sábado, outubro 30, 2004
Sinal dos tempos
Amazonino Mendes e sua turma de estelionatários, puxa-sacos, traficantes, ladrões, fraudadores e eleitores que rodam bolsinha na esquina das avenidas Vergonha na Cara e Memória Política, reclamando do nível baixo de um debate. Renata Sorrah precisa de aulas.
sexta-feira, outubro 29, 2004
Jornais e jornalecos
Fica fácil entender o que difere gente fina e ralé quando vemos o apoio declarado que os jornais americanos e europeus tradicionalmente dão a seus candidatos políticos. Muita gente no Brasil não entende essa prática pois já se acostumou com o fingimento e a dissimulação de sua mídia, e assim, finge também não perceber isso. Fingimento, aliás, devia estar escrito na bandeira nacional. Os jornais de lá confrontam suas idéias com a dos leitores, porque os leitores pensam, só e somente só. A The Economist, revista britânica conservadora no último, por exemplo, apoiou Bush antes da guerra do Iraque. Mudou o voto porque Bush mostrou-se incompetente, mentiroso e conivente com tortura e abusos similares. Tudo isso apesar de não confiar muito em Kerry. Seu editorial diz que se o jornal tivesse um voto, seria do democrata. Assim, na bucha, sem entrelinhas, sem fingimento, sem insinuações. Os jornais de gente grande apostam em idéias e resultados, e seu apoio não tem dono, pois têm mais credibilidade do que qualquer candidato, e credibilidade é 110% no jornalismo. Quanto aos jornais do Bananão? Give me a break... Diriam seus editores e chefões, numa improvável crise de transparência: Pra que desperdiçar pérolas com porcos?
quinta-feira, outubro 28, 2004
Essa gente maldizente
Leio A Mentira das Urnas, de Maurício Dias, que acaba de ser lançado pela Editora Record. Maurício escreve em Carta Capital, já foi repórter político de Veja e chefe das revistas IstoÉ e Senhor, além de editor-chefe do JB. Trecho do capítulo A Caixinha do Ademar:
Nos anos 1960, estava se consolidando a prática do "rouba mas faz". O método, hoje generalizado, foi colado no ex-governador de São Paulo, Ademar de Barros, um aspirante fracassado à presidência da República em 1955. (...) Político folclórico e populista, Ademar de Barros foi, por duas vezes (1947-1951 e 1963-1966), governador de São Paulo. Seu primeiro governo inspirou o lema - "rouba mas faz" – perpetuado na prática político-administrativa brasileira que, por injustiça, só Ademar celebrizou. Enfrentando os boatos de peito aberto e usando o talento e a disposição da dupla Herivelto Martins e Benedito Lacerda, Ademar divulgou a história da “Caixinha do Ademar” à sua maneira:
Quem não conhece/Não ouviu falar,
Na famosa “caixinha do Ademar”,
Que deu livro, deu remédio, deu estrada,
Caixinha abençoada (...)
Deixa falar toda essa gente, maldizente,
Deixa quem quiser falar (...)
Enquanto eles engordam tubarões,
A caixinha defende o bem-estar de milhões.
Herivelto e Benedito eram verdadeiros poetas. Se fossem amadores, cantariam simplesmente Chega de blá-blá-blá, é no Ademar que eu vou votar!
Nos anos 1960, estava se consolidando a prática do "rouba mas faz". O método, hoje generalizado, foi colado no ex-governador de São Paulo, Ademar de Barros, um aspirante fracassado à presidência da República em 1955. (...) Político folclórico e populista, Ademar de Barros foi, por duas vezes (1947-1951 e 1963-1966), governador de São Paulo. Seu primeiro governo inspirou o lema - "rouba mas faz" – perpetuado na prática político-administrativa brasileira que, por injustiça, só Ademar celebrizou. Enfrentando os boatos de peito aberto e usando o talento e a disposição da dupla Herivelto Martins e Benedito Lacerda, Ademar divulgou a história da “Caixinha do Ademar” à sua maneira:
Quem não conhece/Não ouviu falar,
Na famosa “caixinha do Ademar”,
Que deu livro, deu remédio, deu estrada,
Caixinha abençoada (...)
Deixa falar toda essa gente, maldizente,
Deixa quem quiser falar (...)
Enquanto eles engordam tubarões,
A caixinha defende o bem-estar de milhões.
Herivelto e Benedito eram verdadeiros poetas. Se fossem amadores, cantariam simplesmente Chega de blá-blá-blá, é no Ademar que eu vou votar!
quarta-feira, outubro 27, 2004
Narcisa entrevista Narcisa
Irritada com as cenas que via nas ruas – além, claro, da falta de luz, água, esgoto e dignidade -, Maria Narcisa, moradora da periferia da cidade, conseguiu marcar horário para entrevistar Narcisa Tamberindeguy, notória panfleteira de conhecido e nacionalmente mal visto político local, para esclarecer algumas dúvidas, além de dar chance à entrevistada de defender seu voto.
O que te convenceu a votar nele?
O que importa para mim é ser feliz! U-hú!
O que você acha dos indiciamentos dele na justiça?
Ai, que loucura! Você vota em quiser, que coisa! U-hú!
O que você pensa do marqueteiro dele?
Feliz aniversário pros aniversariantes de hoje, U-hú!
E os apadrinhados indiciados dele?
Hahahahahahahahaha, u-hú!
E os crimes eleitorais que eles vêm cometendo?
Todo mundo lá, hein! U-hú!
E o uso da máquina pública a favor dele?
Beijokas pra todos, u-hú!
O que você pensa sobre a fraude daquela médica?
O feriado vai abalar, u-hú!
O que você faz profissionalmente?
Hã? U-hú!
E quanto aos funcionários públicos do povo, coagidos a fazer panfletagem pro seu candidato?
Você só sabe falar sério?! Seja feliz, meninaaaa!
Você só sabe responder assim?
Assim como? U-hú!
Eu queria que você respondesse...
A inveja mata, u-hú!
Peraí, é sério...
Pois é, você leva a vida muito a sério, fofa! U-hú!
Tudo bem, um bate-bola mais ameno: Coisas que você odeia?
Coisas que eu odeio? Hipocrisia, claro! U-hú!
O que você acha do serviço de saúde da cidade?
Aê galera, hoje todo mundo abalando, hein?! U-hú!
Você ou alguém que você conhece vai receber algo em troca pelo apoio ao seu candidato?
Lá vem você de novo! O que importa para mim é ser feliz! U-hú!
Seus amigos vêm de que parcela produtiva da sociedade?
Hahahahahahahahaha! u-hú!
Você conhece o bairro onde eu moro, na periferia?
Claro, U-hú! Fui a um comíssio do meu candidato lá! Abalamos muuuuuuiito, u-hú!
Você já passou a noite na fila do hospital?
Já, um amigão que eu aaammuuuuu, o Nandão, beijoka, Nandão!, tomou 79 cervejotas numa balada típica de segunda-feira e passou mal. Foi horrível, Narcisa! Ficamos a noite inteira, eu, a Ju, a Lu, e Fê, a Ma, o Fi, a Ro e o Si, na fila das visitas, esperando o nosso momento pra entrar e gritar U-hú, Nandão! Abalou geral!
Você já foi assaltada no seu bairro, quando voltava do trabalho?
Ai, que loucura! Claro que não, no meu bairro são todos felizes, u-hú!
Bom, Narcisa, obrigado pela entrevista. [pffff....]
Obrigado você, mana! U-hú!
Notícias dos fronts.
Sumiram 60.000 cédulas de votação. Na Flórida.
Eis o mundo mais seguro e mais democrático de Bush.
terça-feira, outubro 26, 2004
Joyce para menores
Se você já se atreveu a ler Ulisses, do irlandês James Joyce, aclamado por grande parte da crítica como um dos melhores romances de todos os tempos, deve ter caído em depressão nas primeiras páginas, como um alemão numa gafieira, covardemente lambendo as feridas e defendendo-se com um "Que livro chato!". Comigo foi assim, mas eu tenho sentido vontade de tentar novamente, por dois motivos principais:
- Um dos caras que eu mais admiro mandou que eu desrespeitasse Joyce.
- Encontrei alguém mais difícil de ler: Ishtar dos Sete Véus, do Club dos Terríveis.
segunda-feira, outubro 25, 2004
O Beijo, A Foto.
Em 14 de agosto de 1945 Alfred Eisenstaedt, fotógrafo da revista LIFE, corria pelas ruas de Nova Iorque, buscando fotos sobre a rendição japonesa. Encontrou um marinheiro que beijava moças por toda Times Square e começou a seguí-lo até encontrar a composição perfeita, o constraste de cores, a postura, a beleza do momento. O marinheiro e a enfermeira, protagonistas anônimos de uma das mais belas fotos de todos os tempos, não se conheciam, e sua identidade até hoje é reclamada por várias pessoas. Uma das provas fotográficas de que a beleza e a feiúra do mundo não precisam de ensaios ou retoques.
sexta-feira, outubro 22, 2004
Passa a certidão, dona!
Sim, Soraia foi vítima de assalto, espancamento de três horas e tentativa de sequestro relâmpago, na Estrada do Turismo, quando dirigia, sozinha, seu carro. Pensou em pedir ajuda à Juventude Amazonista, mas o som do Bora-Bora estava muito alto e ninguém ouviu seus gritos de desespero.
A certidão de nascimento do filho de Serafim?
Os assaltantes levaram.
Acredite: Isso não é ficção, é real, e é pelo seu dinheiro.
Patrocínio: Sabino Castelo Branco, o vereador mais votado de Manaus
quinta-feira, outubro 21, 2004
Negue se for capaz
A diferença entre você e um ladrão é que ele luta para que os sonhos dele se realizem.
quarta-feira, outubro 20, 2004
Mentir sozinho eu sou capaz
No astronaut left behind!
Apesar de trocar de domicílio eleitoral a cada 0.000472 nanosegundos, viajando a mais de 27.000 Km/h, o astronauta americano Leroy Chiao, que está na Estação Espacial Internacional, deve votar nas eleições americanas, no próximo dia 2. Segundo a CNN, a diretoria da Nasa, empresa pública, depois de reuniões noturnas com o comitê de campanha de um dos candidatos, pediu autorização para as autoridades federais e locais para que Chiao possa votar por e-mail, além de enviar camisetas e broches eleitorais para o espaço. A maioria dos astronautas americanos que vive perto de Houston ganhou o direito de votar do espaço depois que o então governador George W. Bush aprovou uma lei prevendo a prática. Confirmando as previsões de Jimi Carter de bagunça generalizada – de novo – nas eleições presidenciais, o astronauta não vai precisar se dirigir ao TRE e pedir transferência de título de eleitor, muito menos justificar sua ausência. Sua votação está marcada para 23:51:14 de amanhã, o exato momento em que a Estação Espacial passará sobre o estado da Flórida, onde a votação já começou - of course.
"Com certeza (sic!), exercerei meu direito civil", afirmou o astronauta.
...Ué, a República das Amazonas tem convênio de cooperação com a Nasa?!
terça-feira, outubro 19, 2004
Abalando na Política, u-hú!
Da Política Internacional
Vladimir Putin ressurgiu ontem, no Tadjiquistão, fazendo campanha pela reeleição de Bush, ao dizer que os atentados terroristas no Iraque são um ataque pessoal contra seu colega americano. Bush, com aquele inconfundível e quase imperceptível sorrisinho maroto, disse, em cadeia nacional "thank you, my fellow assassin, Mr. Putin. God's on our side.".
Da Política Nacional
Celso Pitta declarou seu apoio irrestrito à candidatura de José Serra, provando, mais uma vez, que São Paulo é a face mais brasileira e maquiada do Brasil. Antes com 12% de vantagem – nas pesquisas, diga-se – sobre a perua do PT, Serra viu sua popularidade imediatamente cair, e disse "Eu não aceito esse apoio, gente! Eu não aceito esse apoio, gente!".
Da Política Local
Padecendo das limitações de uma campanha artesanal, feita apenas com o amor do povo e com as doações dos amigos do peito, Amazonino Mendes recebe o apoio Tamborindeguista da Juventude Amazonista, que entre uma balada e outra, uma cervejota e outra, uma fotinha e outra, também tem – acredite – consciência política. Com direito a camisetas com os engajados dizeres “O Negão é Legal!” e carreatas de Golfs e Audis adesivados, parte das cantinas italianas da moda e das festinhas de Halloween VIP da cidade. Amazonino suspira, arqueado, com aquela camisa pólo suada, e grita, rouco, "U-húúú! Abalei geral, gentein!".
Nota: Estão errados os que ofendem a Juventude Amazonista. Merecem elogios. Ao contrário do que muitos falam, eles são os mais inteligentes de todos nós. Vá por mim. Mesmo nessa extenuante rotina cívica de festa-ressaca-festa-ressaca, têm consciência do preço de seu papelão, mas como quem não chora não mama, fazer o quê...
Nota 2: O voto é livre, graças a Deus. Vote no ladrão que você escolher. Só não me peça depois pra botar a mão no fogo por você.
Nota 3: Esse blog não tem partido nem candidato.
Vladimir Putin ressurgiu ontem, no Tadjiquistão, fazendo campanha pela reeleição de Bush, ao dizer que os atentados terroristas no Iraque são um ataque pessoal contra seu colega americano. Bush, com aquele inconfundível e quase imperceptível sorrisinho maroto, disse, em cadeia nacional "thank you, my fellow assassin, Mr. Putin. God's on our side.".
Da Política Nacional
Celso Pitta declarou seu apoio irrestrito à candidatura de José Serra, provando, mais uma vez, que São Paulo é a face mais brasileira e maquiada do Brasil. Antes com 12% de vantagem – nas pesquisas, diga-se – sobre a perua do PT, Serra viu sua popularidade imediatamente cair, e disse "Eu não aceito esse apoio, gente! Eu não aceito esse apoio, gente!".
Da Política Local
Padecendo das limitações de uma campanha artesanal, feita apenas com o amor do povo e com as doações dos amigos do peito, Amazonino Mendes recebe o apoio Tamborindeguista da Juventude Amazonista, que entre uma balada e outra, uma cervejota e outra, uma fotinha e outra, também tem – acredite – consciência política. Com direito a camisetas com os engajados dizeres “O Negão é Legal!” e carreatas de Golfs e Audis adesivados, parte das cantinas italianas da moda e das festinhas de Halloween VIP da cidade. Amazonino suspira, arqueado, com aquela camisa pólo suada, e grita, rouco, "U-húúú! Abalei geral, gentein!".
Nota: Estão errados os que ofendem a Juventude Amazonista. Merecem elogios. Ao contrário do que muitos falam, eles são os mais inteligentes de todos nós. Vá por mim. Mesmo nessa extenuante rotina cívica de festa-ressaca-festa-ressaca, têm consciência do preço de seu papelão, mas como quem não chora não mama, fazer o quê...
Nota 2: O voto é livre, graças a Deus. Vote no ladrão que você escolher. Só não me peça depois pra botar a mão no fogo por você.
Nota 3: Esse blog não tem partido nem candidato.
segunda-feira, outubro 18, 2004
Ironias da vida. E da morte também.
Há treze anos Helmut Simon encontrou os restos de um homem pré-histórico numa geleira alpina. A múmia, com idade aproximada de 5 mil anos, é a mais antiga e inteiraça já desenterrada. Otzi, como ficou conhecida, já recebeu até homenagens por ter morrido lutando (Badan Palhares atestaria Crime Passional) e papéis principais em documentários do Discovery Channel – O título de um deles era “Quem matou Otzi?”, juro. Pois bem, há três dias Helmut está desaparecido nos Alpes. Há poucas chances de ser encontrado, devido à quantidade de neve e ao mau tempo na região.
Daqui a 5.300 anos Helmut deverá ser encontrado. Diferente de Otzi, será homenageado por ter inventado a morte recursiva, provando, assim, que o tempo é um ciclo de repetições e que morria de inveja da múmia, que se tornara mais famosa do que ele. Otzi, é verdade, nunca quis os holofotes nem ser apresentador de tevê como Helmut, mas morreu com dignidade, lutando ("diz-que"), e não como todo alpinista, idiota e desocupado. Já Helmut, morreu, é verdade, mas com um propósito maior. Daqui a 5 milênios, quando for encontrado, nunca mais ninguém falará na porra do Otzi. Só lá, então, seremos capazes de entender o feito heróico de Helmut Simon.
A parte fictícia da história veio da Reuters.
Daqui a 5.300 anos Helmut deverá ser encontrado. Diferente de Otzi, será homenageado por ter inventado a morte recursiva, provando, assim, que o tempo é um ciclo de repetições e que morria de inveja da múmia, que se tornara mais famosa do que ele. Otzi, é verdade, nunca quis os holofotes nem ser apresentador de tevê como Helmut, mas morreu com dignidade, lutando ("diz-que"), e não como todo alpinista, idiota e desocupado. Já Helmut, morreu, é verdade, mas com um propósito maior. Daqui a 5 milênios, quando for encontrado, nunca mais ninguém falará na porra do Otzi. Só lá, então, seremos capazes de entender o feito heróico de Helmut Simon.
A parte fictícia da história veio da Reuters.
sexta-feira, outubro 15, 2004
Por obséquio, por caridade, por compaixão
Por favor, hoje é sexta. Hoje, só hoje!, não fale assim comigo:
"As pessoas da Melhor Idade"
para se referir às pessoas na pior idade
"Máquina Fotográfica Digital"
como quem diz “tevê a cores”
"Um Bom vinho"
fingindo conhecer, se não conhece
"Um Bom livro"
fingindo que lê, se não lê
"Ninguém merece!"
Pois é.
"Com certeza"
de qualquer conterrâneo
"...né?"
idem
"O jornal TANTOFAZ fica por aqui"
de qualquer noticiário
"Quente hoje, né?"
no elevador
"Essa turma do barulho vai aprontar altas confusões"
na tevê
Post aberto a sugestões dos visitantes
"As pessoas da Melhor Idade"
para se referir às pessoas na pior idade
"Máquina Fotográfica Digital"
como quem diz “tevê a cores”
"Um Bom vinho"
fingindo conhecer, se não conhece
"Um Bom livro"
fingindo que lê, se não lê
"Ninguém merece!"
Pois é.
"Com certeza"
de qualquer conterrâneo
"...né?"
idem
"O jornal TANTOFAZ fica por aqui"
de qualquer noticiário
"Quente hoje, né?"
no elevador
"Essa turma do barulho vai aprontar altas confusões"
na tevê
Post aberto a sugestões dos visitantes
quarta-feira, outubro 13, 2004
Vamos puní-los exemplarmente!
Você quer ver as autoridades cariocas agindo com todo o rigor necessário quando se fala de violência e tráfico de drogas?
Publique uma matéria em um jornal estrangeiro mostrando o que acontece no Rio de Janeiro. Vão todos rodar a baiana na hora. Bigodinhos, óculos ray-ban e barrigas de cerveja vão tremer de raiva nos gabinetes e quartéis.
O primeiro link, em português, deve pedir dados para cadastro, sem compromisso de assinatura. Mas se você não quer nem isso, o segundo link é o da matéria original, em inglês.
Publique uma matéria em um jornal estrangeiro mostrando o que acontece no Rio de Janeiro. Vão todos rodar a baiana na hora. Bigodinhos, óculos ray-ban e barrigas de cerveja vão tremer de raiva nos gabinetes e quartéis.
O primeiro link, em português, deve pedir dados para cadastro, sem compromisso de assinatura. Mas se você não quer nem isso, o segundo link é o da matéria original, em inglês.
segunda-feira, outubro 11, 2004
O inferno é aqui mesmo.
Glória Perez convidou Preta Gil para participar da próxima novela das oito, na Globo. Se aceitar - é, se aceitar! -, Preta vai interpretar - é, interpretar! - uma cantora de funk da Baixada Fluminense. Preta também poderá incluir uma música sua na trilha sonora da novela.
Uma vez eu disse que deveria haver lei contra esse tipo de coisa. Em vez disso, fazem leis contra as leis do capitalismo, contra humoristas, jornalistas e cineastas. Aliás, meu carinho por esse assunto é tão grande que eu já deixara escapar outra vez.
Um resumo desses deveria vir com aquele selinho de "Parental Advisory - Explicit Lyrics" na capa. Ou você acha que tem coisa mais pornográfica do que "Preta Gil vai interpretar cantora de funk em novela de Glória Perez, com direito a faixa na trilha sonora"?
Perguntada sobre o convite, Preta respondeu: "Isso tudo é real e muito tentador. O convite me deixou em ebulição e aflição. Quem não quer fazer uma novela da Glória Perez?".
E a sensação de que meu halloween particular é hoje continua...
Uma vez eu disse que deveria haver lei contra esse tipo de coisa. Em vez disso, fazem leis contra as leis do capitalismo, contra humoristas, jornalistas e cineastas. Aliás, meu carinho por esse assunto é tão grande que eu já deixara escapar outra vez.
Um resumo desses deveria vir com aquele selinho de "Parental Advisory - Explicit Lyrics" na capa. Ou você acha que tem coisa mais pornográfica do que "Preta Gil vai interpretar cantora de funk em novela de Glória Perez, com direito a faixa na trilha sonora"?
Perguntada sobre o convite, Preta respondeu: "Isso tudo é real e muito tentador. O convite me deixou em ebulição e aflição. Quem não quer fazer uma novela da Glória Perez?".
E a sensação de que meu halloween particular é hoje continua...
sexta-feira, outubro 08, 2004
Ele está no meio de nós
Sim, Ele mesmo. Fala sozinho, feito um professor de macroeconomia às 8:00 da noite de sexta-feira, enquanto procuramos provas de sua existência - e a de sua mãe - num pedaço de pano encardido do século 12 ou numa vidraça empenada, numa cidade caipira qualquer de São Paulo.
Definitivamente, Ele não é pro nosso bico.
Definitivamente, Ele não é pro nosso bico.
quinta-feira, outubro 07, 2004
Más novas nessa manhã tão cinza...
Abro os jornais e sites de notícias:
123 comissários da Polícia Civil amazonense, que passaram 4 anos estudando a Lei, especialmente a Constituição Brasileira, a maior delas, estão caladinhos sobre sua promoção, sem concurso, a delegados.
As 17 prostitutas mirins de Barcelos, presenteadas com lingerie comprada no Amazonas Shopping, devem ter a cara cheia de espinha e a mão peluda. Foram contratadas por 20 empresários paulistas, ao custo de R$ 3.500 individuais para, simplesmente, se masturbarem durante dois dias seguidos. Ninguém, nenhum deles fez sexo com elas.
O site BetaVote simula a “primeira eleição global”, questionando de pessoas do mundo inteiro sua preferência entre Kerry e aquele cujo nome não cito mais. Kerry tem 87%, “o contrário” tem 12%. “O contrário” só venceria as eleições em Andorra, Azerbaijão, Ilhas Faroë, Líbia e Nigéria. Esses países sim, são fortíssimos candidatos a uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU a partir de agora.
Aquele cujo nome não cito mais invadiu ilegalmente um país soberano e mata todos os dias centenas de civis. Contra o mundo inteiro e contra a Verdade e a decência, ignorou ONU, inspetores de armas, conselheiros e o resto do mundo. Por ter mentido sobre seu caso com a estagiária, Clinton quase caiu, por perjúrio. Onde anda Kenneth Starr, o promotor que perseguia Clinton e amava tanto A Verdade? Num país sério esse presidente já estaria expulso do poder e provavelmente respondendo a processo por crimes de guerra. Nos EUA vai ser reeleito.
E ninguém entende meu mau humor matinal...
123 comissários da Polícia Civil amazonense, que passaram 4 anos estudando a Lei, especialmente a Constituição Brasileira, a maior delas, estão caladinhos sobre sua promoção, sem concurso, a delegados.
As 17 prostitutas mirins de Barcelos, presenteadas com lingerie comprada no Amazonas Shopping, devem ter a cara cheia de espinha e a mão peluda. Foram contratadas por 20 empresários paulistas, ao custo de R$ 3.500 individuais para, simplesmente, se masturbarem durante dois dias seguidos. Ninguém, nenhum deles fez sexo com elas.
O site BetaVote simula a “primeira eleição global”, questionando de pessoas do mundo inteiro sua preferência entre Kerry e aquele cujo nome não cito mais. Kerry tem 87%, “o contrário” tem 12%. “O contrário” só venceria as eleições em Andorra, Azerbaijão, Ilhas Faroë, Líbia e Nigéria. Esses países sim, são fortíssimos candidatos a uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU a partir de agora.
Aquele cujo nome não cito mais invadiu ilegalmente um país soberano e mata todos os dias centenas de civis. Contra o mundo inteiro e contra a Verdade e a decência, ignorou ONU, inspetores de armas, conselheiros e o resto do mundo. Por ter mentido sobre seu caso com a estagiária, Clinton quase caiu, por perjúrio. Onde anda Kenneth Starr, o promotor que perseguia Clinton e amava tanto A Verdade? Num país sério esse presidente já estaria expulso do poder e provavelmente respondendo a processo por crimes de guerra. Nos EUA vai ser reeleito.
E ninguém entende meu mau humor matinal...
quarta-feira, outubro 06, 2004
My private Animal Planet
Minha casa tem 6 tartarugas, que ganhamos quando crianças e encostamos como ferroramas no fundo do quarto. Tem um papagaio que literalmente caiu do céu. Tem quatro cachorros, já teve uma boa dúzia de gatos, periquitos, e toda sorte de passarinhos, que meu irmão teimava em prender num dia, e que eu teimava em soltar no outro. Pretendo soltar todos, a começar pelas tartarugas. O papagaio não quer saber de liberdade, já aprendeu a exigir comida e a rir da nossa cara nas piores horas. Tenho certeza que os cachorros pretendem nos expulsar de casa. Embriagado de sono, vou tirar o carro da garagem, onde também fica o loft do arremedo de Louro José. Sinfonia de cães, de gente, de carros na rua e de notícias ruins no rádio. Uma família de pombos saqueia o saco de ração de R$ 46 dos cachorros. Cocô de pombo no pára-brisa do carro - provavelmente a ração roubada ontem, já processada – o reservatório de água do carro vazio e o limpador espalhando a merda pelo resto do vidro. A garagem cheia de cocô de cachorro. Um gato de rua dorme em cima do carro. O carro do vizinho bloqueia a saída do meu, o sol das 7:30 escaldando e o cachorro do vizinho, um pincher que juro de morte toda manhã, dando aquelas latidinhas que martelam a minha sanidade mental. Até que o mundo pára num silêncio assustador. Longos segundos, uma leve tontura e minha mãe apenas mexendo os lábios, me oferecendo um copo de suco, em câmera lenta, numa lente sepia. Penso "beleza, tô surdo pra sempre, não vou trabalhar". Mas tudo volta ao normal e o papagaio grita na minha orelha:
- Quero cafééé!!!
Histérico, respondo automaticamente na orelhinha invisível dele: "Então vai à merda, filha da puta!!!".
- Quero cafééé!!!
Histérico, respondo automaticamente na orelhinha invisível dele: "Então vai à merda, filha da puta!!!".
segunda-feira, outubro 04, 2004
Festival de Parintins repaginado
Quem sabe - não duvide - um dia nosso festival seja algo assim:
Enfeitiçada pela magia de vários pajés, a tribo se vê cercada por feiticeiros e suas pirogas de cabine-dupla, adesivadas com a carranca do cacique. Os feiticeiros, dotados de super-poderes, hipnotizam os canoeiros, os macanudos dos rios, e os convencem a transportar a tribo, em transe, para a festa. Feiticeiros em outra frente transformam zeros em oitos, oitos em zeros, e exibem os índices maquiados do cacique à indiada. Música etérea, clima de sedução, velas acesas na galera, em perfeita sincronia de rostos e braços. Batucadas e marujadas psicodélicas, levando a tribo ao Nirvana. Jurados, convocados da platéia em última hora, arrepiados, vão às lágrimas. No momento da redenção, luzes ofuscantes e sinfonias corais enchem o bumbódromo, na apoteose do primeiro ato.
A tribo dorme, cansada, sem forças. Os feiticeiros correm aos vestiários, trocam roupa e tiram máscaras. Dali, tudo volta ao normal. Mulheres cuidando dos curumins e do beiju, homens caçando e pescando o sustento diário, enquanto o cacique, seus feiticeiros e os chefes de tribo vivem em harmonia, em porres de aluá, pegando, na escuridão da madrugada na floresta, suas pirogas de cabine-dupla, para enfeitiçar cunhantãs, a esmo, nas beiras dos igarapés.
Bocejos nas cabines dos jurados. Então, na escuridão da noite, uma grande zoada se ouve. Espantada, a tribo se esconde nos cantos das ocas. A terra levanta, em poeira, do chão. Enormes jacintas, libélulas pretas, surgem nos céus, envoltas em ventos e luzes tremendos, trazendo a ira de Tupã. O terror se instala, os apresentadores gritam “Olha que espetáculo, senhores jurados!!! São as jacintas de Tupã!!! Esse é o item número 27, senhores jurados!!! Que maravilha, que maraviiiiiilhaaaa!!!”. Aterrorizada, a tribo vê as jacintas cuspindo feiticeiros do Mal, vestidos em preto, com os rostos cobertos, que escorregam por cordas até as super-ocas dos feiticeiros do Bem. Sem acreditar, a tribo se entreolha, vê seus feiticeiros sendo levados, cabisbaixos, escondendo os rostos e, coletivamente, se esquece do feitiço que aqueles homens lhes haviam infligido. Então o cacique se vê só, e o Mal parece reinar. Feiticeiros fogem das garras das jacintas e dos guerreiros de colete preto, e são marcados em suas testas, como profetizou João no Apocalipse. Suas testas não trazem seu número, mas a palavra “Indiciado”.
Só que Tupã é Amor, e se compadece da tribo e de seu cacique. Na forma de pajés capazes de fazer prodígios, seu poder prevalece, e as jacintas pousam, os guerreiros de colete preto somem e as amarras são soltas, em meio à escuridão da madrugada na floresta. A tribo dorme, sem saber que seus feiticeiros já estão livres, correndo para adesivar novamente as pirogas. Dali a alguns tempos, novamente do colo do cacique, sairão para enfeitiçar o povo. Nova apoteose, fogos, luzes e cores, muitas cores. O povo volta à alegria. O boi preferido do patrão é sacrificado, mas tanto faz, há muitos bois preferidos. Todos dançam, comemorando a volta de seus chefes. Com novas máscaras, cobrindo suas testas, eles irão mais uma vez deixar a tribo em transe, e a vida na tribo será, de sempre a sempre, uma eterna espera pelos ventos e tremores de Tupã, que passaram do terror ao folclore. Sua ira não os assusta mais, pois sabem de sua misericórdia. Olhos para o alto, danças e cantos, à espera, novamente, das jacintas de Tupã.
Elas vão voltar, pois os feiticeiros já correram para os vestiários e novas pirogas e super-ocas estão sendo construídas. Vai ser bonito, vai ser bonito.
Com o perdão do texto longo. Afinal, são 3 horas de festa, pessoal.
Enfeitiçada pela magia de vários pajés, a tribo se vê cercada por feiticeiros e suas pirogas de cabine-dupla, adesivadas com a carranca do cacique. Os feiticeiros, dotados de super-poderes, hipnotizam os canoeiros, os macanudos dos rios, e os convencem a transportar a tribo, em transe, para a festa. Feiticeiros em outra frente transformam zeros em oitos, oitos em zeros, e exibem os índices maquiados do cacique à indiada. Música etérea, clima de sedução, velas acesas na galera, em perfeita sincronia de rostos e braços. Batucadas e marujadas psicodélicas, levando a tribo ao Nirvana. Jurados, convocados da platéia em última hora, arrepiados, vão às lágrimas. No momento da redenção, luzes ofuscantes e sinfonias corais enchem o bumbódromo, na apoteose do primeiro ato.
A tribo dorme, cansada, sem forças. Os feiticeiros correm aos vestiários, trocam roupa e tiram máscaras. Dali, tudo volta ao normal. Mulheres cuidando dos curumins e do beiju, homens caçando e pescando o sustento diário, enquanto o cacique, seus feiticeiros e os chefes de tribo vivem em harmonia, em porres de aluá, pegando, na escuridão da madrugada na floresta, suas pirogas de cabine-dupla, para enfeitiçar cunhantãs, a esmo, nas beiras dos igarapés.
Bocejos nas cabines dos jurados. Então, na escuridão da noite, uma grande zoada se ouve. Espantada, a tribo se esconde nos cantos das ocas. A terra levanta, em poeira, do chão. Enormes jacintas, libélulas pretas, surgem nos céus, envoltas em ventos e luzes tremendos, trazendo a ira de Tupã. O terror se instala, os apresentadores gritam “Olha que espetáculo, senhores jurados!!! São as jacintas de Tupã!!! Esse é o item número 27, senhores jurados!!! Que maravilha, que maraviiiiiilhaaaa!!!”. Aterrorizada, a tribo vê as jacintas cuspindo feiticeiros do Mal, vestidos em preto, com os rostos cobertos, que escorregam por cordas até as super-ocas dos feiticeiros do Bem. Sem acreditar, a tribo se entreolha, vê seus feiticeiros sendo levados, cabisbaixos, escondendo os rostos e, coletivamente, se esquece do feitiço que aqueles homens lhes haviam infligido. Então o cacique se vê só, e o Mal parece reinar. Feiticeiros fogem das garras das jacintas e dos guerreiros de colete preto, e são marcados em suas testas, como profetizou João no Apocalipse. Suas testas não trazem seu número, mas a palavra “Indiciado”.
Só que Tupã é Amor, e se compadece da tribo e de seu cacique. Na forma de pajés capazes de fazer prodígios, seu poder prevalece, e as jacintas pousam, os guerreiros de colete preto somem e as amarras são soltas, em meio à escuridão da madrugada na floresta. A tribo dorme, sem saber que seus feiticeiros já estão livres, correndo para adesivar novamente as pirogas. Dali a alguns tempos, novamente do colo do cacique, sairão para enfeitiçar o povo. Nova apoteose, fogos, luzes e cores, muitas cores. O povo volta à alegria. O boi preferido do patrão é sacrificado, mas tanto faz, há muitos bois preferidos. Todos dançam, comemorando a volta de seus chefes. Com novas máscaras, cobrindo suas testas, eles irão mais uma vez deixar a tribo em transe, e a vida na tribo será, de sempre a sempre, uma eterna espera pelos ventos e tremores de Tupã, que passaram do terror ao folclore. Sua ira não os assusta mais, pois sabem de sua misericórdia. Olhos para o alto, danças e cantos, à espera, novamente, das jacintas de Tupã.
Elas vão voltar, pois os feiticeiros já correram para os vestiários e novas pirogas e super-ocas estão sendo construídas. Vai ser bonito, vai ser bonito.
Com o perdão do texto longo. Afinal, são 3 horas de festa, pessoal.
sexta-feira, outubro 01, 2004
O trabalho faz a diferença
Há quem duvide da competência administrativa do governo estadual e do governo municipal. Eu acho uma grande injustiça. Todos têm metas muito bem definidas, claras, com indicadores de desempenho e reuniões quase diárias, que entram pela madrugada, em que discutem, à exaustão, estratégias de trabalho. Os secretários comandam tudo com atenção, pois seus cargos dependem do alcance das metas. Não é assim que deve ser? Pois é. Nunca houve tanto foco nos resultados. Há até um clima de competição entre as secretarias. Quais as metas?
E nós, injustos e exigentes, falando mal do funcionalismo público.
- Conseguir os nomes, RGs, CPFs e títulos de todos à volta;
- Distribuir camisetas, brincos e cartazes da Aliança;
- Prestar contas dos votos conseguidos ao comitê central;
- Arregimentar recrutas para a boca de urna do domingo;
- Organizar ações multidisciplinares com médicos, dentistas, professores, administradores, economistas e advogados, para:
- Conseguir os nomes, RGs, CPFs e títulos de todos à volta;
- Distribuir camisetas, brincos e cartazes da Aliança;
- Prestar contas dos votos conseguidos ao comitê central;
- Arregimentar recrutas para a boca de urna do domingo;
E nós, injustos e exigentes, falando mal do funcionalismo público.
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