Abril de 1982. Reunidos em torno de uma garrafa de uísque paraguaio, três empresários da construção civil em situação pré-falimentar fazem especulações sobre o futuro político do Amazonas. “Para governador, eu vou apoiar a candidatura do Josué Filho, do PDS, a pedido do Josué Cláudio de Souza, que é meu amigo há muitos anos”, confessa Ézio Ferreira, dono da construtora Solo. “Eu estou me inclinando a apoiar Gilberto Mestrinho, do PMDB, a pedido do empresário Adib Mamede, que é meu amigo há muitos anos”, diz Amazonino Mendes, dono da construtora Arca. “Eu ainda não me decidi, mas, sei lá, acho que vou acabar apoiando os dois”, ironiza Porfírio Almeida, dono da construtora Rodal. Os três firmam um pacto de cavalheiros. Fosse quem fosse o eleito, quem estivesse ao lado do vencedor evitaria que os demais fossem discriminados nas licitações de obras públicas que seriam orquestradas pelo Estado. Na eleição de novembro, mestrinho derrota Josué Filho e conquista o governo do Estado pela segunda vez. Em dezembro, o empresário Ézio Ferreira telefona para Porfírio Almeida, sem esconder a euforia:
- Mano velho, nem te conto a maior! O Adib Mamede e o João Tomé Mestrinho estão trabalhando duro nos bastidores para o Amazonino ser o novo prefeito da cidade!
- Ah, corta essa, Ézio! – rebate Porfírio. “É mais fácil um boi voar do que o governador Gilberto Mestrinho nomear o Amazonino como prefeito de Manaus...”
No início de janeiro de 83, Ézio dispara um novo telefonema para Porfírio:
- Mano velho, tu não vais acreditar! O boi voou...
Porfírio quase caiu para trás. Gilberto Mestrinho acabara de sacramentar a nomeação de Amazonino Mendes para prefeito de Manaus, dando início a uma das mais vertiginosas carreiras políticas do estado do Amazonas.