terça-feira, junho 28, 2005

A Turma da Lazinha, as armas


Agora ouço falar sobre esse plebiscito da proibição da venda de armas de fogo. A gritaria geral supõe que a maldade está nelas, as cruéis, sanguinárias, desumanas armas de fogo, como se na calada da noite gangues de pistolas e esquadrões da morte, formados por fuzis encapuzados, se juntassem pra “matar geral”, com seu bonde do terror. Segundo os pacifistas brasileiros, é plausível que escopetas e metralhadoras, assassinas cruéis e inescrupulosas, se juntem nos bares e encham a cara, pra depois passar fogo em inocentes desarmados. Segundo os militantes anti-armas, são elas a fonte do todo o mal, como se na Noruega inexistissem armas, como se na Suécia ou no Canadá elas fossem proibidas. Não são. A se confirmar, por exemplo, a tendência de aumento da violência nas estradas brasileiras nos próximos anos, brevemente teremos um movimento contra a fabricação e venda de carros no Brasil.

A idéia do plebiscito contra as armas é bem brasileira mesmo. Com essa mania de errar o foco de seus problemas e atacar apenas seus sintomas, fazemos o que aparentemente é mais fácil, ou seja, dar sumiço nos pobres em vez de erradicar a pobreza. Armas não disparam por si só, como se fossem robôs rebelados num filme de ficção. São carregadas por bandidos, sejam eles juízes ou traficantes. Não entram nos presídios por conta própria, não desfilam pelos bares por decisão sua, não freqüentam restaurantes por sua conveniência. Esse plebiscito deveria perguntar, em vez de “Deve-se proibir no Brasil o comércio de armas de fogo e munições?”, algo como “Deve-se permitir que traficantes de drogas, policiais bandidos e juízes alcoolizados matem outras pessoas?”. Outra sugestão seria “Deve-se permitir que milhares de pessoas sejam assassinadas todos os anos, e que seus assassinos continuem impunes?”.

A pergunta mais apropriada, na verdade, é a mais simples de todas:

“Deve-se seguir as leis no Brasil?”