quarta-feira, agosto 04, 2004
E agora, quem poderá nos defender?
"Deborah Secco foi escolhida para interpretar Sol, protagonista de "América", próxima novela das oito da Globo. Na opinião da autora, Glória Perez, a atriz foi a que se saiu melhor no teste. Ela desbancou Camila Morgado, Giovanna Antonelli, Danielle Winits, entre outras, que estavam cotadas para o papel." (Folha On Line)
Lá vêm Dona Glória e seus personagens com nome de pedra preciosa e de corpo celeste. Isso me permite pôr a imaginação pra funcionar. Quer ver? Pois bem, Sol é uma prostituta sofrida, que carrega na barriga - de aluguel - um clone com problemas cardíacos, encomendado por um casal de ciganos espevitados, caricatos e fúteis. Esse garoto clonado será mote para uma campanha nacional pela doação de órgãos durante metade de cada um dos 3000 capítulos da novela. Receberá o coração de uma moça muçulmana sofrida, escravizada pelo marido, mas também espevitada, caricata e fútil, que morreu de amor por um bundão qualquer, interpretado por outro bundão qualquer, o que significará - no universo paralelo de Dona Glória - que esta reencarnará nele, o menino-copy-paste (El Clon), e por isso o cabôco vai se transformar num clone psicologicamente hermafrodita, e vai se apaixonar por si próprio. Vai haver um núcleo pobre, e artistas como a nova sensação do Brasil Faustoniano, a banda Arrocha, serão convidados para freqüentar o único bar do RJ, o bar cenográfico do personagem que lançará um bordão nacional que atormentará o país durante meses a fio. Um ou mais povos serão medíocre, ignorante e desrespeitosamente retratados, e seus representantes protestarão contra a aclamada autora, que estará em Brasília, recebendo prêmios do presidente por sua colaboração com o programa do Governo Federal de incentivo à doação de órgãos, cuja fila foi furada - segundo a Época - no ano passado pelo vice-presidente José Alencar, em ajuda a uma moça de São Paulo, com leucemia.
Preparem seus estômagos, seus álbuns psicodélicos e seus aditivos lisérgicos preferidos. Ela vem aí.