segunda-feira, julho 18, 2005

Notas de Segunda-Feira


O broche da estrelinha vermelha foi trocado, no paletó presidencial, pela bandeirinha do Brasil. Lula nada mais tem a ver com o PT, esse filho outrora querido que hoje só dá desgosto. Aquele monstro híbrido, mistura de PT com Governo Federal, não existe mais. O PT nada mais tem a ver com o Governo. Incrível.

Estranha, muito estranha a entrevista dada pelo presidente a uma jornalista que não é jornalista, comprada pela Globo e mostrada no Fantástico. Gravada em Paris, a entrevista correu em clima de perguntas ensaiadas e gravadas depois das respostas. Lula não fala a sério com jornalistas brasileiros, como se sabe. Não dá entrevista coletiva, não senta nos jardins do Alvorada ou do Torto para um bate-bola com repórteres nacionais.

Aliás, ganha força a hipótese de que Dirceu tem alguma forma de poder sobre a Globo. Estão aparentemente inauguradas as Parcerias Público-Privadas no Brasil. Na sexta, Marcos Valério. No sábado, Delúbio Soares. No domingo, Lula. Todos traçando a mesma história, seguindo os mesmos passos, apontando nas mesmas direções. O PT falou, enfim, a mesma língua. A da mentira.

Pra quem acha que Dirceu se ferrou (pra não fazer rima chula), junte essa notinha do Ricardo Noblat de sexta-feira às entrevistas em série (sexta-sábado-domingo) conseguidas pela Globo:

Para quem Delúbio deve falar - Está em curso um intenso, mas discreto debate em meio aos caciques da Articulação, grupo mais poderoso do PT: o ex-tesoureiro Delúbio Soares deve ou não conceder entrevista à imprensa antes de depor na CPI dos Correios na próxima quarta-feira? Se deve, para qual veículo de comunicação? O deputado José Dirceu (PT-SP) só admite que ele fale para algum veículo das Organizações Globo. Certamente porque eles são campeões de audiência”.

Vejamos se a Globo já terminou sua “série de reportagens especiais” (como gosta de fazer) ou se ainda vamos ver, a cada dia dessa semana, Genuíno, Dirceu e Sílvio Pereira recebendo amistosamente repórteres globais para uma entrevista ex-clu-si-va.

Resultado: as entrevistas em série da Platinada deixaram o gosto amargo do “menos pior” na boca do telespectador, que, involuntariamente, anda meio aliviado ao ver que o PT dá sinais de que pode, sim, mentir articuladamente - como fazem políticos de verdade. É triste, mas o Brasil torce para que o presidente seja apenas idiota, não corrupto. A que ponto chegamos...

O Real Madrid está disposto a pagar 50 milhões de euros ao Internazionale de Milão por Adriano, o artilheiro da última Copa das Confederações. De brinde o clube espanhol ainda oferece aos italianos Ronaldo, o Fenômeno. Sério, de brinde mesmo.

Delúbio Soares e Sílvio Pereira também pediram seus hábeas-corpus preventivos ao STF, para sentirem-se à vontade pra mentir ao país na CPI dos Correios. Provam, assim, que mais do que fazer como os ladrões tradicionais do PFL, do PSDB, do PMDB e do PTB, o PT também pode lançar moda em quesito de malandragem. A esta altura, pensam as raposas velhas: “Mas que meninos inovadores!”.

Um polonês, desesperado com a partida de sua namorada lituana, ligou para o aeroporto e disse que havia uma bomba no avião da moça. Foi preso e confessou o ato de amor desesperado. O estranho é que ninguém no avião nem no aeroporto aplaudiu a presepada, como nos filmes da Meg Ryan ou da Drew Barrimore.

Discordo das acusações de que a Polícia Federal está sendo exagerada em suas diligências. Mas convenhamos, a escolha de um procurador com cabelinho Chanel para chefiar a operação foi um acinte, um bofete com luva de pelica. Mas pelica francesa, frise-se, que as peles dos acusados têm hô-rrôrrr a pelica nacional barata.

Arthur Virgílio Neto, líder do PSDB no senado, em entrevista a Ronaldo Tiradentes, pela Rádio CBN de Manaus, que perguntara sobre os dividendos positivos que a crise petista teria trazido aos tucanos: “Não, ainda não acho que a população brasileira esteja morrendo de saudades do PSDB. Sou muito realista sobre isso”. Esqueçam-se as paixões políticas, dá gosto ver político sendo realista.

A socialite Marina de Sabrit deu entrevista ao Fantástico ontem, explicando seu amor ao luxo: “Tem mulheres que procuram um psicólogo quando têm problemas, uma ajuda médica. Tem outras que precisam comprar, pro desespero do parceiro”. Agora diga, tem coisa mais chique e refinada? Palmas para a Globo – mais Globo! -, que retrata tão bem o tipo em suas novelas.