segunda-feira, outubro 18, 2004

Ironias da vida. E da morte também.

Há treze anos Helmut Simon encontrou os restos de um homem pré-histórico numa geleira alpina. A múmia, com idade aproximada de 5 mil anos, é a mais antiga e inteiraça já desenterrada. Otzi, como ficou conhecida, já recebeu até homenagens por ter morrido lutando (Badan Palhares atestaria Crime Passional) e papéis principais em documentários do Discovery Channel – O título de um deles era “Quem matou Otzi?”, juro. Pois bem, há três dias Helmut está desaparecido nos Alpes. Há poucas chances de ser encontrado, devido à quantidade de neve e ao mau tempo na região.

Daqui a 5.300 anos Helmut deverá ser encontrado. Diferente de Otzi, será homenageado por ter inventado a morte recursiva, provando, assim, que o tempo é um ciclo de repetições e que morria de inveja da múmia, que se tornara mais famosa do que ele. Otzi, é verdade, nunca quis os holofotes nem ser apresentador de tevê como Helmut, mas morreu com dignidade, lutando ("diz-que"), e não como todo alpinista, idiota e desocupado. Já Helmut, morreu, é verdade, mas com um propósito maior. Daqui a 5 milênios, quando for encontrado, nunca mais ninguém falará na porra do Otzi. Só lá, então, seremos capazes de entender o feito heróico de Helmut Simon.

A parte fictícia da história veio da Reuters.