quinta-feira, março 24, 2005

E naquele QG da Galiléia, II


Dias depois...

- Tomé, o Senhor está vivo! Está vivo!
- Hã?
- Ele vive!
- E onde estão as evidências objetivas? O que nós diremos quando questionarem o que dizeis?
- Mas, Tomé...
- Não, João, nada de "mas". De que vai valer o Mestre estar vivo se daqui a milhares de anos ainda vão estar duvidando da gente? Hoje credibilidade é tudo, João.
- Humpf...
- Querias uma evidência objetiva, Tomé?
- Senhor!
- Era isso o que querias, me ver?
- Senhor, estou apenas fazendo a coisa certa, não me entendas mal...
- Tocais aqui, Tomé. Sintais o furo da lança que me enfiaram.
- Eh-eh... Ah, agora sim. Dai-me licença, Senhor...
- Sentiste?
- Sim, é verdade! Tu vives!
- Sim, claro. Mas sinto dizer-te: estais despedido.
- Como? Por quê?!
- Colocaste em cheque a credibilidade da própria igreja, Tomé. Não acreditaste no meu retorno, na minha ressurreição. Não posso colocar na direção da Igreja alguém que duvida da idéia central dela, a minha vitória sobre a morte. Não percebeste que esse é o nosso diferencial?
- ... hã?
- Sim, quantas religiões já viste assim, com um chefe que dribla a morte, faz milagres, multiplica comida, transforma água em vinho, devolve a visão aos cegos? E tu vens e duvidas disso?
- É, pois é. Que mancada...
- Bom, tudo bem, eu já tinha decidido mesmo pelo Pedro. Precisava apenas fazer esse último teste contigo.
- Mas por que Pedro venceu?
- Venha cá, Pedro.
- Eis-me aqui, Senhor.
- Pedro, respondais a Tomé: No caso de alguém vir fazer perguntas sobre mim, e perguntar se eu era o filho de Deus, se eu comandava alguma coisa, enfim, se me conhecias, o que dirias?
- Não, não e não, Senhor!
- Taí, Tomé, estás vendo? É dessa convicção que eu preciso.
- Mas ele te negou, e três vezes, Senhor!
- Mas negou bonito, não negou?
- É, é verdade. Quase me convenceu que o Senhor não existe.
- Ah, vais começar novamente com isso, Tomé?!

Boa Páscoa a todos.