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Severino facilita a vida do Brasil. É vilão daqueles folclóricos, simplórios. Há até quem goste dele: como sempre, os dioguitos do Brasil, doidos para avacalhar com o senso comum. É político, iletrado, nordestino, tem orgulho da “filha estudada” e atende por um nome que é quase o título do estereótipo cangaceiro. Em miúdos, é a Nazaré da novela, vilã declarada, orgulhosa de suas maldades. Assim sim, captamos a mensagem e saímos à gritaria. Mas Severino, a anta nordestina que agora chefia as hienas parlamentares, também tem suas nuances mais complexas. Agora eles conseguiram o aumento que tantos protestos causou quando Nazaré riu diabolicamente. E é assim que funciona. Aqui, Nazarés acabam se atirando de pontes no último capítulo. Mas vilões mais astutos, Toms Ripleys com maior acervo de facetas, conseguem o que querem. Ninguém aceitou o aumento no salário? Tudo bem, a gente aumenta na verba de gabinete. Pronto, ninguém viu. Sshhh... silêncio... a nação está dormindo, feliz com os casamentos do fim da novela...