Às 18:00 senti um passamento, e corri pra dentro de casa, lembrando do Velho Testamento. Lá Deus anunciou o dilúvio, que limparia toda a iniqüidade humana. Entrei com minha família e esperei a tormenta acalmar. Passados 40 minutos (o tempo da bíblia tem outro ritmo), soltei uma pomba, e eis que ela nunca voltou, decerto por ter encontrado pouso para seus pés. Abri a janela e vi que a terra estava enxuta, lavada, e que todos haviam sido levados na enxurrada. As picapes, as camisetas, os adesivos, as bandeirinhas. Nélson deles.
Presto aqui justa homenagem a Bruno Sabbá, à Juventude Amazonista, a todos os secretários estaduais e municipais militantes, aos milhares de assessores de porra nenhuma, ao funcionalismo público-particular, a Arlindo Jr., Braz Silva, Sabino Castelo Branco, Bosco Saraiva, Francisco Garcia, aos financiadores - como faço pra tirar o sorriso da cara? - da campanha mais cara da história da cidade, a Egberto Batista, José Lopes, Robério Braga, Josué Filho e agregados, [musica crescendo e microfone diminuindo...], meu Deus, é tanta gente... àqueles que agora trocam os adesivos nas garagens e se preparam para puxar um saco novinho em folha. A todas essas pessoas, que brindaram a população durante esses longos meses com seu carisma, seu cinismo, seus programas de tevê, rádio, seus jornais - e revistas -, suas festinhas e baladinhas politizadas, seus indiciamentos, suas prisões, suas médicas grávidas, enfim, a todos, e me perdoem se esqueço de alguém [música aumentando mais...], o meu desejo sincero é que todos vocês, igualmente, sem distinção de idade, cor, religião, raça, vão pras putas que lhes pariram.
Fuck you very much, fuck you very much.