Toda a grande imprensa informa, alerta e relata, com preocupação e sobriedade, os prejuízos americanos com o "triste recorde" - termo do UOL - da Flórida, de ser atingida por 4 furacões em uma única temporada, fato que não ocorria há 118 anos. As mortes são noticiadas em tom preocupado: "Já são 7 os mortos pelo Jeanne nos EUA" ou "Charley faz sua oitava vítima nos EUA". Os prejuízos são calculados em 10, 15 bilhões de dólares, e as autoridades, resignadas, falam em prejuízos "sem precedentes históricos". O JN, por exemplo, faz matérias de 3 minutos, mostrando as palmeiras esvoaçantes, as imagens de satélite, os caipiras martelando chapas de alumínio nas janelas, etc. Lojas do Wall-Mart fechadas, alunos sem escola, jogos dos Dolphins cancelados, casas destelhadas, estradas congestionadas, enfim, um pandemônio total. A pergunta acima foi título de matéria da revista Time, semana passada. A América toda se perguntava a mesma coisa, depois de 23 mortes, cerca de um mês atrás, atribuídas a Charley, Frances e Ivan. Lendo, se tem a mesma impressão. Os furacões devem mesmo odiar os americanos.
No fim de todas as matérias, o mesmo rodapé:
"O furacão Jeanne matou mais de 2.800 pessoas no Haiti".
Assim, com as mesmas 10 palavras - uma a mais aqui, outra ali, tanto faz.