Leio A Mentira das Urnas, de Maurício Dias, que acaba de ser lançado pela Editora Record. Maurício escreve em Carta Capital, já foi repórter político de Veja e chefe das revistas IstoÉ e Senhor, além de editor-chefe do JB. Trecho do capítulo A Caixinha do Ademar:
Nos anos 1960, estava se consolidando a prática do "rouba mas faz". O método, hoje generalizado, foi colado no ex-governador de São Paulo, Ademar de Barros, um aspirante fracassado à presidência da República em 1955. (...) Político folclórico e populista, Ademar de Barros foi, por duas vezes (1947-1951 e 1963-1966), governador de São Paulo. Seu primeiro governo inspirou o lema - "rouba mas faz" – perpetuado na prática político-administrativa brasileira que, por injustiça, só Ademar celebrizou. Enfrentando os boatos de peito aberto e usando o talento e a disposição da dupla Herivelto Martins e Benedito Lacerda, Ademar divulgou a história da “Caixinha do Ademar” à sua maneira:
Quem não conhece/Não ouviu falar,
Na famosa “caixinha do Ademar”,
Que deu livro, deu remédio, deu estrada,
Caixinha abençoada (...)
Deixa falar toda essa gente, maldizente,
Deixa quem quiser falar (...)
Enquanto eles engordam tubarões,
A caixinha defende o bem-estar de milhões.
Herivelto e Benedito eram verdadeiros poetas. Se fossem amadores, cantariam simplesmente Chega de blá-blá-blá, é no Ademar que eu vou votar!