Poucos seres são mais abomináveis e desprezíveis do que os exilados estudantis. Mas ainda piores do que os simples exilados são os exilados estudantis di mamãe. Animais horrorosos, estão sempre carregados de pontos de vista azedíssimos sobre os aspectos mais relevantes da vida social, como o jeito primata do brasileiro de usar a escada rolante em Londres. Com a indefectível amargura do europeu que nasceu num corpo de brasileiro, desejam a todo custo (até que saia a cirurgia de troca de nacionalidade), maquiar suas origens. Ao menor sinal de lembranças da terrinha, escondem seus passaportes. Na rede, é extremamente fácil reconhecê-los nos blogs, parados ao lado direito da vida, falando às paredes seu incansável discurso panfletário "Odeio Panfletistas!". Ligam pro Brasil (no horário mais econômico) de cabines telefônicas cravejadas com anúncios de prostitutas desdentadas (mas européias, ok?). Amam muito tudo aquilo, e disfarçam – muito mal - seus genes colonizados com um ar cosmopolita mais rampeiro do que o da a perua esquecidinha da novela das oito, falando de ópera e de alta moda. O grande jeca brasileiro na cidade grande não é o turista, o exilado comum, com seus gorros de frio e seus casacos de nylon. É o exilado da mama, que um dia vai voltar, e como todos, vai atender o celular e falar aos berros no restaurante, libertando, enfim, tudo de Brasil que não pôde tirar do armário por lá. São esses, os quietinhos, caladinhos e tímidos d’além mar, que voltam com aquele ar de "mas que lixo de terra!". Aí, ironia das ironias, vêm ser considerados jecas logo aqui, no Bananão, a Meca da jequice.
Baseado no post "O jeca na cidade grande" (do blógico, lógico), transcrito aqui:
"Poucos seres são mais abomináveis e desprezíveis que turistas. Mas ainda piores do que os simples turistas, são os turistas brasileiros. Animais horrorosos, de aspecto repulsivo, estão sempre carregados de sacolas, e falando aos berros. Ao menor sinal de frio vestem gorros, luvas e casacos de nylon gigantescos como se estivessem indo esquiar. Em Londres, pode-se reconhecê-los facilmente nos metrôs da cidade, parados no lado esquerdo das escadas rolantes, para desespero dos que vêm atrás deles e têm mais o que fazer. (aliás, como já perguntou o Seinfeld uma vez, que tipo de pessoa sobe numa escada rolante e fica ali parada? "It's not a ride, people!")"