Até que um Wallflowers cai bem...

Acho que não está sendo uma boa idéia escrever aqui de manhã. Meu mau humor crônico não está ajudando em nada. Vou deixar pra escrever à tarde, quando todo o pessimismo tiver ido embora, e quando eu já estiver enxergando a beleza da vida, do dia, do sol, das pessoas e do mundo.

Ó, viu?

Pra que tanta alegria?

Mais uma sexta-feira. Mais uma semana - ou menos uma semana, vá saber qual a ordem correta... Acho que depende do ponto de vista...

Acho que foi o Millôr Fernandes que disse que só os pessimistas são felizes, porque se dão bem quando tudo dá certo e quando tudo dá errado.

Admito meu pessimismo crônico. Sou a última pessoa a botar fé em qualquer coisa, e sou ciente de que muito mais charmosos, interessantes e admiráveis são os que acreditam, os que botam fé, os que se entregam de corpo e alma a alguma coisa.

No fim, contabilizando tudo, infelizmente (ou felizmente, segundo o Millôr), na maioria das vezes eu acertei.

Eu sei, eu sei que o mundo é belo, que as pessoas são boas e que o Dalai Lama ocupa 12 horas do dia dele montando apresentações no Powerpoint, mas já que ponto de vista é tudo, eu queria encontrar alguém que fosse tão desgostoso quanto eu. Que a gente pudesse ouvir um disco triste e melancólico em silêncio, apenas fumando um cigarro, como se estivéssemos num filme.

Às vezes peco pela raiva, pelo desgosto, pelo mau humor e pelo descrédito em tudo e em todos.

Mas o meu pecado é mais realista do que a fé dos outros.

Infelizmente.

Humpf...

Alguém disse, não lembro quem, não sei quando, não faço idéia de onde, que a pior das sextas-feiras ainda é melhor do que a melhor das segundas-feiras.

Pois é.

Cagando e andando para o mundo

Saiu pela France Presse a notícia de que, em mais um discurso exclusivo para soldados (até porque soldado que protesta vai preso), Donald Rummsfeld disse que os Estados Unidos precisam, com a maior brevidade possível, iniciar operações de combate ao terror na Ásia.

Aí eu fico me perguntando. Não existe uma polícia no mundo capaz de conter essa meia dúzia de canalhas que se instalou na Casa Branca? Será que vamos ficar como os cariocas, que todo domingo fazem passeata pela paz e continuam sob o fogo da bandidagem? Mais do que o cinismo e a canalhice do Bush, o que realmente me transtorna é a impotência do mundo inteiro perante ele. Não foi o pai dele que, em 1991, declarou guerra ao Iraque por ter invadido outro país?

Quem vai declarar guerra contra os EU por terem feito exatamente a mesma coisa?!

Todo santo dia surgem denúncias e mais denúncias. Abusos, assassinatos, tortura, motivos falsos, desculpas esfarrapadas, empresas do Chenney e do Rummsfeld beneficiadas, censura, violação de direitos pessoais, racismo, etc.

E nada acontece. A guerra virou piada, e toda a imprensa mundial - com a exceção fiel da Fox News - ocupa-se diariamente de mostrar quão estúpida e cínica é essa guerra. Mas de que adianta insinuar, revelar as armações, divulgar as fotos, descobrir os memorandos secretos da CIA, se nada, absolutamente nada é feito?

Agora é esperar. Esperar e torcer para que, dias antes das eleições americanas, a Al Qaeda (que simplesmente foi deixada em paz pelos EU) não faça um ataque grande. Se fizer, a hipócrita, alcólatra e obesa caipirada americana vai deixar essa corja mandando no mundo por mais quatro anos.

Às vezes o óbvio deve ser lembrado...

"É melhor atirar-se à luta em busca de dias melhores, mesmo correndo o risco de perder tudo, do que permanecer estático, como os pobres de espírito, que não lutam, mas também não vencem, que não conhecem a dor da derrota nem a glória de ressurgir dos escombros. Esses pobres de espírito ao final de sua jornada na Terra não agradecem a Deus por terem vivido, mas desculpam-se perante Ele, por terem apenas passado pela vida."

(Bob Marley 06/02/45 - 11/05/81)