sábado, março 19, 2005

Desculpa pra queimar mato


Os cantadores de reggae são o exemplo clássico dos seguidores medíocres de um líder genial. Tirando um pezinho do chão de cada vez, saúdam os mantras vazios de um arremedo de filosofia, cantando seus "liberdade pra dentro da cabeça". Louvam, e apenas isso, a atitude e o talento que outros tão melhores tiveram. Não se vê mais as letras ativistas, politizadas, que tocam nas feridas da vida. Bob Marley não fez reggae pra embalar festinhas de maconheiros. E hoje o gênero, que até ensaia uma volta à moda, está mais vazio do que as letras do Cidade Negra e do Tribo de Jah. Algo como se toda a obra de Bertrand Russel fosse reduzida ao slogan "O trabalho empobrece o espírito". Os rasta-men de hoje são péssimos. Compõem covers das músicas de Bob e Peter Tosh, e acham que suas canções são inéditas. Seu eu usasse linguajar chulo – o que não faço -, diria que gozam com o pau dos outros. Mas eu não diria isso, claro. Diria que o único reggae de raiz – yes, já batizaram a parada – hoje em dia não dá música boa, nem letra boa, nem nada bom. Só THC.