segunda-feira, julho 04, 2005

A triste dor de ser burro


Quando vejo um idealista como José Genuíno passando pelo que ele está passando nestes dias tão pouco idealistas, acuado sem fios elétricos e sem paus-de-arara, mesmo por jornalistas mal preparados, fico confortavelmente triste. Triste porque nasci num país que é essencialmente hipócrita, confortável porque nunca acreditei em ninguém. Quando se diz, a mídia e o povo, que a grande decepção é ver o PT, partido da ética, enlameado, fico triste porque tenho razão. Razão em ser completa e totalmente cético a respeito da integridade de quem não conheço. Quando vejo, no Roda Viva, José Genuíno dizendo ora PT, ora Governo, fico pasmo com a capacidade das pessoas de ainda acreditarem na honestidade e na capacidade alheia, sem comprovação, sem currículo, sem referências, sem indicações.

Sou triste porque não vejo ideais no meu país. Nem de tucanos nem de petistas, nem de petebistas nem de peemedebistas, nem de comunistas nem de conservadores. Sou triste porque a maior parte do meu povo é burra, lindamente burra, romanticamente burra, ideologicamente burra. Não há heróis à disposição para louvarmos, tomemos vergonha na cara. Sei, é belo acreditar, mas prefiro o conforto da tristeza, a mediocridade do ceticismo. Até aqui, no final estou infelizmente certo. E não tenho esperanças de errar tão cedo. E como eu queria estar errado.

Acredito em mim.

Por mim eu ponho a mão no fogo.