quarta-feira, abril 19, 2006

Passarinho que come pedra sabe


Na última edição da revista Veja Diogo Mainardi trabalhou, mais uma vez, contra a classe dos jornalistas. Movido indubitavelmente pela mais legítima intenção de desmascarar as hipocrisias diárias do Brasil, Mainardi tem seu Norte: escolher a dedo seus alvos, avaliar o grau de barulho que seu dedo apontado pode causar e atirar. Gritando feito bobo contra o presidente Lula, praticamente caiu no esquecimento.

Diogo achava, e lhes demos razão pra isso, que Lula era o assunto perfeito para um polemista nato. Lula, no entanto, provou que é apenas um chato. E, na condição de chato, é daqueles em quem apelidos não pegam, pois não parecem se incomodar com qualquer um deles. Diogo, então, sempre atento aos humores da platéia, viu que bater em Lula não rendia mais cartinhas revoltadas.

Ligado no movimento da audiência, deixou de perceber que nem Lulistas mais tinham ânimo para defender o presidente. Ele, Diogo, e ele, Lula, cairiam no esquecimento. Um sendo puxado e empurrado pelas várias áreas de uma revista, feito uma Galisteu pela grade do SBT, outro improvisando metáforas futebolísticas para uma nação de burros, ávidos para gritar. Então Diogo pesquisou, esperto que é, atrás de alguém, de uma classe que estivesse incólume à onda de frouxidão ética em que o país descobriu, pasmo, estar atolado. E ali estava! E não era apenas um, eram dezenas de Santos Graals, dando sopa a seu estilo ferino. Os jornalistas.

Diogo fez algumas ligações, conversou com algumas fontes e alçou mira. Depois, no entanto, de ajoelhar-se reverentemente em seu altar particular, numa humilde porém elegante capelinha, instalada num dos cômodos de seu apartamento, onde descansa uma imagem em gesso de Paulo Francis, cuidadosamente esculpida por artistas venezianos, com um paletó bem cortado e o par de óculos de fundo de garrafa – de vinho Bordeaux, si vou plais. Diogo rezou, pediu a benção do velho e abriu o notebook. É verdade, diga-se, que acertou em cheio no artigo sobre Marcelo Netto, Marcelo Netto, Marcelo Netto. Então empolgou-se, ignorando os conselhos de seu padroeiro. Acusou Franklin Martins de fazer lobby, junto a lobistas, por um emprego ao irmão.

Agora Franklin Martins, comentarista político da Globo e notório craque do jornalismo, rebate Diogo, e lhe propõe um desafio: provar que Franklin é eticamente frouxo, apontando o senador que o teria ajudado com o emprego do irmão, ou deixar as páginas de Veja. A conferir, mas, à primeira vista, Mainardi dessa vez se fodeu (perdão, a palavra é essa mesmo). E ainda foi chamado de "um anão de jardim querendo passar-se por um gigante da crônica política" - Franklin cunhou, afinal, a frase que tanta gente nunca conseguiu formular. Já tive mais coisas contra Mainardi, não sou nenhum “odiador” do rapaz. Por isso fico até triste em constatar que, enfim, o homem-bomba de Veja se estrepou. Com um sorrisinho prazeroso nos lábios, admito, mas triste.

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