios de dinheiro dando palestras sobre como fazer render contribuições de campanha. Será surpreendido com um “Arquivo Confidencial” no Domingão do Faustão e dará dicas de postura e elegância no sofá da Hebe. Fernanda Karina, a ex-secretária do Rasputin Carequinha, já deve estar sendo sondada por revistas masculinas. Como o que o deputado diz se escreve, espero que Lula tenha assistido a última aparição do guru da política nacional. Bob disse que o presidente está errando novamente, buscando coalizão com o PMDB. Segundo Bob, Lula precisa fechar seu governo e entregar seus cargos vagos a profissionais técnicos como Dilma Roussef; deve esquecer essa história de “governo de alianças”, terminho responsável pelo fim melancólico de uma história – inverossímil, diga-se – de 25 anos de ética, correção e idealismos desse partido de políticos amadores. Que Lula precisa ignorar os urubus e governar com o povo. Simplista? Não, meus caros. A sugestão é dele, o político de maior credibilidade do Brasil, aquele que vive – segundo o próprio – no intestino do poder, há 23 anos, como um protozoário capaz de mutações mil, que mebendazol nenhum pode matar.

Roberto diz. Que assim se escreva, que assim se cumpra, Presidente.

As cores da ilha, por Andreas Valentin




Andreas Valentin, 52 anos, foi aluno de arte de Hélio Oiticica e assistente de direção do filme Fitzcarraldo, do alemão Werner Herzog. Viveu 15 anos na Amazônia, registrando o cotidiano das gentes da floresta e seu entorno ? como neste ensaio sobre a festa do Boi-bumbá em Parintins. Valentin publicou dois livros sobre o festival, "Vermelho, um pessoal Garantido", de 1998, e "Caprichoso, a Terra é Azul", do ano seguinte.

O ensaio completo está no site NoMínimo.

terça-feira, julho 05, 2005

Político quer maconha contra violência em Gaza


O Jerusalém Post relata o plano de um grupo político israelense para que a polêmica retirada de colonos judeus da Faixa de Gaza ocorra em paz. Segundo o jornal, o partido Alei Yarok fez um apelo ao governo israelense para que “permita temporariamente que os colonos e os agentes de segurança usem maconha” para “reduzir os níveis de violência” durante a retirada. O presidente do partido, Boaz Wachtel, diz ao jornal que, “de acordo com pesquisas, a maconha é conhecida por suas propriedades relaxantes e sua capacidade de reduzir comportamentos violentos”.

Da BBC Brasil, na semana passada.

Le Malfaiteur Cuisine


Bata três gemas e uma xícara de glaçúcar (é açúcar) até obter um creme esbranquiçado. Misture aos poucos 300 gramas de mascarpone (é queijo). Reserve. Misture duas colheres de marsala (é vinho, que pode ser trocado por uísque ou conhaque) e uma xícara e meia de café bem forte e quente. Molhe os biscoitos ingleses (duas caixas) rapidamente nesta mistura. Cubra o fundo de um refratário com os biscoitos. Distribua sobre eles o mascarpone. Salpique com 300 g de cacau em pó (é chocolate). Distribua novamente os biscoitos no sentido perpendicular aos que foram colocados anteriormente. Despeje uma xícara de creme de leite, o mascarpone e o cacau em pó restantes. Deixe na geladeira por pelo menos uma hora antes de servir. Depois sirva.

segunda-feira, julho 04, 2005

A triste dor de ser burro


Quando vejo um idealista como José Genuíno passando pelo que ele está passando nestes dias tão pouco idealistas, acuado sem fios elétricos e sem paus-de-arara, mesmo por jornalistas mal preparados, fico confortavelmente triste. Triste porque nasci num país que é essencialmente hipócrita, confortável porque nunca acreditei em ninguém. Quando se diz, a mídia e o povo, que a grande decepção é ver o PT, partido da ética, enlameado, fico triste porque tenho razão. Razão em ser completa e totalmente cético a respeito da integridade de quem não conheço. Quando vejo, no Roda Viva, José Genuíno dizendo ora PT, ora Governo, fico pasmo com a capacidade das pessoas de ainda acreditarem na honestidade e na capacidade alheia, sem comprovação, sem currículo, sem referências, sem indicações.

Sou triste porque não vejo ideais no meu país. Nem de tucanos nem de petistas, nem de petebistas nem de peemedebistas, nem de comunistas nem de conservadores. Sou triste porque a maior parte do meu povo é burra, lindamente burra, romanticamente burra, ideologicamente burra. Não há heróis à disposição para louvarmos, tomemos vergonha na cara. Sei, é belo acreditar, mas prefiro o conforto da tristeza, a mediocridade do ceticismo. Até aqui, no final estou infelizmente certo. E não tenho esperanças de errar tão cedo. E como eu queria estar errado.

Acredito em mim.

Por mim eu ponho a mão no fogo.

Notas de segunda-feira



Eva Green, pra quebrar a acidez dos tempos


Alguns ministérios de Lula não conseguem gastar o que está no Orçamento. Um exemplo: o Programa de Saneamento Ambiental Urbano tem 932 milhões de reais para gastar neste ano. Apenas 6% dessa verba foi usada até agora porque as prefeituras simplesmente não apresentam projetos. Exigir projeto? Peraí, assim também é sacanagem com os prefeitos, né?

De um leitor do blog do Noblat: “O Mensalão acumulou. Ninguém aparece para receber!”.

Desde janeiro, a Polícia Federal fechou dois dos sete postos instalados na fronteira do Brasil com a Colômbia. A terceira base será desativada neste mês, por falta de dinheiro para manter os policiais. Cada uma dessas unidades é composta de dois agentes. É o governo cortando na própria carne, finalmente.

Smart, citando Noblat, citando Arthur Virgílio Neto, nosso John Voight das Amazonas:

“Temos um meio presidente, que é o Roberto Jefferson, que pelo menos demite”

José Dirceu e Delúbio Soares estão brincando com fogo ao conclamar a nação branca-e-encarnada petista a ir às ruas rechaçar o golpe que as elites de direita tramam contra Lula. Da outra vez que um presidente acuado tentou fazer isso, deu no que deu.

Suzanne Richtoffen, assassina confessa dos pais, que mantinha uma pistola calibre 32 e cinqüenta balas dentro de um ursinho de pelúcia, foi libertada porque o STF julgou que não havia motivos para mantê-la presa. Sim, todo brasileiro tem o direito, garantido pela Lei, ao seu primeiro assassinato.

Roger Waters e David Gilmour tocaram juntos Breathe, Money, Wish You Were Here e Confortably Numb no Hyde Park no Live 8, neste sábado. Tudo durou aproximadamente 30 segundos aos meus olhos. Aliás, o dia 2 de julho passou como uma chuva de verão pra mim. Que dia, que noite, seu Geldof!

Cecília, que bom foi receber sua ligação, moça...

Robinho admite que já não gosta mais de jogar no Brasil, e que espera ansiosamente a conclusão das negociações sobre sua ida para o Real Madrid. Robinho não agüenta mais o Brasil falando nele. Nem eu. Já vai tarde.

sexta-feira, julho 01, 2005

Gotcha!


Roberto Jefferson é como aqueles vilões alienígenas maldosos dos filmes de ficção americanos. Sabe aquelas criaturas das quais algumas pessoas só ouviram falar? Políticos corruptos são assim. Todos os conhecem, os apontam com o beiço na rua, como quem diz “Tá vendo ali, aquela meininha ali? Ouvi dizer que é ET, que essa pele e esse vestidinho são de mentirinha, sabia?”. Mas nunca se tem certeza de nada, tudo parece uma eterna teoria da conspiração, um episódio de Arquivo X. Exatamente como aquele “Tá vendo ali? Ouvi dizer que aquele político ali é podre de rico, sabia? Andam dizendo que ele é dono daquele jornal, daquela rede de tevê e daquela gráfica que ganha todas, sabia?”. Histórias mirabolantes sobre festas luxuosas, carrões importados e palácios na Europa são sempre só imaginação popular, um palpite do povão, que nada tem de comprovação científica. Saques de milhões, jatinhos cortando os céus com orgias a bordo, ligações telefônicas entre bispos da Universal e doleiros, pastas cheias de dinheiro saindo de carrões com vidro fumê, etc. Tudo fruto da imaginação, da crendice popular. Exatamente como os vilões extraterrestres. Os poucos que afirmavam tê-los visto são chamados de loucos.

Pois agora temos em mãos um deles. Capturado ainda vivo depois de ser abatido no ar (por fogo amigo) e cair com sua nave espacial em praça pública, este ET está disposto a contar tudo aquilo que sempre povoou apenas o imaginário popular. Vem a público dizer que sim, lá no planeta Mensálion, sua terra natal, os seres humanos são mesmo escravizados, dissecados e usados pra fazer sabão. Que abduziram milhões de humanos, durante décadas, pra dominar o universo inteiro. Dá no mesmo. Este vem dizer que sim, aquelas festas, vinhos e charutos existiam, que o dinheiro roubado tinha nove zeros (quem sabe dez), que havia ali, no Palácio do Planalto, uma salinha dos horrores, onde dinheiro era assunto livre. Que os ladrões abriam o cofre e ainda se davam ao luxo de montar escritório na casa da vítima, onde a divisão do assalto era feita. Este ET veio dizer que sim, nossos mais terríveis temores eram verdade. Estamos sendo roubados há muito tempo. Nunca deixamos, por um segundo sequer, de sermos roubados.

Roberto é daqueles ETs vilões que decidiram dar o final feliz ao filme. Aproveitemos, então!

Ô cara de sorte, meu!


Coluna de Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo

Com Ronaldo (e muuitas meninas!) na suíte do xeque Maktoum

E elas não paravam de chegar. Meninas e mais meninas, quase todas modelos (de uns 23 aninhos, no máximo), se aglomeravam na madrugada de ontem nas portas dos elevadores do hotel Unique para subir à suíte do xeque Maktoum Hasher Maktoum al Maktoum. Ele é da família real do emirado de Dubai e veio ao Brasil para lançar a A1 Grand Prix, de carros de corrida, em sociedade com Ronaldo. Os dois promoveram uma festa oficial e comportada nos andares de baixo do hotel. Depois da meia-noite, as garotas eram convidadas para um "after" na suíte presidencial.

Os poucos modelos homens que se misturavam às meninas para visitar a suíte do xeque eram barrados por seguranças: para subir, só sendo mulher. Ou amigo do rei. Quer dizer, do xeque. E do craque Ronaldo. O ator Dado Dolabella arregimentava as modelos na saída da cerimônia oficial. "Vai ter uma festinha lá no 606. Vamos?"

Ao chegar à suíte, de seis ambientes, incluindo a hidromassagem de um segundo andar, as meninas ficavam surpresas. "Ai, amiga, aqui só tem mulher", exclamava uma delas. "Ai, gente, já tô ficando apavorada", dizia outra. "E o som? Não tem som? Que festa é essa?", perguntava uma terceira.

Eis que surge Maktoum - e atrás dele vários seguranças carregando a aparelhagem de som. "Menina, "olhaí", você quase esbarrou no xeque!", gritava uma das modelos. "Credo, nem parece. Pensei que era um empregado!", respondia a outra.

A festa foi lotando, lotando. E então, bingo! A coluna flagra Ronaldo -que tinha "informado" aos jornalistas que iria para a boate Lotus- entre as convidadas. Ele abre os braços. "Estou aqui trabalhando, né? Tenho que puxar o saco do xeque", diz, rindo.

Os seguranças colocam um DVD de Norah Jones. Black Label e champanhe começam a ser servidos à vontade. O xeque e Ronaldo conversam, em inglês.

Xeque Maktoum - Estou solteiro.
Ronaldo - Me too [eu também].

O craque apresenta Maktoum à coluna. O xeque começa a reclamar das mulheres:

Xeque Maktoum - Elas olham para mim e só vêem dinheiro. Olham para o Ronaldo e só enxergam fama. Nenhuma se importa com o que somos de verdade.
Ronaldo - É verdade.

Xeque Maktoum - Sim, mas elas não enxergam...[coloca a mão no peito] o meu eu interior.
Ronaldo - [Também com a mão no peito] O nosso eu profundo...
Xeque Maktoum - É muito, muito difícil homens como nós dois encontrarem uma mulher ideal.
Ronaldo - E nós queremos mulheres inteligentes. Não queremos só mulher bonita.
Xeque Maktoum - [Olhando para as dezenas de mulheres em sua suíte] Mas, Ronaldo, qual delas você acha a mais bonita?
Ronaldo - [Apontando para uma loira] Aquela ali.

Ronaldo, por sinal, estava fascinado com a inteligência da modelo Raica, da agência Elite. Na festa oficial e comportada que aconteceu antes do "after" na suíte, ele se sentou ao lado da modelo, puxou papo, convidou-a para ir a uma boate. Raica, ao menos na frente dos jornalistas, não deu lá muita bola ao craque. "Se ela quiser, até namoro", dizia Ronaldo.

O craque está com saudade da, digamos, inteligência feminina. "Vou namorar de novo, sim", diz ele. "É muito ruim ficar sozinho. Daqui a pouco namoro, caso, separo de novo... E assim vai!". Mas, até encontrar a mulher inteligente que tanto procura, Ronaldo não quer se expor. "Eu pago para quem conseguir me fotografar numa situação qualquer", diz ele.

O craque não se permite nem abraços nem beijos quando está próximo de algum jornalista. Eram 3h quando ele pediu, com toda a gentileza, que a coluna o acompanhasse até a saída da suíte do xeque. "Vamos deixar o xeque em paz. Eu estou indo para uma boate." Ronaldo tomou o elevador no sexto andar, desceu, deu à coluna nome da boate que visitaria. "A gente se encontra lá." Ao se ver "livre", deu meia volta e subiu de novo ao sexto andar.

E a notinha que segue também é ouro puro

COM JOÃO LUIZ VIEIRA E DANIEL BERGAMASCO

RECONCILIAÇÃO

Tudo em cima
Acompanhado da namorada Caroline Bittencourt -aquela, que foi expulsa do casamento de Ronaldo-, o empresário Álvaro Garnero aplaudiu o craque no encontro. "Está tudo bem entre a gente", explicou Garnero. Reconciliados, os dois posaram para fotos exibindo abraços e conversas ao pé do ouvido. Caroline fugiu da foto: "Para não ficar constrangedor", esclareceu. A modelo tinha sido notícia durante a tarde na internet. Fotos suas em um desfile de biquíni, na SPFW, revelaram algumas imperfeições. Caroline ficou chateada.
Folha - O que achou das fotos?
Caroline - Olha, aquela foto foi modificada, porque celulite eu não tenho, não!
Folha - Mas a televisão também mostrou.
Caroline - Bem, o Álvaro sabe que eu não tenho. E ele examina todos os dias. Fiquei triste.