sexta-feira, janeiro 21, 2005

A gente somos inútil


Aquele presidente, daquele país alegre que fica naquele continente caliente, media as negociações diplomáticas entre dois respeitadíssimos vizinhos. Tudo porque o governo de um prendeu o líder da maior organização criminosa do outro. Sem avisar, sem pedir permissão, sem nada. O presidente deste outro país arrumou a boina, lustrou as botas e gritou, como bom representante daquele continente nada sério, palavras de ordem em nome da soberania e da auto-estima nacional.

Bem, naquele pobre continente só há líderes machos, os únicos do mundo capazes de peitar aquele país imperialista, fichando por birra nacionalista, calotando dívidas, expulsando jornalistas, atacando a globalização, a língua imperialista e a Lei da Gravidade, inventada por algum saxão mal-intencionado. Well, os dois países entraram em crise, apontando suas armas enferrujadas e seu discurso medieval para o outro lado. Mas, no meio de tamanha crise, eis que ele surge, onipresente e impávido, sempre com um sorriso simpático e uma metáfora salomônica na ponta da língua. Seu ministro das relações exteriores já informa que está todo bien. O perigo de uma hecatombe nuclear, protagonizada por caças F-5 (imperialistas) com prazo de validade expirado e estalinhos de fabricação comunista, acabou. Generais com câncer de próstata e soldadinhos de chumbo bem treinados nas técnicas militares de pintura de meio-fio podem voltar pra fila do pão em paz.

As próximas missões? Continuar resistindo aos ataques imperialistas, claro. A sempre iminente invasão imperialista continua, e eles precisam manter as armas lustradas, a farda engomada, o senso de ridículo intacto e a vergonha na cara bem longe. A fórmula de sucesso da hombridade dá certo, por supuesto!

O mau-gosto não conhece limites abaixo da linha do Equador.