sexta-feira, junho 24, 2005

A Jihad dos chatos continua


Li, ontem à noite, um texto do cãozinho de guarda dos wunderbloggers, o polemista de um assunto só, o meu amigo Jorge Nobre, que mais uma vez “linko” aqui, por caridade. O texto é de alguns dias atrás, e chama-se “Enemies, a love story”, uma notinha de 3 páginas na qual o carente Jorge explica porque odeia tanta gente, dando nomes, criando apelidos (eu virei Alfafa Zejo) e “desconstruindo” seus inimigos. Ninguém ligou, ninguém deu bola, mais uma vez. Jorginho “Direita, volver!” Nobre interrompe, esporadicamente, seus textos diários sobre os “esquerdinhas” que tanto lhe causam pesadelos e fala de pessoas que ele decidiu chamar de inimigos. Uma tentativa primária de criar algum embate, movimentar seu blog, chamar a atenção de alguém. Como sempre, ninguém deu bola.

Mas eu, que leio de tudo o que posso e tenho paciência de ler, cheguei lá. Com intervalos de alguns dias, sempre faço minha visitinha de médico à dupla Rafael Azevedo-Jorge “Direita, volver!” Nobre. Já foi mais divertida, a dupla. Agora são simplesmente dois chatos. Rafael, judeuzinho fundamentalista, continua seu nobre ofício de detectar breguices brasileiras e xingar muçulmanos em Londres. Não interrompamos tão valiosa contribuição ao mundo. Jorge “Direita, volver!” Nobre é mais rançoso, tem menos paciência. Escreve com raiva, porque com raiva vive, das coisas mais atuais do mundo atual, a saber: o comunismo, o comunismo e o comunismo. Uma vida em preto e branco, a de Jorge.

Agora, pra provocar um choque, veio dizer que eu citei a pesquisa do Lancenet em que se avaliava as mortes civis iraquianas em 100.000. Disse que a pesquisa, de 29 de outubro do ano passado, sumiu. Mentira. Está aqui, nos arquivos do Guardian. Jorge Desonesto Nobre questionou os motivos que levaram o The Guardian, jornal que noticiou a pesquisa, a não ter mais falado na mesma. Sei lá, algo me diz que é porque uma pesquisa de outubro de um ano geralmente fica desatualizada em junho do ano seguinte. Acho que é por aí, nobre Jorge. À taxa de umas quarenta pessoas mortas por dia, sou a favor de que se faça as contas novamente.

Há sites americanos que inclusive têm contadores de mortos americanos, similares a esses de visitas em blogs, que podem ser instalados na página de quem se interessar. Assim a população americana (e você, Jorge, ou George, como queira) pode se indignar e lamentar as perdas de seus filhos. Já sobre as baixas iraquianas, niente. Natural, natural. É mais fácil acompanhar mortes aliadas no varejo do que mortes inimigas no atacado.

Mas Jorge “Direita, volver!” Nobre vai além. Diz, por exemplo, que na guerra do Vietnã os americanos mataram civis sim, mas por acidente. Quem matou geral mesmo foi quem? Quem? Sim, eles, os comunistas. Os soldados americanos que passaram fogo em cerca de quinhentas pessoas, a maioria mulheres e crianças, na aldeia de My Lai em 1968, por exemplo, na verdade estavam mirando em comunistas perigosíssimos. Apenas erraram o alvo, umas quinhentas vezes. Soldados que mais tarde testemunharam contra seus colegas sobre o episódio (provavelmente comunistas infiltrados no exército americano) contaram de um bebê que saiu engatinhando da pilha de corpos. Um dos soldados lhe explodiu a cabeça com uma pistola e jogou o resto de volta à pilha. Acidente.


A aldeia de My Lai, dizimada por acidente pelos americanos


Assim foi com o napalm, com o agente laranja, com o gás mostarda. Tudo acidente, gente. Quando a força aérea americana atacava aldeias, na verdade mirava nos vietcongues, dentro da floresta, aqueles comunistas assassinos sem coração.

Jorge “Direita, volver!” Nobre é cretino, no mínimo. Com seu transtorno obssessivo-compulsivo, que o faz enxergar apenas zeros e uns, resume a vida, o mundo, as pessoas à direita e à esquerda. Os cristãos, liderados por Jesus W. Christ, de um lado. Os comunistas do outro. Até eu já virei comunista nas palavras do lunático. Na sua sanha por briga, Jorge segue falando sozinho. Não erra em atacar esse ou aquele. Erra em defender quem quer que seja. Até porque o comunismo, que acabou há quase 15 anos, realmente foi o responsável por milhões de mortes em todo o mundo, e provou, caindo, que não prestava. Mas para isso seu Jorge “Direita, volver!” Nobre defende as guerras americanas, e aí assina seu atestado de cretino. Desonesto, bitolado, chato pra porra, repetitivo, inconveniente e ingênuo.

Larga do meu pé, Jorge Nobre. Volta pro teu mundinho monocromático e pára de me chamar de inimigo, porque não sou nada seu. Sei que a comparação é especialmente ofensiva pra você (e nesse caso te dou razão), mas você está me lembrando o Hugo Chavez, gritando bobagens contra seus inimigos, enquanto os inimigos pouco se lixam pra ele.

É assim com você, Jorge. Que ironia, não?