terça-feira, outubro 25, 2005

Frente por um Brasil sem Pacifistas


O pacifista, como o vegetariano, o religioso e o vendedor da Herbalife, é acima de tudo um chato. Não há gente mais chata do que alguém que ama a paz, alguém que quer um mundo melhor, sem guerras, sem assaltos e sem bombas caseiras nos estádios. Mas eis as novas, pessoal da paz: não há paz. A paz é a utopia essencial do mundo, e por ela não vale a pena lutar. A paz, essa paz que vocês almejam – mas não perseguem -, é apenas um John Lennon, nu numa cama, tocando uma balada boba qualquer sobre uma chance a ela, a Paz. A paz que vocês almejam – mas não perseguem – é a mais fácil e efêmera de todas, é aquela paz do calçadão carioca, é aquela paz trazida por uma camiseta branca na manhã de domingo. Essa paz, a paz dos sinaizinhos manuais e das faixas penduradas nas sacadas dos apartamentos – protegidos por seguranças armados – é sem valor. A paz dos anti-guerra, a paz dos anti-globalização, a paz dos anti-armas, a paz dos anti-EUA é boba. Boba como um John Lennon, tola como qualquer um que se defina anti-qualquer-coisa. Repilo, repilo veementemente a companhia de ativistas anti-alguma-coisa.

O NÃO venceu. Confesso ter ficado preocupado com o resultado desse referendo. Votei NÃO, mas a vitória do NÃO não deve ser boa coisa, dada a capacidade brasileira de se votar errado. Mas torço, torço para que a violência acabe, para que ninguém mais cheire cocaína, para que a camada de ozônio se recupere, para que Bush assine o Protocolo de Kyoto, para que a China pare de executar cidadãos, para que o gado brasileiro fique curado, para que as galinhas malaias fiquem boas. Torço pra tudo isso. E se um dia decidir agir de alguma forma, vou cobrar o que me tomam à força, e pelo que não recebo nada em troca. Segurança. Segurança pública. Segurança coletiva.

Pacifistas não deviam ficar no país. Têm muito mais trabalho lá fora, onde as tensões são culturais, raciais, étnicas – não há poder público que dê jeito. No Sudão ocorre, nesse momento, um genocídio comparável ao de Ruanda em 1994. Por que os pacifistas brasileiros não vão para lá, fazer a diferença? O Brasil não precisa de paz, precisa de vergonha na cara, de cumprimento de leis. O Brasil não precisa de artistas globais jogando confete nas ruas, precisa ver gente ruim entrar – e ficar – na cadeia. Precisa reverter o quadro das ONGs, onde pouquíssimas existem para fiscalizar e monitorar o comportamento dos políticos e outras centenas ficam no blá-blá-blá da Paz.

Paz não existe. Nem na Islândia, nem da França, nem da Dinamarca. Se eles estão muito melhor, não é por causa de paz, de passeatas nem de campanhas anti-violência. É porque eles cumprem as leis. Diriam os nobres brasileiros, encabulados, então: aí complicou.