terça-feira, agosto 01, 2006

Pimentinha Paz e Amor


Deve ser muito divertido ser candidato nanico a Presidente do Brasil. Sempre vejo isso na cara do Luciano Bivar, do Eymael e do Rui Pimenta. O Bivar, com aquela cara de Donald Trump, ouvindo resoluto as reivindicações dos camelôs e dos flanelinhas, e o Eymael, com aquele jeitão de Harvey Keitel de igreja evangélica, falando em privatizar os presídios, não deixam de divertir e constranger o telespectador do Jornal Nacional.

Mas é Rui Pimenta o melhor, definitivamente. Dias atrás, aparentemente pego de surpresa pela equipe bocejante de reportagem, o candidato do PCO (Partido da Causa Operária) à Presidência limitou-se a falar em luta por melhores condições trabalhistas e contra a corrupção, de frente para uma mesa de plástico, daquelas de bar, onde seus três correligionários haviam esquecido duas latas de cerveja. Rui Pimenta falava ao Jornal Nacional, um privilégio para poucos, e no mesmo quadro se via aquela mesa, debaixo de um guarda-sol, com aquelas duas latinhas.

Dia desses Fernando Henrique disse que Lula é o típico líder sindical brasileiro, quando se trata de tomar "umas e outras". Touché. Rui Pimenta não é candidato pela primeira vez. É reincidente, como Eymael e Bivar. Seu diferencial, por assim dizer, é a completa falta de vergonha de ser um "típico líder sindical brasileiro", um homem desprovido dos pudores de ser um Herbert Amazonas em nível nacional, falando coisas transcedentais sobre economia, emprego, FMI e juros. Reunindo-se nos comitês (!) de campanha para debater as grandes questões nacionais. Não há como caçoar dum homem desses, que elevou o sagrado ofício da botecologia ao horário nobre, como se, obrigando a gigantesca Rede Globo a cobrir seus ébrios e românticos passos, protagonizasse a mais genial das piadas.

Rui Pimenta não tem chances.

Mas quem sabe se candidatando mais duas vezes consegue. Beber? Bebe. Defender a causa operária? Certo. Xingar o FMI e os bancos? Ok.

Só falta aparar a barba e contratar o Duda Mendonça.

Rui Pimenta.

Anote esse nome.

O Estado do Amazonas, 1º de agosto de 2006