segunda-feira, maio 30, 2005
A diverticulite do PT
Ninguém, ninguém mesmo, deveria fazer chacota com a morte deste PT que eles, os petistas, imaginaram e sonharam. Hoje vejo esse partido debatendo-se à morte, e de certa forma me entristeço, apesar de nunca ter sido seu eleitor. Tenho visto, nas piscadas de olhos entre uma matéria e outra dos jornais e revistas, aquela cena de O Exterminador do Futuro 2, na qual o robô vilão cai numa caldeira de metal incandescente e, nos seus últimos momentos, toma a forma de todos aqueles de cujo corpo fizera uso durante sua “vida”; debatendo-se aos berros com mil rostos, mil corpos e mil disfarces. É o PT, é a idéia infantil do PT morrendo. Porque o PT foi concebido, como o socialismo, para outros mundos, mundos perfeitos, sem a imunda e viciada interferência humana, essencialmente capitalista.
Esse partido nasceu pelos motivos errados. Não se funda um partido por ideologias como justiça ou ética. Justiça e ética não são idéias, são princípios fundamentais da vida em grupo, pilares obrigatórios da civilização, sem os quais nada fica de pé. E o PT, gerado e cercado pela ignorância sofrida de brasileiros cheios de boa alma e vazios de informação, ganhou simpatia e poder.
Ladrões não têm bandeira ou ideologia, têm fome, apenas fome. Deputados ladrões são como prostitutas; fazem e dizem o que se pede que façam e digam, e cada “eu te amo”, cada “você é o melhor!” tem seu preço. Aquele grupo que mesclava intelectuais comunistas com semi-analfabetos de cordas vocais potentes acabou. Para mim, um triste descrente na raça humana, é melancólico ver a utopia e a burrice dessa gente ruindo. Ingênuos e arrogantes como só a esquerda sabe ser – a direita é arrogante, mas nada ingênua -, essas pessoas que queriam nos governar menosprezaram a experiência da direita em matéria de poder; seus truques, sua sabedoria política. Fizeram pouco caso da habilidade de históricas raposas da roubalheira política. Beijaram, abraçaram e até dormiram com quem não deviam. Burros e irresponsáveis como um pobre com um cartão de crédito recém-adquirido, foram às compras, enforcaram-se e enguiçaram. Agora a conta chegou, ela sempre chega, com juros e correção monetária. Por dinheiro, as prostitutas juram amor e até aceitam uns tapas, meus queridos e ingênuos garotos petistas. Vocês, pré-adolescentes com hormônios demais e capacidade de menos para a política, ainda precisam comer muito feijão com arroz.
Não me doem os dinheiros que se vão do meu bolso com a ruína dessa gente. Já fui assaltado outras vezes, serei ainda muito mais, mas dessa vez pago a conta sem raiva. É como se eu pagasse por um jardim que não floresceu, presente de um vizinho bem intencionado, tagarela e burrinho. Pago pra nunca mais precisar ouvir falar daquele jardineiro nem daquele vizinho. Poderia cobrar o prejuízos do vizinho, mas prefiro que ele fique “pianinho” comigo, envergonhado com a lição que lhe dou abrindo minha carteira e pagando a conta.
A morte desse partido precisa ser didática. Seu cadáver precisa ser dissecado por todos nós. Pra mim, com meu entediado ceticismo, essa é uma oportunidade única na vida desse país. Oportunidade de aprender a pensar, de aprender a valorizar a inteligência, o poder de mudar as coisas de forma chata, metódica e planejada, sem estripulias. Eu sei, dói ver esse William Wallace chinfrim perdendo a cabeça em praça pública, pagando por sua arrogância e por sua incompetência, enquanto as hienas dos bastidores procuram por novas carcaças. Mas não tiremos as crianças da sala, deixemos que se impressionem mesmo, que tenham pesadelos de madrugada. Elas precisam ver esses rostos e corpos se debatendo no metal incandescente, como no filme, tomando a forma grotesca dos Jucás, dos Jéffersons, dos Rorizes, dos Fleurys e dos Waldomiros. Mostremos aos nossos filhos, ainda que nos doa, como morre a burrice, para que eles aprendam, com seus estomaguinhos engulhados e seus pelinhos arrepiados, a livrar-se dessas experiências tão penosas e inúteis. E voltemos para nossa cadeirinha de vítima. Sei também, vamos continuar sendo roubados, mas ao menos será por gente competente, tarimbada no sagrado ofício do roubar. Porque dolorido não é ser apenas assaltado, é ter o assalto anunciado por um adolescente estabanado e sem estilo, cheio de espinhas, a gritar “Isso não é um assalto, pessoal! Tamos pegando esse dinheiro docês pra dar pros pobre!”.