Exercício pessoal de honestidade e liberdade de expressão.
A tolerância religiosa me impõe a mentira, a falsidade de dizer levar a sério religiões. Cheias de rituais medonhos como orações em jejum, com testas viradas para Meca, da proibição do álcool combinada ao cultivo do ópio; Com procissões e sírios em homenagem a santos e santas, como fiéis que chicoteiam a si próprios por Alá. Dói ver o planeta depender de gente que mata pelo que acredita. Dói imaginar gente se explodindo, explodindo desconhecidos, pela promessa de um paraíso com 72 virgens, assim como dói saber que há santos, entidades divinas, que se ocupam em proteger os endividados e taxistas.
Fosse eu honesto, admitiria que nada há de sagrado em roupas e cruzes, em lágrimas e batinas, em turbantes, em templos, mesquitas e sinagogas, em dízimos ou em rifas, em quermesses pelo telhado da igreja, em jejuns e terços, em promessas e velas, no mês de fome do Ramadã, em bíblias cristãs com 37 versões ou em torás judias com 613 mandamentos. No fim tudo é ritual, e só. Se Deus valesse mais do que isso, não seríamos um planeta refém de gente que se mata por causa de um pedaço de terra, sagrado (!), menor que o Sergipe, onde teria Jesus apanhado até morrer, onde teria Davi vivido e onde teria Maomé virado purpurina.
Acho injusto não poder falar de coisas que, independente do que faço, digo ou quero, mudam a minha vida, quase sempre pra pior. Se hoje pago mais caro pela gasolina que uso, é por causa de religião. Se hoje sou revistado por tentar tirar fotos em Washington como turista, é por causa de religião. Se hoje as bolsas caem, os prédios ruem e os restaurantes explodem, é por causa de religião. Jerusalém é a Terra Santa para as três maiores religiões monoteístas do planeta. Para as três, Deus, seja o nome que Ele tenha, é acima de tudo Amor, e por esse Amor as três assassinam inocentes.
A manter-se o quadro mundial atual, piorado com a morte de Arafat, herói da paz e terrorista ao mesmo tempo, estaremos no mais tecnológico, avançado e livre dos mundos. Mundo ironicamente refém de Beatos-Salús, Jims Jones e Reverendos Moons, ratos de igreja, religiosos fariseus, hipócritas, que para ficar com sua terra sagrada são capazes de coisas nada sagradas. Continuações não costumam superar o filme original, como se sabe. A prova é que religiosos e líderes responsáveis pelo fim nuclear do mundo se confundem nas mesmas pessoas, com suas orações à mesa, com suas velinhas de oito dias, com suas bananas de dinamite e seus tanques M-1. Você gostaria de Henri Sobel, Bispo Macedo e a CNBB como donos de nossas vidas?
Resta a mim continuar a minha prece diária: Senhor, protegei-me dos teus seguidores!